[12] Uma noite gritante II

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Harry estava em um dos quartos, espiando dentro dos escombros de um guarda-roupa. Um raio de luar refletiu em seus óculos. A luz era branca e suave, um tom etéreo que condenava a casa a algo perdido e morto. O silêncio parecia inquebrável. Harry quebrou.

— Passe, sim?

— O que?

— O rum — disse Harry, embora sua atenção ainda estivesse voltada principalmente para o guarda-roupa. — Compartilhe.

Draco se aproximou depois de uma pequena pausa e lhe ofereceu a garrafa. Harry tomou um breve gole - ele não parecia muito disposto a isso - antes de colocar a garrafa sobre uma penteadeira empoeirada. O espelho redondo havia sido quebrado, brilhando raios de lua em direções infinitas.

— Ficou entediado de ficar lá embaixo?

— Pode-se dizer isso. — Draco assentiu, olhando preguiçosamente ao redor da sala. — Todos os seus amigos gostam uns dos outros, sabe?

O sorriso de Harry era curioso. Ele cruzou os braços enquanto se apoiava na penteadeira.

— Oh sim? Quem é desta vez?

— Neville e Ginny. Dean e Ginny. Dean e Seamus, eu acho.

Ele não perdeu quando Harry estremeceu. Olhando retrospectivamente, talvez a vida amorosa de Ginny não fosse o assunto mais seguro. Ainda assim, algo em Draco estava feliz pelas palavras terem escapado de sua boca, mesmo que mal pensadas - que melhor maneira de ver se Harry ainda gostava da jovem Weasley? Hermione disse a ele que Harry planejava convidar Leanne para sair, e ele o beijou, deixou-o chupá-lo no banheiro, mas talvez Leanne e ele fossem rebotes. Afinal, Draco estava tão envolvido em seu próprio êxtase naquela noite que não teria notado se Harry estivesse agarrando seu cabelo e desejando que ficasse ruivo.

Mas a careta de Harry foi suavizada, apenas um véu de diversão irônica apareceu.

— Eles não são tão dramáticos quanto você imagina.

— Quando eles estão sóbrios, talvez. — Draco bufou. Harry riu, e o som suave, desarmante em sua simpatia, o levou a perguntar: — Você ainda está zangado?

— Eu pareço?

Draco revirou os olhos.

— Tudo o que você parece é confuso, Potter.

Bufando, Harry se afastou e sentou-se cautelosamente na cama. Uma nuvem de poeira se levantou quando o colchão desgastado mergulhou, balançando como neblina no ar frio.

— Eu esqueci disso assim que o Curandeiro consertou meu braço, Malfoy. Você pode parar de ser arisco.

As palavras aliviaram um peso monótono e arrependido dentro de Draco - com o perdão de Harry, sua culpa se dissolveu, deixando nada além de uma dor pontual e um ataque ocasional de pânico quando o vento soprava muito perto de sua orelha. Com passos hesitantes, Draco sentou-se ao lado dele. Harry ergueu uma sobrancelha avaliadora e imediatamente se deitou com um suspiro.

— A quantidade de insetos que vão entrar no seu cabelo é incompreensível.

—Covarde.

— Covardia e cuidado são duas coisas muito diferentes. — Draco murmurou, mas desistiu da coisa ímpia mesmo assim. Parecia que uma espessa camada de sujeira já estava grudada em sua nuca - a sensação de desconforto tomou conta dele, então foi apenas um momento depois que ele percebeu que estava efetivamente compartilhando a cama com Harry, de braço para braço, disposto para que eles pudessem facilmente se encarar e respirar, uma imagem perfeita que Draco poderia ajustar e torcer até retratar amantes em uma noite de inverno. O pensamento subiu às suas bochechas. Álcool, era disso que ele precisava. Até mesmo aquele maldito rum: certamente não poderia ser tão enjoativo quanto suas fantasias.

Nyctophilia | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora