Capítulo 4 - Ingrid

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- Ingrid! - grita Vitor, correndo atrás da amiga - Ingrid!

Ele para de gritar quando avista a amiga, sentada em uma calçada, na frente de uma mansão.

- Ingrid... - sussurra Vitor - Eu sinto muito...

- Isso é tão injusto - Ingrid diz, sua voz está tomada de raiva - Aquele homem não tinha o direito, eu queria poder...

- In, eu sinto muito - diz Vitor - Aquele homem é um monstro por ter feito aquilo, mas está tudo bem agora ok?

Ingrid engole em seco.

- Sim - diz ela, a voz tomada de raiva e tristeza - Eu odeio tanto isso.

Vitor a abraça - Vai ficar tudo bem. Nem todas as pessoas são assim, eu prometo.

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- No final, a gente nem comprou a palheta - começa Gus, na tentativa de distrair sua irmã.

- Aquela garota... - começa Lina, deitada em sua cama - Ela disse que não precisava da sua ajuda.

- Sim - diz ele - Ela disse.

- O que será que ela pensou? - Lina se levanta de sua cama e vai até a varanda. O sol estava começando a se por.

- Eu não sei - ele suspirou - Talvez ela tenha uma experiência ruim com essas situações, em que pessoas querem ajudar...

- Gustavo - chama Lina, assustando seu irmão. Ela nunca o chama assim - Ela está ali. Bem na calçada.

- O que? - pergunta Gus, indo até a varanda.

Lina aponta para dois adolescentes abraçados, sentados na calçada da casa deles.

- Será que eles são namorados? - pergunta Lina.

Gustavo sorri - Só tem um jeito de sabermos.

- Como? - pergunta Lina, franzindo a testa.

- Vem - Gus pega a mão da irmã e a guia.

- O que? - pergunta ela.

Gustavo a encara - Vamos falar com eles.

- Falar o que? - Lina está confusa - Nem os conhecemos!

- Não sei. Vamos até lá e depois decidimos.

- Mas... e se ela ficar brava? - pergunta Lina.

- Aí nós voltamos para dentro.

Lina sorri - Está bem. O que que eu vou perder né?

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Ingrid abre os olhos de repente, quando percebe um portão sendo aberto e uma luz aparecendo. Ela estava cochilando no ombro de seu melhor amigo.

- Vitor - ela sussurra, segurando o riso - Eu quase peguei no sono.

- Eu tava no meu quinto sono - diz ele, a fazendo rir - Eu disse que consigo dormir em qualquer lugar.

- Realmente, você devia entrar em um... - ela para de falar quando percebe uma garota ao seu lado. Sorrindo - Hum... Oi? - Ingrid franze a testa.

- Oi - diz a garota, respirando fundo - Você está bem?

Ingrid estava pronta para perguntar o nome da garota quando percebe um garoto atrás dela. Ingrid suspira.

- Oi - ele diz.

Ingrid se levanta - Você não precisava ter me ajudado. Mas... obrigada. Aquele segurança me deixou ir depois que você saiu. Se você veio aqui esperando algum pagamento, eu não...

- O que? - ele diz - Não! Não! Eu só fiz a minha parte... é que vocês estavam aqui e minha irmã ficou curiosa para vir falar com vocês então...

Ingrid sorri para a garota - Oi.

- Oi! Sou a Carolina Santana - diz ela - Mas me chame de Lina. Eu gostei do jeito que você dispensou a ajuda do meu irmão, você é corajosa.

- Hum, obrigada... Lina - Ingrid gostou do jeito direto da garota - Infelizmente eu já passei por situações assim antes e... sou a Ingrid - ela estende a mão, que Lina aperta sem hesitar.

Gustavo se afasta das garotas e se apresenta para o suposto amigo de Ingrid.

- Gustavo - ele diz, se apresentando.

- Vitor - responde o garoto - Prazer.

- Prazer. Vocês estavam dormindo? - pergunta Gus.

Vitor ri - Sim. Depois do que aconteceu, Ingrid correu aleatoriamente e eu vim atrás, aí ela parou aqui e a gente começou a conversar, mas quando me dei conta, eu acordo com vocês aqui...

Gustavo ri - Desculpa, nós atrapalhamos seu sono.

- De boas, relaxa - Vitor começa a observar as garotas - Elas estão se dando bem né?

- Sim, minha irmã anima qualquer um.

- Eu percebi, é que... a Ingrid é difícil de se animar. Eu só consegui fazê-la rir depois de 3 meses de amizade. E sua irmã conseguiu em alguns segundos...

Gustavo levantou as sobrancelhas.

- Não, eu sou engraçado - Vitor finge fechar a cara, fazendo Gus rir - Viu.

- Eu rio de tudo, não vale - fala ele - Mas vou te dar um desconto.

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- O que você estava fazendo na loja de música? - pergunta Lina.

- Eu e meu amigo só estávamos olhando, não tínhamos dinheiro para comprar nada - Ingrid faz uma careta - Pensando agora, parece que fomos só para causar confusão...

- Vocês não causaram confusão nenhuma, foi aquele segurança... e onde já se viu? Uma loja de esquina ter segurança? Quem eles pensam que são? - se indigna Lina.

Ingrid ri alto e se impressiona. Ela nunca se sentiu confortável na presença de desconhecidos. Mas, de alguma forma, essa garota faz com que se sinta extremamente à vontade. Mesmo a conhecendo a poucos minutos.

- E vocês? O que foram fazer na loja? - pergunta Ingrid, apontando para os irmãos.

- Eu quero tocar ukulele, mas sinto cócegas nas pontas dos dedos sempre que toco qualquer instrumento de corda - começa Lina - Por isso, eu Gus fomos comprar uma palheta.

- Para tocar ukulele, essa é nova - diz Ingrid.

- Você não sabe, vai que fique bom - sorri Lina.

Ingrid percebe que quando Lina sorri, todo seu rosto se ilumina. Ela é linda. Ingrid abre a boca para comentar até que uma mulher muito parecida com ela aparece no portão.

- Carolina! Gustavo! - grita ela - O que estão fazendo?

Lina olha preocupada para Gustavo.

- Estamos apenas conversando, mãe - começa Gustavo.

- Na rua? Está escuro! - a mulher os repreende.

- Esses são, Ingrid e Vitor - Lina apresenta os novos amigos, ignorando a mãe - E como a senhora disse, está escuro, e eles certamente querem comer algo.

- O que? Não precisa - começa Ingrid.

- É, nossas casas não são tão longe - fala Vitor.

- Nós temos bolo! - insiste Lina.

Ingrid olha para a mãe dos irmãos. Ela não parece querer que eles entrem em casa.

- Hum - a mãe suspira - Está bem. Entrem. Sou a Juliana. Mãe dessas joias - Ela olha para os filhos com carinho. Um carinho que Ingrid desconhece - Entrem, entrem.

Quando a noite se torna eternaOnde histórias criam vida. Descubra agora