*Helena Suárez*
Rolei pela cama - acredito que pela vigésima vez - sem conseguir pregar meus olhos. A noite ainda se passava em minha cabeça, tudo que Peter fez por mim, me levando para conhecer a bailarina que sempre admirei, me ajudando a superar meu medo do palco..
Suspirei baixinho olhando para o teto.
Ele estaria conseguindo dormir também? ou seria apenas eu que estaria pensando sobre nossa noite e tudo que conversamos?
Depois que chegamos ao hotel, eu relutei muito para não chamá-lo para entrar em meu quarto. Mas talvez fosse melhor assim, nós dois sempre ultrapassamos os primeiros passos.
Quando meu corpo estava prestes a se entregar para o sono, ouvi uma batida na porta e levantei indo abri-la.
Por um momento, meu coração errou uma batida ao ver Peter diante dela, mas tudo se tornou preocupação quando percebi seus olhos inchados e os ombros tensos.
- O que aconteceu?
- Eu.. - engoliu em seco e apertou as sobrancelhas, parecendo confuso - Eu não estava conseguindo dormir, pensando em tudo que aconteceu e também.. algumas coisas estão me perturbando.
Vi o lampejo de dor em seu olhar e dei passagem para que ele entrasse.
Ele se sentou no banco e deitou a cabeça em seus braços em cima do balcão. Ele estava realmente atormentado.
Fui até o outro lado do balcão, peguei uma panela e fiz um chá de camomila para nós dois. Não ousei perguntar nada, se ele quisesse dizer, falaria.
Empurrei a xícara na sua frente e me sentei ao seu lado o vendo dar um gole, mesmo fazendo uma careta.
- Só você para gostar desse chá.
- É gostoso e é um calmamente natural. - defendi.
- Então não está funcionando, porque você vive estressada.
Revirei os olhos o fazendo rir, um sorriso que não durou muito em seus lábios.
- Sabe.. eu te contei sobre a minha mãe, sobre como ela era uma mulher incrível - fez uma pausa, que pareceu durar uma eternidade - Mas não te disse em como ela era uma mulher dependente das pessoas.
Olhei atenta para ele, ficando em silêncio e deixando que o mesmo continuasse.
- Depois que o meu pai morreu, ela ficou em busca de outro amor para suprir.. Saía com vários caras e sempre se dava mal depois.
Desci do banco e o abracei de lado, passando a mão pelos seus fios macios e ombros. Tentando deixá-lo o mais relaxado possível.
- Eu me perguntava como ela conseguia, porque ela e meu pai se amaram tanto.. mas também nunca a julguei. Se ela queria buscar ser feliz de novo, eu nunca iria impedir.
- Eu sei que não..
- Mas ela acabou gostando do cara errado, e infelizmente foi ele quem ela trouxe para casa.
Ele enrijeceu, o aperto ao redor da xícara deixando seus dedos brancos.
- Aquele cara fez o inferno nas nossas vidas - confessou - Eu tive que fugir de casa por causa dele e morar na rua, passei fome, frio, me envolvi com pessoas erradas para poder sobreviver.
Meu peito apertou, a ideia de um Peter pequeno andando pelas ruas sozinho fez um embolo entalar em minha garganta. A vontade de agarrá-lo e não deixar que nada o fizesse mal cresceu em meu peito.
- Eu sinto muito - sussurrei beijando a lateral do seu rosto.
- Está tudo bem, de certa forma, isso me deixou forte. Não precisa ficar triste por minha causa, acho que no final das contas o Miguel tinha razão.
- Sobre o quê?
Ele virou seu rosto olhando dentro dos meus olhos intensamente.
- Sempre acabamos onde devemos estar.
Um sorriso fraco cruzou em seus lábios e eu sorri.
- Obrigado por me ouvir, eu precisava disso.
- Sempre estarei aqui por você.
Ele girou seu banco ficando de frente para mim e me colocou no meio de suas pernas.
- Acho que estamos progredindo - seus dedos deslizaram em meu rosto em uma carícia e sorri para ele.
Eu sabia que ele estava tentando mudar o clima que ficou, porque esse era ele. Peter não conseguia deixar que as pessoas se sensibilizassem por ele.
- Peter, eu sinto muito que você tenha passado por tanta coisa. - insisti.
- Eu sei que sente, mas agora.. - ele sorriu - Que tal você me dar um beijinho?
Gargalhei e colei nossos lábios em um beijo calmo, parecia que cada vez que nos beijavamos algo a mais tinha sido incrementado, deixando tudo mais intenso e cheio de sentimentos.
- E só para constar - interrompi o beijo - Eu não sou estressada.
Ele arqueou as sobrancelhas.
- Você é muito brava, Helena. Mas também é um docinho de pessoa ao mesmo tempo.
- Cuidado Sr. Steele, para alguém que diz não saber ser romântico, você está falando muitas coisas melosas. - provoquei.
- Acontece que uma mulher está mexendo com o meu juízo, estou me dobrando para ser bom para ela.. - disse casualmente - Culpe ela.
- Posso saber quem seria?
- Uma loira dos cabelos cacheados, dos olhos mais lindos que eu já vi - se gabou - Isso para não falar o quanto ela é gostosa.
Gargalhei.
- Nos conhecemos em uma noite aleatória, a vi recitando uma receita de alguma coisa para um segurança na boate - ele levantou o indicador - Ela estava arrumando confusão. Mal sabia eu que iria arrumar confusão na minha vida também.
- É mesmo? e o que mais você tem a dizer? - senti minhas bochechas corarem e ele me puxou mais para ele.
- Verde é a sua cor favorita. Ela ama os homens da Marvel - uma breve pausa para dizer que ele era mais gostoso - E por último, ela é quente. Minha perdição, mas também é a minha salvação.
- Então esse é o seu verdadeiro eu? - o canto dos meus lábios se ergueram em um sorriso, mas meu coração batia como um louco - Um homem de coração mole..
- Apenas para você.
Voltei a beijá-lo por alguns minutos até que nos faltasse ar e nos encaramos.
- Posso dormir com você? não quero ficar sozinho.
- Claro que pode.
Assim que deitamos me aninhei em seu peito, ele me cercou com seus braços como se estivesse com medo de que eu fugisse e enfim deixei que o sono me pegasse.
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Boa leitura! ❤
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Reconquista-me, se for capaz - Livro 3 da saga: Os cavalheiros
Romance"Ter que vê-lo todos os dias era como um soco em meu estômago, me lembrando, todas as vezes, que eu ainda o amava." Helena Suárez é conhecida por ser uma mulher intimidante, cheia de atitude e principalmente, impaciente. Mas.. quem conhece a verdad...