Capítulo 5.

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*Helena Suárez*

Entrei dentro da escola de balé cumprimentando as bailarinas que haviam ali, todas muito simpáticas, o que era um milagre. Haja vista que nesse ramo as bailarinas eram muito esnobes na maioria das vezes.

Entrei na sala de aula onde Richard, meu professor, estava e pisquei para ele indo para o vestiário e me trocando.

O jantar que Marina dera semana passada havia sido fantástico, eu nunca comi tanto naquele dia junto de Pedro, já que Tyler tinha o levado. Mas.. uma coisa estranha que aconteceu foi que Peter não compareceu, marcamos um almoço no dia seguinte e ele não apareceu novamente. Fazia três semanas que ele não aparecera para absolutamente nada.

Segundo os meninos, ele não estava bem e provavelmente começaria a faltar em muitos eventos, mas a única coisa que Hendrick dissera foi "a tartaruga entrou dentro do casco de novo, Helena". Alegando não poder contar mais nada, já que Peter os proibiu. Nem mesmo os meninos ele queria ver, mandava mensagens pedindo para que o deixassem só e eles respeitavam, só não sabia por quanto tempo isso se manteria, haja vista que Miguel já estava agoniado com a situação do irmão. Até mesmo Kananda estava sendo ignorada por ele..

Caminhei de volta para a sala me alongando e começamos a dançar os passos que eram feitos por Richard. A aula correu super bem, conseguimos realizar a grande maioria deles e ficamos satisfeitos no final.

- Você não perdeu seu ritmo – diz ele.

Richard já havia me treinado antes de tudo acontecer e eu desistir do balé.

- O balé corre nas minhas veias, você sabe..

- Eu sei, por isso insisto para que você viaje com a nossa companhia, você sabe que tem um lugar para você lá..

- Richard, por favor, não comece.

- Não irei, tenha um bom dia, Helena.

Sorri para ele e peguei minhas coisas saindo da escola, deixaria para tomar um banho no banheiro do restaurante que fica em minha sala e me trocaria lá. Mas ao sair encontro com Miguel encostando em sua Range rover e seus óculos escuros, ele estava tenso, era perceptível pela forma como seus ombros estavam.

- O que aconteceu? – perguntei de imediato, meu pensamento rapidamente recorreu a Peter.

- Nada, só queria caminhar um pouco, está com tempo?

Olhei em meu relógio vendo que ainda tinha uma hora livre e assenti.

Estávamos caminhando pelo parque ouvindo os latidos dos cachorros que corriam por ali em completo silêncio, quando ele se pronunciou.

- Aconteceu mais alguma coisa depois daquela briga de vocês no restaurante? – perguntou, eu sabia que era sobre isso que ele queria falar.

- Nada demais, apenas falamos sobre nós. – ele assentiu sem me olhar e suspirou.

- Estou preocupado com Peter..

- É tão grave assim? – perguntei o olhando, tentando encontrar alguma resposta em seu olhar, talvez ele entregasse ao menos uma coisa para mim, mínima que seja, mas nada aconteceu.

- Sim, é – diz secamente – Sinto muito que você fique no escuro assim..

- Já estou acostumada.

- Ele só tem medo, não o defendo, mas o compreendo.

- Medo do quê, exatamente? – parei, o obrigando a parar e me olhar nos olhos.

- De que você fuja dele se descobrir – me calei, voltando a caminhar ao seu lado em silêncio novamente.

Fugir dele? afinal de contas, o que tanto Peter escondia que tinha medo do meu julgamento? quem havia o magoado dessa maneira?

Eram tantas perguntas e nenhuma resposta que chegava a me deixar completamente maluca e confusa, eu precisava de explicações, porém, não podia obrigá-lo a me dá-las quando o mesmo mostrava que não iria fazer isso. Eu me sentia mal, porque eu estava disposta a ser dele, seu porto seguro se precisasse, não me julguem, sou uma romântica incurável. Mas Peter não me queria perto e não havia nada que eu pudesse fazer quanto à isso.

- Você ainda o ama muito.. – afirmou Miguel.

- Sim.

Miguel me encarou, nós dois em silêncio e suspirei.

- Seu olhar te entrega tanto. – diz sorrindo fraco para mim e dei de ombros.

- Nunca fui boa em esconder o que sinto, e sinceramente, estou quase cansando de esconder. Mostrá-los não vai significar que ele me terá.

- Mas você quer isso.

- Quero, quero muito Miguel. Mas seu irmão não me merece, não agora. Se é que vai merecer algum dia..

- Não posso lhe dar falsas esperanças, a única coisa que eu quero é que siga em frente. Peter tem tanta coisa para resolver e superar que você se assustaria.

- O passado dele.. – perguntei receosa – é tão ruim assim?

- É.

Assenti voltando a me calar, ficando apenas eu e meus pensamentos. A ideia de Peter sozinho e mal partia meu coração, mas não tinha como ajudar quem não queria ser ajudado.

(...)

Entrei em meu restaurante avistando Kananda rabiscando algum papel e cheguei perto dela chamando sua atenção para mim.

- Como foi a aula?

- Boa, só o passeio com Miguel que me deixou meio para baixo.. – digo.

- Bem que eu achei que você tivesse ido para algum lugar antes de voltar para cá. Sobre o que falaram?

- O que você acha?

- Peter, né? também estou preocupada. Quando ele se fecha assim, tudo fica mais difícil.. – diz cabisbaixa, Kananda estava sofrendo bastante com o afastamento do amigo, e não era para menos, já que eles eram unha e carne.

- Ele ficará bem – tento consolá-la.

De certa forma, eu me sentia muito mal por estar no escuro, sem saber o que afligia o homem que eu amava tanto, sem poder fazer absolutamente nada e ficar apenas ouvindo "você não entende, quem sabe um dia ele lhe conte". Isso me quebrava, porque eu queria saber, eu queria fazer alguma coisa, eu me sentia incapaz.

Kananda me lançou um olhar, e eu sabia bem o que dizia, era o mesmo que todos os olhares que recebi durante esses dias, algo do tipo "você não faz ideia do que está acontecendo, Helena". E o pior de tudo isso, era que eu realmente não sabia nada.. e isso estava, de certa forma, me enlouquecendo completamente.

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Boa leitura! ❤

Reconquista-me, se for capaz - Livro 3 da saga: Os cavalheirosOnde histórias criam vida. Descubra agora