Quando Surge um Desejo

Capítulo 9

Pode-se dizer que Sakura não teve uma de suas melhores noites. Ela não conseguiu pregar os olhos por um bom tempo lembrando da cena que presenciou na sala. Depois de algumas horas rolando na cama ao lado de Sasuke, que dormia pesado, ela finalmente conseguiu dormir.

Em questão de dias, apenas um final de semana, sua vida tinha mudado completamente, ela tinha começado a namorar, sua mãe tinha sido baleada e ela estava hospedada na casa de ninguém menos do que Uchiha Madara, por quem ela estava se sentindo estranhamente atraída.

Oh céus!

Pensou ela quando abriu os olhos às seis horas da manhã. Apesar de todas essas mudanças, sua vida ainda era a mesma, nada de ficar se deslumbrando com aquele mundo cheio de riqueza e poder, ela precisava ir para o cursinho e depois para o mercado Uzumaki. Tinha um dia cheio pela frente e ainda precisava buscar a mãe, que teria alta do hospital.

Tomou banho, se arrumou e antes de Sasuke acordar, saiu do quarto e desceu as escadas com sua calça jeans desbotada, tênis e camiseta de uniforme do colégio.

Chegando no andar inferior, viu Madara sentado em sua poltrona de couro tão preta quanto seus cabelos, estava lendo o jornal, pernas cruzadas e uma xícara fumegante na mesinha ao lado. Ele levantou as pálpebras e Sakura viu aqueles olhos extravagantes grudarem nos seus. Ela andou lentamente em direção à cozinha, mas sem desviar o olhar dele. Os dois ficaram conectados por aquele olhar e o silêncio parecia dizer alguma coisa.

— Bom dia, onde você vai tão cedo? — Sua voz poderosa ecoou pela sala vazia e silenciosa.

— Bom dia — disse baixinho —, preciso ir ao colégio. Será que você poderia me emprestar o motorista? — Sakura estava diferente e ele notou, estava completamente constrangida pelo que tinha visto e, principalmente, pelo que tinha sentido.

Com sua imaturidade e inexperiência, ela era incapaz de disfarçar, para ela era como se Madara soubesse o que estava acontecendo em seu interior, como se ele fosse capaz de saber o que ela estava sentindo. Ela estava envergonhada, sentiu seu rosto corar quando ele levantou da poltrona e caminhou para perto dela.

— O que foi, Sakura? — Colocou a mão no seu rosto levemente e fez um carinho. Sakura visivelmente estremeceu, Madara tirou rápido a mão sem entender muito bem o porquê. — Está tudo bem?

Ela deu um passo atrás.

— Está, eu só acho que preciso voltar pra minha casa, não posso mais ficar aqui, Madara.

— O que é isso, Sakura? — Madara fez uma expressão ansiosa, franziu o cenho e mirou bem os olhos verdes de Sakura.

— Desculpe, eu não quero atrapalhar você — disse, mexendo as mãos sem parar —, você é um homem ocupado, tem sua vida, seus negócios, meu lugar não é aqui. — Ela se mostrou realmente abalada e conforme começou a falar, um nervosismo se apossou dela, sentiu o coração bater mais rápido e aquela cena veio estrondosamente como uma bomba na sua cabeça, aquela menina loira que estava com ele apareceu na sua mente e ela sentiu raiva. — Preciso ir embora... agora.

Madara, vendo a agitação de Sakura, segurou seus ombros tentando fazê-la focar sua atenção nele. Ela havia perdido o foco, falava sem parar olhando para todos os lugares, menos pra ele.

— Ei, olha pra mim! — Madara apertou um pouco seus ombros. — Me fala o que aconteceu, porque sem dúvida aconteceu alguma coisa, por que você está assim aflita? — Sakura ficou parada com os olhos arregalados e seus lábios tiritavam sutilmente. Ela queria correr dali, sentiu vontade chorar e não sabia porque, sua face não conseguia esconder seu desassossego juvenil.