[16] Comemorando com uísque de fogo

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A conversa casual continuou, espalhada, dividida em sucessivos drinques. Cabeça de Javali ficou cada vez mais cheio; bruxos velhos e horríveis olhavam com os olhos para suas mesas. Quando finalmente saíram do pub, a lua estava alta. Era mais ou menos a hora da noite em que Draco geralmente se forçava a sair, quando algo geralmente dava errado e ele voltava para Hogwarts com as luzes cintilantes de Hogsmeade como uma provocação no horizonte. Esta noite, em vez disso, ele caminhou ereto e relaxado ao lado de Harry, sem intenção de se separar, apreciando cada vez que seus dedos entrelaçados balançavam para frente e para trás entre seus corpos enquanto caminhavam pela rua.

O grupo decidiu encontrar um lugar confortável no Três Vassouras. Quando eles estavam na metade do caminho, entretanto, Harry parou, puxando o braço de Draco, e falou alto o suficiente para que todos pudessem ouvir:

— Draco e eu vamos tomar alguns shots em Kettle Bottom primeiro. Encontro vocês depois, certo?

E então ele o puxou por um beco entre casas tortas, claramente sem esperar uma resposta real de seus amigos.

— Vamos tomar uns shots, então, não é?

— Vamos — Harry cantarolou, ainda puxando-o rapidamente pelas ruas sinuosas.

Kettle Bottom era o mesmo de sempre, imerso na sua estética inabalável, mergulhado na permanência fotográfica. Luzes vermelhas, os vocais ásperos de Blodwyin Bludd retumbando como ondas apertadas perto do chão e subindo pelas paredes escuras, corpos descoordenados pressionados uns contra os outros e o cheiro inebriante de álcool pegajoso no ar. Draco estava bastante entusiasmado com o lugar; parecia natural abrir caminho no meio da multidão e plantar os cotovelos no balcão.

— Oi! Duas doses de vodca, por favor — ordenou Harry. Ele estava vibrando de excitação, os olhos vidrados, os músculos relaxados e se contorcendo inquietos, praticamente vazando uísque de fogo pelos poros.

Draco se perguntou se ele próprio parecia tão visivelmente bêbado.

— Você sabe, Harry. — Draco começou, cuidadoso. — Já bebemos bastante no Cabeça de Javali.

— Não consegue acompanhar, Malfoy? — Harry provocou o nome - e realmente, iluminado em vermelho, seus olhos brilhando com desafio, ele era irresistível.

Não que Draco tivesse que dizer isso a ele. Era importante manter seu entusiasmo em um nível moderado - não por causa do ego de Harry, não, Draco iria mimá-lo ao ponto do narcisismo se pudesse, Harry merecia, mas sim para manter seu próprio autocontrole sob controle.

— Você sempre bebe tanto assim? — ele perguntou em vez disso.

— Eu construí uma alta tolerância — Harry encolheu os ombros. Ele fez isso de forma evasiva, porém, os olhos deslizando para o topo listrado do balcão, claramente com a intenção de abandonar o assunto. Nem envergonhado, nem se gabando: um assunto delicado, no entanto, e Draco se perguntou se sua bebida - a bebida de todo o grupo, seus passeios complicados, suas longas noites no frio, não eram apenas uma rebelião contra o tempo que haviam perdido com o guerra, mas uma forma de lidar com ela. Ron havia lhe contado que Harry teve pesadelos naquele dia nas estufas, não foi? Que ele vagava à noite por causa deles. O tempo gasto nas ruas geladas de Hogsmeade era um tempo que ele não teria que gastar revirando-se na cama. Mais seguro no frio do que dentro da própria cabeça.

Ele não perguntaria. Era o tipo de honestidade oferecida, não exigida.

O barman derramou um líquido transparente nos copinhos. Draco olhou para ele com ceticismo.

— Esta é trouxa, então?

— Sim. — Harry cantarolou, nitidamente satisfeito. — Sabe, eu adoro muitas coisas no mundo mágico, mas as bebidas trouxas sempre são melhores.

Nyctophilia | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora