Capítulo 15.

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*Helena Suárez*

- Um, dois, três, quatro.. – sussurrei rodopiando pela sala esperando minha vez de entrar no palco e apresentar a minha peça.

Eu podia sentir meu coração bater desesperadamente, como os galopes de um cavalo assustado fugindo para longe. Minha garganta secou e se fechou, minhas mãos começaram a suar mais uma vez e eu sabia. Era sempre assim desde que a perdi, o pânico, o medo, o pavor que eu adquiri do único lugar que era capaz de me levar para casa. Parecia até mesmo contraditório, a única coisa capaz de te dar paz, ser a que levava você a cair de um precipício, em uma queda rápida e dolorosa, tão rápida que você nem mesmo conseguia ver todas as coisas que estava deixando para trás.

Caindo, caindo.
Cada vez mais fundo.
Cada vez mais escuro.
Arrancando de você tudo que era seu, todas as suas boas lembranças.

Me olhei no espelho, admirando a imagem da garota que ele exibia, chegava até a parecer a mesma Helena de antes. A garota confiante de si e corajosa, que mesmo tendo medo, ia para o palco e deixava que a emoção tomasse conta do seu corpo.

Fechei os olhos, respirei fundo e novamente, tudo se apagou.

flashback On

- Como se sente, querida? – olhei para mamãe, que sorria animada depois da minha primeira apresentação e a cerquei com meus braços.

- Sinto-me viva! – exclamei ofegante.

- Quem é a minha bailarina favorita? – virei para olhar meu pai, com um buquê de rosas em suas mãos e corri até ele rindo fogosa, sendo recebida por seus braços fortes – Você brilhou, Helena, você brilhou!

flashback Off

Brilhar, brilhar, brilhar.

- Helena – chamou Richard – Chegou a hora, querida.

Assenti para ele e caminhei, sentindo meus passos ficarem cada vez mais pesados, o coração batendo rápido, a ansiedade me comendo por inteira.

Dei uma breve olhada pela cortina antes de entrar, vendo que a plateia estava lotada, meus olhos caíram sobre a primeira fileira onde todos estavam, até mesmo Fábio.

menos ele, Peter não estava aqui.

Senti uma leve pontada no peito, no certo decepcionada, mas engoli em seco e mantive a cabeça firme, entrando no palco cumprimentando à todos e ficando na posição inicial.

Agora, nesse momento, nada mais importava, quando a música começasse. Iria ser apenas eu e meu lar. Assim que a primeira nota soou, movi meu corpo tentando ignorar todos os pares de olhos atentos sobre mim, e então, mais uma vez, eu já não estava mais aqui depois do quarto passo feito.

flashback On

- Não consigo, mamãe, eu não posso fazer isso, meus dedos doem. Eu nunca serei como elas. – abaixei minha cabeça deixando as lágrimas escorrerem e funguei baixinho.

- Não nada nesse mundo, escute bem, Helena. Não nada nesse mundo que você não seja capaz, estamos em constante aprendizado, podemos aprender tudo, levante-se e tente novamente.

Reconquista-me, se for capaz - Livro 3 da saga: Os cavalheirosOnde histórias criam vida. Descubra agora