No domingo seguinte, um curandeiro chegou no trem. Ele era velho, severo, uma sombra curvada engolida por vestes pretas, e era opinião compartilhada pela escola que, a julgar por sua aparência solene, os ferimentos de Harry eram terrivelmente graves.
Harry não apareceu naquele dia. Granger e Weasley eram rostos fugazes. Um punhado de estudantes mais jovens planejava se aventurar nos limites da Floresta Proibida para colher algumas flores para o famoso Harry Potter - agora ainda mais popular porque ele estava ferido, e com isso veio a emocionante lembrança de sua mortalidade.
Draco ficou bem longe da enfermaria, mas Pansy passou e disse que estava cheio de idiotas intrometidos. As visitas haviam sido canceladas, mas mesmo assim eles permaneciam na porta.
Tais eram os inconvenientes de amar uma celebridade: mesmo agora que a guerra havia terminado, ele era o assunto favorito das fofocas. Seu nome pairava no ar, sempre chegando aos ouvidos de Draco. Era impossível esquecê-lo. Draco tentou, no entanto.
O Curandeiro fez seu trabalho, saiu tão taciturno quanto havia demonstrado, e Harry voltou para a aula na segunda-feira. Ele agia como se nada tivesse acontecido: "os perigos habituais do Quadribol", ele dizia com um de seus sorrisos tortos. Ele não mencionou que Draco o empurrou. A escola permaneceu ignorante, e Draco preservou sua vida tranquila nos arredores do castelo, despreocupado e ausente dos pensamentos de qualquer pessoa.
Os dias se passaram. Os sussurros ficaram entediados e mudaram de objetivo. Harry Potter não era mais o nome nos lábios de todos. Draco ainda o ouvia.
Ele queria falar com ele. Ele tinha pensado - e pensar muitas vezes levava à decepção - que aquela estranha noite no Três Vassouras tinha sido uma espécie de marco no relacionamento deles. Eles se beijaram. Eles tiveram alguma forma abstrata de sexo. Não parecia natural ignorá-lo. Como foi que eles foram inimigos durante anos, depois um tipo hesitante de conhecidos, depois amigos, depois mais, e agora, sem cerimônia, eram estranhos?
Sexta-feira chegou. Ele não tinha sido convidado para um passeio. Ele não esperava por isso - ele se sentia desconectado não apenas de Harry, mas de todo o seu círculo. Hermione e Neville, que eram os mais propensos a convidá-lo para qualquer coisa, agora estavam ressentidos com ele. Não havia nenhuma maneira discernível de romper essa barreira que havia se estabelecido amarga e atrofiada entre eles. Ele foi expulso.
Da Torre de Astronomia, depois do jantar, Draco avistou o grupo passeando pelos campos escuros a caminho de Hogsmeade. Ele fechou o livro com um estalo e caminhou pelos corredores silenciosos até o andar mais baixo, planejando continuar sua leitura no conforto sem janelas da sala comunal da Sonserina. Ele mal havia terminado a terceira página desde que se deitou no sofá, quando Blaise e Pike saíram dos dormitórios, com suas capas mais quentes vestidas.
— Draco! Finalmente, companheiro, onde você estava?
— Tracey estava enlouquecendo procurando por você, querido. Achei que ela ia ter um ataque.
Draco suspirou.
— Ela está dormindo agora?
Pike assentiu distraidamente. Ele estava mexendo nas mangas da capa, um cuidado que raramente tomava.
— Eu penso que sim.
— Não poderia ter sido tão importante então.
Blaise soltou uma risada virtuosa que reverberou agradavelmente por toda a sala quente e mal iluminada. Ele também parecia especialmente consciente de sua aparência naquela noite: um vislumbre de algo de seda e púrpura apareceu através das laterais da capa, e sua pele brilhava escura e rica como chocolate derretido. Ele queria impressionar, estava claro.
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Nyctophilia | Drarry
FanfictionLink: https://archiveofourown.org/works/24197854/chapters/58286104 Todos estão de volta para o oitavo ano, e Harry e seus amigos parecem determinados a passar o último ano na escola correndo à noite, drogados com café, álcool e doces da Honeydukes...