*Peter Steele*
Correndo pelas ruas enquanto me exercitava, tentando tirar da mente as lembranças que agora, nesses últimos dias, se tornaram mais recorrentes, olhei para o relógio em meu pulso vendo que daria tempo de ir tomar café em um restaurante antes que eu fosse buscar Merlia. Já que hoje era a tarde dos titios e Hendrick e eu iríamos levá-la ao shopping para assistirmos algum filme.
Foquei minha mente na música, nos meus passos dados e na minha respiração, mas mesmo assim não fora o suficiente, eu já começara a me lembrar de forma vivida dos piores dias da minha vida.
A lembrança de seu lindo e delicado rosto me alcançou, a forma como sorria, como falava e como era boa para mim. Em como apenas seu toque era o suficiente para me fazer esquecer qualquer coisa que acontecesse e me proteger.
Balancei a cabeça tentando evitar, mas podia sentir como se estivesse vendo-a no chão, morta. O cheiro de sangue era tão real em minhas narinas que parecia que eu estava mesmo vivenciando tudo novamente.
Gritaria, escuridão, o som das coisas se estilhaçando no chão.
Parei de correr, sentindo o ar faltar em meus pulmões e tudo ao meu redor embaçar, crise. Eu estava tendo mais uma crise.
Caminhei sentindo meu corpo pesado, tropeçando no chão algumas vezes e esbarrando em outras pessoas. Entrei em um restaurante e fui em passos duros até o banheiro com certa dificuldade.
Apoiei minhas mãos na pia enquanto tentava focar em alguma coisa que me trouxesse de volta, mas nada, absolutamente nada vinha em minha mente. Apenas o rosto dela, pálido, ensanguentado e sem vida.
Eu fiz aquilo, eu fiz tudo aquilo, eu machuquei aquelas pessoas. Tanto ela como ele..
Minha vista estava escurecendo, eu sentia-me sufocado. Era como se estivesse morrendo.
Fechei os olhos e contei até dez, como minha psicóloga havia me ensinado, focando nos barulhos ao redor e no gosto em minha boca. Uma imagem rápida passou em minha mente, me fazendo pensar em outra coisa.
Helena, era a Helena.
Lembrei-me da noite em que passamos juntos uma certa vez, dos seus cachos espalhados pela cama e em meu rosto, eu podia ouvir sua risada gostosa quando resmunguei sobre cortar o cabelo dela porque sempre ficava na minha cara. Mas era mentira, eu adorava aquilo.
A sensação do peito nu e quente dela contra o meu, nossas respirações calmas e lentas, como se enfim estivéssemos encontrado a paz.
Abri os olhos, percebendo que tinha me acalmado e sorri balançando a cabeça. Era ela, sempre foi a Helena. Na época em que estivemos juntos, eu nunca havia sentido tanta paz. Mas não podia negar que a ideia de amar, o amor em si, me assustava.
Ela estava certa quando disse que eu não tinha feito absolutamente nada para tê-la, Helena estava certa em tudo. Mas eu nunca precisei disso, eu nem mesmo entendo o que sinto. E ainda mais agora, que as coisas estavam voltando a me assombrar novamente.. mas talvez eu pudesse conseguir, algo em Helena alimentava a única faísca de que talvez eu pudesse ser uma pessoa boa, alguém bom para ela.
E era essa faísca que não me deixava desistir.
(...)
- Ei, nada disso - tampei a visão de Merlia quando o príncipe encantado apareceu na tela e ela bufou indignada.
- Eu já vi o príncipe Naveen outras vezes, tio Peter.
- Mas não verá agora, não com a gente. - reclamou Hendrick.
- É isso aí, nada de príncipes para você, mocinha.
Ela tirou minha mão indignada e bufou novamente encontrando a mão de Hendrick atrás da minha e sorrimos.
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Reconquista-me, se for capaz - Livro 3 da saga: Os cavalheiros
Romansa"Ter que vê-lo todos os dias era como um soco em meu estômago, me lembrando, todas as vezes, que eu ainda o amava." Helena Suárez é conhecida por ser uma mulher intimidante, cheia de atitude e principalmente, impaciente. Mas.. quem conhece a verdad...