Capítulo 43.

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*Helena Suárez*

Passei pela porta giratória da escola de balé sorridente e cumprimentei alguns dos alunos ali.

Corri direto para o vestiário, já que estava atrasada e sorri disfarçadamente para Richard, que esperava apenas eu para dar um comunicado importante, segundo ele.

- Todos prontos? - perguntou assim que me juntei aos dançarinos - Todos sabem que a nossa companhia anda fazendo muito sucesso, nossas apresentações estão lotadas, e é com muito prazer que eu venho dizer que a organização conseguiu realizar nosso sonho, nossa companhia irá participar de uma turnê!

Sorri animada assim como todos os outros presentes e batemos palmas. Só nós sabíamos o quanto esperávamos por isso durante todo esse tempo.

- 3 anos de turnê! - ele anunciou.

Meu sorriso morreu na mesma hora, eu não conseguia ouvir mais nada ao meu redor além de um zumbido forte no meu ouvido. Três anos fora?

Engoli em seco, tentando conter a tristeza que caiu sobre mim, sentindo como se pacotes de cimentos estivessem caindo sobre meus ombros. Eu esperei tanto por isso, sempre foi meu sonho ser reconhecida no balé e agora, eu estava vendo tudo despencar sem poder fazer absolutamente nada.

As horas de ensaio que se seguiram, eu desliguei. Fiquei no automático e saí do local entrando no meu carro, dirigindo rumo ao meu apartamento onde Peter me esperava. Quando entrei e o vi sentado no sofá mexendo em seu notebook, não pude deixar de sentir o aperto no meu peito, o bolo se formando na minha garganta..

- Oi, Sunshine.. - se levantou e caminhou até mim, dando-me um beijo - Helena? você está bem?

Não respondi.

Caminhei até o sofá e me sentei, tentando formar as palavras em minha boca, mas eu simplesmente não conseguia, não conseguia..

- Peter..

- Helena, você tem que me dizer se estiver acontecendo alguma coisa.

- A companhia de balé.. vai fazer uma turnê.

Ele sorriu animado e me abraçou - Isso é ótimo, amor. Porra, olha aonde você chegou.

- Três anos - sussurrei.

O silêncio no local se tornara presente, olhei para Peter que estava parado, o sorriso já não estava mais presente em seu rosto. Mas o tormento em seus olhos sim.

- Três anos.. - ele repetiu, como se também não conseguisse acreditar - O que você vai fazer?

- Eu.. eu não sei..

- Como não sabe?

- Peter, simplesmente não sei.

- Nossa.

Ele sorriu amargamente e caminhou pela sala, passando as mãos pelos cabelos.

- É tão difícil me escolher? - perguntou.

- Não me coloque em uma posição entre você e o meu sonho, Peter - rebati, incrédula com as suas palavras - Foi você quem me incentivou a voltar!

- E agora você está me deixando - ele negou com a cabeça.

- Eu nem mesmo fiz minha escolha!

- Nós dois sabemos qual é.

- Você está zangado comigo? Peter, você está sendo um cretino.

- Não estou, eu só.. - engoliu em seco - Porra, eu demorei tanto para conseguir me abrir para você, é por causa do que eu te contei? você está fugindo de mim?

Ele agarrou meu rosto com as duas mãos, o rosto tenso e preocupado, meu coração doía, tudo em mim doía. Peter estava achando que mudei de ideia sobre ele e isso era pior do que levar um tiro.

- Eu só quero viver o meu sonho.

Peter assentiu e me soltou, cabisbaixo, ele pegou seu terno, meio desorientado e se virou para mim - Eu.. eu preciso ir, ou não vamos ter uma conversa agradável.

- Peter..

- Sinto muito, mas você precisa de espaço para se decidir e eu também.

- Não estou fugindo de você - ele pareceu não acreditar nas minhas palavras.

Apenas se virou e caminhou até a porta, relutante, segurando na maceta. Eu não conseguia explicar a forma como isso doeu dentro de mim, porque pareceu como a última vez em que terminamos de vez. As memórias me cercaram e não consegui conter o choro para mim. A diferença era que Peter não chorava, a diferença era que Peter não se virou como da última vez para me dar um abraço e mostrar sua fraqueza, ele apenas se foi..

Peter tinha ido embora mais uma vez.

Sentei no sofá, deixando o choro me pegar de uma vez por todas. Sem entender os acontecimentos do dia que caíram como uma bomba, destruindo tudo que esperei por anos para ter. O amor que esperei tanto tempo para sentir, agora não estava mais aqui, e eu não sabia se estaria amanhã, ou pelos restos dos dias que estavam por vim..

Por que tinha que ser tão difícil? Por que eu tinha que escolher entre o amor do homem que eu sempre quis, e o meu sonho desde criança?

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Boa leitura! ❤

Reconquista-me, se for capaz - Livro 3 da saga: Os cavalheirosOnde histórias criam vida. Descubra agora