Lina e Gus saíram de casa e foram andando para a loja de instrumentos. Quando chegaram, viram uma garota negra sendo expulsa da loja.
- Eu não peguei nada! Quantas vezes vou ter que repetir isso?! – grita ela.
- Senhorita, saia, por favor – fala o segurança, em uma voz irritantemente baixa.
- Não! Eu não fiz nada! – diz a garota.
- Ela não fez nada! – se aproxima um garoto. Segurando a mão da garota.
- Então vou ter que... – começa o segurança. Até que é interrompido por Gustavo.
- Ela disse que não fez nada! Deixe-a em paz! – grita.
- Senhor, é contra o regulamento tocar nos instrumentos...
- E aquele garoto ali? Ele acabou de tirar o violão do lugar, vai expulsá-lo?
O segurança fica em silêncio, constrangido.
- Isso é um absurdo sabia? Você devia ter vergonha – sentencia Gus.
- Gus... – sussurra Lina.
- Lina, espera um pouco – diz Gus, se virando para a irmã.
- Gus... – repete ela, mas ele nem a escutava mais, voltou a discutir com o segurança.
- Olha, eu não preciso que me defendam. Muito obrigada, mas eu cuido disso – disse a garota para Gus, interrompendo a discussão – Sua irmã parece precisar mais de você agora...
Lina estava batendo uma mão na outra, nervosa.
- Ah Lina... desculpa – disse ele – Essa discussão não acabou – ele diz, apontando o dedo para o segurança – Você vai pagar, seu racista...
- Gus! Vou embora! – grita Lina, se virando para sair.
- Espera! – diz ele, correndo atrás dela.
- Lina! – grita Gus, correndo atrás da irmã.
Lina chega em casa e sobe para seu quarto.
- Lina... aquela era uma situação muito grave...
- Eu sei. Não sou estúpida. Aquele homem é horrível, eu só... não gosto de gritos. – Conclui ela.
- O que tá acontecendo? – pergunta Juliana, mãe dos gêmeos.
Gus e Lina se entreolham.
- Nada. Eu só... fui para a loja de instrumentos e vi um caso de racismo – diz Gus.
- Então por que sua irmã está desse jeito? – pergunta a mãe.
- Eu contei para ela, e obviamente, ela se horrorizou com a situação.
- Aham. Entendi – diz a mãe, mesmo não estando convencida, ela sai.
Gus e Lina suspiram, aliviados.
- Eu sabia da gravidade da situação, eu só... fiquei nervosa em vivenciar aquilo e os gritos... – se explica Lina.
- Eu sei, irmã. Eu sei.
.
Mais tarde, a mãe dos gêmeos chama Gustavo para conversar.
- Filho – começa ela – Quantas vezes eu já falei para você não ficar saindo com sua irmã para todo lugar?
- Eu não... – começa Gus.
- Não minta! – diz ela – Eu conheço vocês. Ela tem transtorno do espectro autista, Gustavo. Ela não pode ver certas coisas. Um caso de racismo, por exemplo.
- Você diz isso como se ela não fosse normal. Ela não é doente mãe! – fala ele – Lina tem que ver que a vida também pode ser sombria.
- Eu sei – diz ela – Mas, não saia com ela para todo lugar ok? Eu quero protegê-la.
– Você não vai conseguir trancá-la para sempre – Gus suspira e dá as costas para sua mãe.
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Quando a noite se torna eterna
Lãng mạnDuas garotas. Duas histórias. E muitos traumas. Ingrid e Lina irão se conhecer por pura coincidência, mas logo descobrirão que estavam destinadas.