[10] Moral e Curadores

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Em Poções, nem Harry, nem Hermione, nem Rony apareceram. Seus assentos vazios pesavam na consciência de Draco. Todos os Grifinórios presentes estavam distraídos e inquietos; Neville e Finnigan, em particular, lançavam-lhe olhares de reprovação sempre que ele se aventurava a ir até o depósito de suprimentos.

Eles sabiam, ele havia percebido. Da primeira fileira da arquibancada, teria sido óbvio que Draco havia empurrado Harry. Invisível tinha sido o terror dentro dele, a preocupação esmagadora, o desejo cego e frenético de ajudar - não, tudo o que eles viram foi seus corpos colidindo. Harry se chocando contra uma nuvem de sujeira. Draco apostava que eles seriam rápidos em fazer com que toda a escola soubesse que o podre e patético Draco Malfoy não havia mudado de verdade nem encontrado redenção dentro do círculo íntimo do Garoto de Ouro; em vez disso, ele havia se infiltrado entre eles e depois jogado Harry de sua maldita vassoura.

A culpa o estava corroendo, mas uma parte dele, mal-humorada e hipócrita, contava todas as vezes em que ele havia tentado ajudar bem, passando-as incessantemente em sua mente, refletindo em sua poção a primeira vez em que Harry caíra, quando Draco tivera certeza de que ele iria bater no chão e quebrar a cabeça, e sibilou em uma voz baixa e inflexível, totalmente Sonserina: ele não tinha feito uma coisa boa, mas tinha feito a coisa certa. Harry era um maldito idiota - ele teria se matado e Draco o impediu.

Ainda assim, como essa voz ansiava por uma confirmação, e ele ainda havia machucado Harry, independentemente de suas intenções, e ele não conseguia suportar tantos olhares de lado de Finnigan e Longbottom sempre que ia buscar mais acônito, ele acabou se voltando para Pansy na metade da aula.

— Eu tenho algo para te dizer.

— Claro que sim, querido, você está pensativo desde que chegou aqui. Cuspa então; e me passe as asas de morcego, por favor?

Draco contou a ela, baixo e evasivo, o que havia acontecido no local. Ele não mencionou seu pequeno episódio com Harry no banheiro: isso, por algum motivo, ainda parecia muito surreal para ser divulgado ao mundo - se ele contasse isso em voz alta, ele temia que alguém ouvisse a improbabilidade daquilo e o roubasse bem debaixo de sua vista. Quando ele terminou, a poção de Pansy havia fervido em um roxo rico, enquanto a de Draco estava pegajosa e queimada no fundo do caldeirão.

— Não tenho a menor ideia do motivo pelo qual você está tão chateado com isso. Melhor ele ter caído por baixo do que por cima.

Sim, sibilou aquela voz endurecida dentro dele, em sua língua bifurcada: ele fez o melhor que pôde pela pessoa que amava. Aqueles malditos grifinórios, com seu senso ridiculamente vago e inflexível de certo e errado, podiam enlouquecer o quanto quisessem; O próprio Harry poderia ficar furioso, e Draco não se importaria - ele preferia que Harry nunca mais falasse com ele porque ele queria do que porque ele estava morto.

Seu coração ainda apertou impossivelmente quando ele se lembrou de Harry caindo no chão.

— Eles não me disseram o que havia de errado com ele.

— Eu garanto a você, Draco, a única coisa errada com aquele garoto está puramente em seu cérebro.

— Pansy — Draco suspirou, olhando melancolicamente para sua poção — eu poderia realmente tê-lo machucado.

Pequenas bolhas se formavam na superfície do lixo gelatinoso e miserável que ele estava preparando. Ela olhou para a poção dele, uma sobrancelha levantada avaliativamente. As bolhas estouraram, ela revirou os olhos e ergueu um braço graciosamente.

— Professor? Professor, precisamos de mais malva.

Slughorn ergueu os olhos de onde estava escrevendo em sua mesa, os olhos atordoados e ausentes.

Nyctophilia | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora