Com o passar do tempo, dissuadindo a empolgação e embotando as perspectivas a cada segundo, a lembrança daquela noite surreal se transformou em algo muito mais compreensível. No final do fim de semana, e sóbrio sob a luz tépida do sol, Draco já havia analisado a noite inteira de tantas maneiras diferentes que podia eliminar cada lampejo de esperança e se ater apenas aos fatos.
Harry só estava bêbado naquela noite - essa foi a primeira. Ele havia dito a Draco que eles deveriam repetir a dose. Beijar de novo, transar de novo, Draco não se importava com os detalhes. Esse era o fato número dois. Ron sabia. Ele tinha visto, fez uma cara de desaprovação e saiu correndo. Harry não se importou: ele o beijou apesar disso. Números três e quatro, respectivamente.
Tudo isso era incrivelmente otimista, o que era raro para os fatos. É verdade que Draco não tinha muita experiência com romance, mas ele podia reconhecer que eles estavam entrando em algum tipo de romance. Harry parecia estar interessado. E ele havia tomado a iniciativa - isso era algo que Draco não conseguia tirar da cabeça sempre que fechava os olhos. Portanto, Draco achava seguro dizer que, depois de anos de desejo, Harry e ele não eram inimigos, nem conhecidos educados, nem amigos platônicos. Eles eram algo completamente diferente. Algo mais.
O problema era a falta de definição de tudo isso. Draco gostava de ordem, e rótulos podiam ser extremamente tranquilizadores. Então, se eles não eram namorados e não eram amigos com benefícios, o que eram? Quando Harry sugeriu que eles deveriam fazer isso novamente, ele o fez no tom vago de alguém que joga uma ideia no ar para ver se a pessoa gosta dela. Faltavam detalhes. Não havia protocolo. Draco duvidava que tivesse permissão para beijá-lo sempre que cruzasse com o idiota nos corredores, por mais adorável que ele parecesse. Ele sempre acabava olhando para ele em silêncio. Harry nunca olhava para trás.
Então, em uma manhã fria e desinteressante, no final da aula de Feitiços, Harry quebrou o silêncio entre eles.
— Você precisa de ajuda com seus livros? — ele perguntou, encaixando-se no espaço estreito entre suas mesas, os dedos tamborilando na borda dos de Draco.
Draco fingiu muito afetadamente que não ficou olhando para as costas de Harry durante toda a aula, e que sua presença ali pelo menos o surpreendeu um pouco.
— Não. Isso foi uma desculpa para falar comigo?
— Foi uma desculpa para ficar pendurado em sua mesa até que todos saíssem.
Draco reprimiu um sorriso.
— Certamente, então, me ajude com meus livros.
Harry ajudou distraidamente criando uma pilha - desarrumada, usando os menores livros como base, porque ele realmente não tinha noção de ordem. Draco, por sua vez, deixou sua cadeira para se sentar na mesa atrás dele, cruzando os braços enquanto observava os outros filtrarem lentamente a sala. Quando finalmente ficaram sozinhos, Harry falou:
— Você estará ocupado hoje à noite?
— Nada de especial.
— Algum Sonserino está planejando fugir dos dormitórios?
Draco bufou, uma sobrancelha levantada em impaciência.
— Você acordou se sentindo enigmático esta manhã?
— Apenas responda a maldita pergunta, Malfoy. — Harry bufou. Ele estava desmontando a pilha de livros agora, dedos magros pisando em suas lombadas, e Draco foi assaltado pelo pensamento de que ele havia prendido aquela mesma mão em um colchão algumas noites atrás.
— Não sei. Aposto que não.
— Bom. — Harry sorriu. — Deveríamos nos encontrar, então. Na aula de Poções.
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Nyctophilia | Drarry
FanfictionLink: https://archiveofourown.org/works/24197854/chapters/58286104 Todos estão de volta para o oitavo ano, e Harry e seus amigos parecem determinados a passar o último ano na escola correndo à noite, drogados com café, álcool e doces da Honeydukes...