Capítulo 23

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— Sasuke! — Madara agarrou a camisa do filho e o puxou para ele, mas Sasuke, apesar de se deixar abraçar, não retribuiu o gesto, permaneceu retraído com os braços caídos ao lado do corpo. — Eu sei que você está com raiva — Madara disse ao seu ouvido —, mas eu sei que você vai entender.

Sasuke se afastou, olhou entristecido nos olhos do pai e se virou para onde Sakura estava. Ajoelhou novamente ao seu lado.

— Não se preocupe, o local ferido não é fatal, ela vai ficar bem — disse Madara. Depois caminhou até o motorista e o obrigou a parar no acostamento da via. Abriu a porta da van e sinalizou balançando os braços para Obito, que vinha o seguindo logo atrás. O carro de Obito parou e ele desceu afobado.

— Tá tudo bem, Madara? — O homem assentiu, então Obito foi até a porta da van, viu Sasuke que vinha saindo com Sakura nos braços e os corpos dos homens mortos dentro do veículo.

— Rápido, Obito! — disse Madara. — Ajuda ele!

Obito correu para abrir a porta de trás do carro e Sasuke entrou com Sakura. Ele acomodou o corpo de Sakura no seu colo, mas assim que Madara entrou e se ajeitou no banco, puxou Sakura e colocou sua cabeça em seu colo. Sasuke não o impediu. Seu olhar de extrema tristeza caiu sobre seu pai, que somente nesse momento pareceu relaxar e liberar todas as emoções que estava prendendo durante todo o clima tenso que tinham enfrentado. Madara era assim, quando estava sob pressão, escondia qualquer sentimento e sua personalidade mudava, conseguia ser frio e objetivo, não importava o quão ameaçado ou intimidado estivesse.

Agora que os riscos tinham sido eliminados, voltou a ser o Madara gentil e cativante. Colocou as mãos dos lados do rosto de Sakura e se inclinou sobre ela. Encostou sua testa à dela e fechou os olhos, parecia estar sofrendo pela situação em que ela se encontrava. A perfuração da faca era entre o peito e o ombro direito, a roupa e o rosto estavam sujos de sangue. Sasuke observou a cena consternado, em parte por Sakura estar ferida e em parte por não ser ele a estar ali junto dela.

— Madara... — Sakura, com os olhos minimamente abertos, balbuciou ao vê-lo.

— Minha menina... — Disse Madara. Beijou ternamente seus lábios com os olhos marejados. — Vai ficar tudo bem.

O carro foi o mais rápido possível para o hospital de Konoha. Sakura foi levada para a emergência e Sasuke foi receber atendimento médico por conta de seus ferimentos.

— Madara, você também deve ver o médico — aconselhou Obito.

— Eu estou bem, preciso fazer alguns telefonemas. Está com o meu telefone? — perguntou.

Obito entregou a ele, mas o tranquilizou informando que já tinha falado com as autoridades competentes com quem eles tinham conchavo e tudo já estava resolvido. As cenas dos crimes seriam limpas e vestígios de que os Uchihas estiveram lá seriam apagados.

— Obrigado, Obito.

Madara ficou por um longo tempo sentado no corredor do hospital. Aquele tempo sozinho o fez pensar em muitas coisas, imaginou que talvez tivesse sido insensível ao tirar Sakura dos braços do filho no caminho do hospital. O romance recém descoberto ainda causaria tristeza por muito tempo em Sasuke. Ele sabia como o rapaz era emotivo e romântico, sempre foi assim desde criança, fechado e sensível, sofria demais quando perdia algo que amava. Por outro lado, se sentiu aliviado por não precisar mais esconder seu envolvimento com Sakura, mesmo tendo sido descoberto de uma forma abrupta e violenta, agora já não era mais segredo para ninguém.

Obito voltou e sentou-se ao seu lado.

— Você está bem mesmo? — perguntou Obito, observando o primo com certa admiração. Madara anuiu com a cabeça. — O que você fez foi ousado e corajoso, assumiu riscos, podia ter dado errado e acabado em tragédia.

Quando Surge um DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora