Capítulo 25.

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*Helena Suárez*

Rolei pela cama - acredito que pela vigésima vez - sem conseguir pregar meus olhos. A noite ainda se passava em minha cabeça, tudo que Peter fez por mim, me levando para conhecer a bailarina que sempre admirei, me ajudando a superar meu medo do palco..

Suspirei baixinho olhando para o teto.

Ele estaria conseguindo dormir também? ou seria apenas eu que estaria pensando sobre nossa noite e tudo que conversamos?

Depois que chegamos ao hotel, eu relutei muito para não chamá-lo para entrar em meu quarto. Mas talvez fosse melhor assim, nós dois sempre ultrapassamos os primeiros passos.

Quando meu corpo estava prestes a se entregar para o sono, ouvi uma batida na porta e levantei indo abri-la.

Por um momento, meu coração errou uma batida ao ver Peter diante dela, mas tudo se tornou preocupação quando percebi seus olhos inchados e os ombros tensos.

- O que aconteceu?

- Eu.. - engoliu em seco e apertou as sobrancelhas, parecendo confuso - Eu não estava conseguindo dormir, pensando em tudo que aconteceu e também.. algumas coisas estão me perturbando.

Vi o lampejo de dor em seu olhar e dei passagem para que ele entrasse.

Ele se sentou no banco e deitou a cabeça em seus braços em cima do balcão. Ele estava realmente atormentado.

Fui até o outro lado do balcão, peguei uma panela e fiz um chá de camomila para nós dois. Não ousei perguntar nada, se ele quisesse dizer, falaria.

Empurrei a xícara na sua frente e me sentei ao seu lado o vendo dar um gole, mesmo fazendo uma careta.

- Só você para gostar desse chá.

- É gostoso e é um calmamente natural. - defendi.

- Então não está funcionando, porque você vive estressada.

Revirei os olhos o fazendo rir, um sorriso que não durou muito em seus lábios.

- Sabe.. eu te contei sobre a minha mãe, sobre como ela era uma mulher incrível - fez uma pausa, que pareceu durar uma eternidade - Mas não te disse em como ela era uma mulher dependente das pessoas.

Olhei atenta para ele, ficando em silêncio e deixando que o mesmo continuasse.

- Depois que o meu pai morreu, ela ficou em busca de outro amor para suprir.. Saía com vários caras e sempre se dava mal depois.

Desci do banco e o abracei de lado, passando a mão pelos seus fios macios e ombros. Tentando deixá-lo o mais relaxado possível.

- Eu me perguntava como ela conseguia, porque ela e meu pai se amaram tanto.. mas também nunca a julguei. Se ela queria buscar ser feliz de novo, eu nunca iria impedir.

- Eu sei que não..

- Mas ela acabou gostando do cara errado, e infelizmente foi ele quem ela trouxe para casa.

Ele enrijeceu, o aperto ao redor da xícara deixando seus dedos brancos.

- Aquele cara fez o inferno nas nossas vidas - confessou - Eu tive que fugir de casa por causa dele e morar na rua, passei fome, frio, me envolvi com pessoas erradas para poder sobreviver.

Meu peito apertou, a ideia de um Peter pequeno andando pelas ruas sozinho fez um embolo entalar em minha garganta. A vontade de agarrá-lo e não deixar que nada o fizesse mal cresceu em meu peito.

- Eu sinto muito - sussurrei beijando a lateral do seu rosto.

- Está tudo bem, de certa forma, isso me deixou forte. Não precisa ficar triste por minha causa, acho que no final das contas o Miguel tinha razão.

- Sobre o quê?

Ele virou seu rosto olhando dentro dos meus olhos intensamente.

- Sempre acabamos onde devemos estar.

Um sorriso fraco cruzou em seus lábios e eu sorri.

- Obrigado por me ouvir, eu precisava disso.

- Sempre estarei aqui por você.

Ele girou seu banco ficando de frente para mim e me colocou no meio de suas pernas.

- Acho que estamos progredindo - seus dedos deslizaram em meu rosto em uma carícia e sorri para ele.

Eu sabia que ele estava tentando mudar o clima que ficou, porque esse era ele. Peter não conseguia deixar que as pessoas se sensibilizassem por ele.

- Peter, eu sinto muito que você tenha passado por tanta coisa. - insisti.

- Eu sei que sente, mas agora.. - ele sorriu - Que tal você me dar um beijinho?

Gargalhei e colei nossos lábios em um beijo calmo, parecia que cada vez que nos beijavamos algo a mais tinha sido incrementado, deixando tudo mais intenso e cheio de sentimentos.

- E só para constar - interrompi o beijo - Eu não sou estressada.

Ele arqueou as sobrancelhas.

- Você é muito brava, Helena. Mas também é um docinho de pessoa ao mesmo tempo.

- Cuidado Sr. Steele, para alguém que diz não saber ser romântico, você está falando muitas coisas melosas. - provoquei.

- Acontece que uma mulher está mexendo com o meu juízo, estou me dobrando para ser bom para ela.. - disse casualmente - Culpe ela.

- Posso saber quem seria?

- Uma loira dos cabelos cacheados, dos olhos mais lindos que eu já vi - se gabou - Isso para não falar o quanto ela é gostosa.

Gargalhei.

- Nos conhecemos em uma noite aleatória, a vi recitando uma receita de alguma coisa para um segurança na boate - ele levantou o indicador - Ela estava arrumando confusão. Mal sabia eu que iria arrumar confusão na minha vida também.

- É mesmo? e o que mais você tem a dizer? - senti minhas bochechas corarem e ele me puxou mais para ele.

- Verde é a sua cor favorita. Ela ama os homens da Marvel - uma breve pausa para dizer que ele era mais gostoso - E por último, ela é quente. Minha perdição, mas também é a minha salvação.

- Então esse é o seu verdadeiro eu? - o canto dos meus lábios se ergueram em um sorriso, mas meu coração batia como um louco - Um homem de coração mole..

- Apenas para você.

Voltei a beijá-lo por alguns minutos até que nos faltasse ar e nos encaramos.

- Posso dormir com você? não quero ficar sozinho.

- Claro que pode.

Assim que deitamos me aninhei em seu peito, ele me cercou com seus braços como se estivesse com medo de que eu fugisse e enfim deixei que o sono me pegasse.

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Boa leitura! ❤

Reconquista-me, se for capaz - Livro 3 da saga: Os cavalheirosOnde histórias criam vida. Descubra agora