Capítulo 14 - Bônus.

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*Ana díaz*

Ouvi um farfalhar de lençóis e o outro lado da cama se mexer, abri meus olhos vendo Miguel se levantar.

- Amor, o que está fazendo? - perguntei sonolenta.

- Quero levar você e Merlia em um lugar, levante e se vista.

Olhei para o relógio na escrivaninha vendo que eram quatro horas da manhã e bocejei, seja lá o que fosse, protestar e tentar ganhar do Miguel nos argumentos não iria resolver nada.

Me levantei lavando meu rosto e escovando meus dentes, prendi meu cabelo e me vesti caminhando para fora do quarto. Encostei na porta do quarto de Merlia que estava aberta, vendo Miguel pentear seus cabelos com o maior cuidado e admiração do mundo, Merlia estava atenta e animada, não podia negar que ela tinha um espírito aventureiro como o pai.

Pensei em meu outro filho ou filha que estava chegando, em como receberia todo amor e carinho que merecia de seu pai e sorri boba.

Miguel parou na cozinha pegando uma mochila com comidas e fomos para o seu Jeep, onde ele dirigiu até a praia mais próxima.

- Por que estamos aqui, pai?

- Vamos ver o nascer do sol, minha pequena sereia. - diz animado colocando um pano na areia, onde sentamos em cima e colocamos todos os alimentos nele.

Havia frutas, pão, suco, doces e alguns bolinhos. O que me fez pensar que ele estava planejando isso há muito tempo.

Merlia retirou suas sandálias e correu para a beira do mar, pulando algumas ondas enquanto olhávamos para ela.

- Você está bem? - perguntou, e só então me toquei no verdadeiro sentido disso tudo.

Provavelmente porque fazia apenas alguns meses em que eu tinha visto meus pais serem presos por cometerem barbaridades, eu confesso que ainda sinto um pouco de tristeza as vezes, ainda mais quando olho para minha filha e sei que ela estará marcada por aquele monstro para sempre. Sei também que Miguel se sente mal por se ver nela. Mas o meu esposo é um homem bom, e tudo que ele vem tentando fazer é para mim, para que eu me sinta mais leve com tudo que acontecera. Porque no final das contas estávamos felizes, vivendo em um casamento onde havia muito amor, companheirismo e principalmente parceria, onde crescemos juntos e lutamos juntos para chegarmos onde estávamos.

Eu sabia, que nós três éramos pessoas quebradas em nosso interior, cada um de nós tínhamos um passado, a sua luta e a sua vitória dentro de si. E sinceramente, isso me orgulhava ao extremo, em ver minha filha e meu esposo, dois sobreviventes, sendo enfim felizes. Sei que não posso comparar minha dor com a deles, mas algo em mim estava quebrado para sempre, algo que seria incurável, mas poderia ser preenchido, preenchido com amor.

Miguel me puxou para o meio de suas pernas e encostei a cabeça em seu peito, olhando para nossa garotinha brincar e procurar conchas.

- Nós vencemos.. - sussurrei para ele.

- Vencemos, amor..

Depois de tanto correr, Merlia voltou para nós, sentando no meio das minhas pernas, formando uma fileira, enquanto assistíamos o sol nascer mais uma vez.

Porque não importa o que acontecesse, se seu dia fosse ruim, se hoje você é uma pessoa triste ou quebrada, ou se você tem traumas. O sol sempre estará lá no outro dia, te dizendo de alguma forma que é um novo dia. Um novo dia para lutar, um novo dia para tentar, um novo dia para recomeçar. Como sua faísca de esperança sempre te lembrando de ser perseverante, porque querendo ou não, o melhor estará por vim, não importa o quanto isso demore. Um dia você irá se curar e se reerguer, e então, você brilhará, brilhará como o sol.

Pensei em todas as pessoas que são quebradas de alguma forma, em como elas se sentiam como eu. De certa forma, vazia. Mas torcia para que um dia encontrassem o amor para preenchê-las em toda a lacuna que existia dentro de si. Não importa qual tipo de amor, contanto que seja amor.

Respirei fundo relaxando, deixando o luz do dia esquentar minha pele e me aquecer, dando-me mais um dia de esperança, mais um dia para ser feliz e agradeci.

Toquei em minha pulseira de concha com carinho e Miguel pegou minha mão assim que percebeu, dando-lhe um beijo calmo no dorso dela. Um beijo que foi capaz de enviar uma corrente elétrica direto ao meu coração, o enchendo de amor e paz.

*Miguel díaz*

Sorri bobo avistando as duas mulheres da minha vida correrem pela praia, exibindo seus sorrisos felizes e suspirei olhando para o céu. Sabendo que lá havia meus dois anjos da guarda, me velando e cuidando de mim e da minha família, minha mãe e Logan. As pessoas que eu jamais esqueceria em toda a minha vida, é por elas por quem eu aproveitaria a vida intensamente.

Levantei batendo as mãos em minhas pernas, tentando tirar um pouco da areia que ficara e corri até elas, puxando Ana para os meus braços e bagunçando o cabelo de Merlia que abraçava minha cintura sorridente. Minhas, minhas, somente minhas.

Eu faria de tudo que fosse preciso pelos meus filhos, pela minha mulher, pelo bem-estar de todos eles. Porque vê-los bem me deixava bem, era como meu combustível para viver, e para mim, isso já era o suficiente.

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Boa leitura! ❤

esse capítulo é dedicado para todas as pessoas que foram ou ainda são quebradas de alguma maneira.

Reconquista-me, se for capaz - Livro 3 da saga: Os cavalheirosOnde histórias criam vida. Descubra agora