Capítulo 13

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- Ela tinha algumas coisas a dizer.

Eu retirei o olhar da mira para estudá-lo. - Falei com Masashi mais cedo. - Expliquei. - Ele não tinha.

Kai deu de ombros, seu olhar não deixou a mira da arma, que mantinha firmemente apoiada na borda do prédio. - Talvez os meus métodos sejam mais efetivos.

Olhei para a rua vinte andares abaixo de nós, o trânsito era quase inexistente naquele horário, assim como as luzes. Efetivo... Eu ainda não tinha certeza sobre as decisões que tomei e não sabia se deveria considerar os métodos algo "efetivo".

- Algo útil? - Eu estava rezando para que a resposta fosse sim, por mais que não pudesse me permitir ficar ansiosa enquanto segurava a arma.

- De certa forma. - Confessou. - Pouco antes da decisão sobre esses meses ser tomada, Hayao Arima participou de um conjunto de reuniões exclusivas. Todas foram online, então os participantes não puderam ser confirmados por ela.

- O que exatamente está me dizendo? - Tentei entender melhor. - As reuniões foram exclusivas a ponto da própria secretária não poder saber sobre elas?

- Eu sei. - Kai adiantou. - Soa estranho. Narumi diz não ter participado, disse também que gravações não foram registradas. Ela comentou pouco sobre outros assuntos e pessoas, mas estava realmente disposta a falar sobre isso. Talvez por curiosidade, não tenho certeza.

O ouvi em silêncio. Também permaneci em silêncio alguns segundos após suas falas. - Narumi é devotada ao que faz. Como pode simplesmente decidir falar tão abertamente? Nós na verdade erramos quando assumimos isso?

- Não. Ela é. De fato é. - Kai garantiu. - Acredito que o que a fez falar sobre isso foi o fato de também não saber nada sobre. Pessoas falam. Pessoas gostam de falar. E quando se trata de algo que não sabem ou conhecem, então é ainda mais provável que falem até que tenham uma boa e superficial opinião com a qual estejam satisfeitos o suficiente para abandonar o assunto.

- Talvez junto a isso possamos dizer que Narumi não aprecia ser deixada de fora pelo seu superior. - Sugeri, as teorias parecendo um pouco mais reais a cada suposição feita. - Os secretários possuem um cargo alto, então por vezes devem achar que são quase o mesmo que os ministros. Quando percebem que não estão sendo informados sobre tudo e não estão cientes de todos os assuntos... devem achar no mínimo desconfortável. - Cogitei, os olhos ainda fixos na mira, por mais que nada demais acontecesse do outro lado. - Masashi admitiu que os segredos não passam do ministro da segurança. Ele não pareceu feliz em dizer, embora estivesse com certeza conformado. Pessoas gostam de falar, eu concordo. E pessoas também gostam de saber que possuem poder. 

- É claro que sim. - Concordou ele. - Masashi disse uma coisa ou outra, no fim das contas. - Ele observou. Deixei de olhá-lo rápido demais para notar qualquer outra coisa além do sorriso sutil nos lábios.

- Talvez meus métodos também sejam efetivos. - Rebati. - O que mais ela disse?

- Não muito. Houveram reuniões secretas com tópicos desconhecidos e pouco depois Hayao deixou claro que gostaria de falar com a impressa. Ela disse que o ajudou a estruturar seu pequeno monólogo para as câmeras, descobriu sobre os meses nesse processo. Quando o perguntou os motivos, tudo que ele disse foi algo como "as pessoas não estão seguras da forma como as coisas são agora. Preciso garantir que fiquem, de alguma forma". - Ele citou sem esforço. Me pergunto o quão boa a memória de uma pessoa tão antiga precisava ser para acompanhá-la.

- Então os motivos originais são simplesmente manter as pessoas seguras... Nada que possamos fazer errado.

- Podemos chamar isso de conclusão? - Ele me interrogou. 

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