Capítulo 26 - Lina

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Lina tinha se esquecido do quão horrível era o shutdown. O meltdown podia deixá-la envergonhada depois, mas, pelo menos não durava tanto. O shutdown é uma tortura lenta. Ficar presa com seus pensamentos. É horrível. Sem energia para fazer qualquer coisa. É o pesadelo de qualquer um.

Depois de 2 semanas presa dentro de si, alguém conseguiu salvá-la. Ingrid. Assim que a viu, já ficou surpresa. Mas nada comparado a quando ela começou a tocar. Lina nunca sentiu um ápice de energia tão repentino. A voz de Ingrid foi como um energético.

A voz dela não era fina. Era mais grossa, mas ao mesmo tempo, suave. Podia fazer qualquer um se arrepiar. Pela potência e suavidade misturadas. Ela poderia cantar uma música da Adele em um tom super alto, mas, consegue cantar "The Nights" tranquilamente.

Assim que a música saiu dos lábios de Ingrid, um choque percorreu o corpo de Lina e ela não pôde ficar parada nem por mais um minuto.

- Ah meu amor! – exclama Ingrid, abraçando Lina.

- Obrigada – sussurra Lina, no ouvido de Ingrid - Muito obrigada

Lina não poderia estar mais grata. Elas ficaram abraçadas até os pais de Lina entrarem no quarto, junto com Gus.

- Lina! – exclama Juliana.

Ela corre para abraçar a filha, mas Lina se esquiva. Ela lança um pedido de desculpas com os olhos:

- Desculpa, mãe – diz – Mas... preciso de um tempo.

Juliana assente. Com lágrimas nos olhos, ela sai do quarto.

Raul e Gus abraçam Lina – Nossa filha, ainda bem que você melhorou – sussurra Raul no ouvido da filha.

- Você não faz ideia do quão ruim foi não ter ninguém para encher o saco! – exclama Gus, brincalhão, se afastando da irmã.

Lina ri – Eu posso imaginar.

- Vou ligar para seu médico – diz Raul, saindo do quarto.

- E eu não vou segurar vela – diz Gus, acompanhando seu pai.

Ingrid cora e Lina ri.

- Você está bem? – pergunta Lina.

- Eu que devia tá perguntando isso pra você – diz Ingrid – Você tá bem?

- Sim. Ainda estou um pouco fraca e atordoada. Mas agora, me sinto ligada de novo – diz Lina.

- Como foi? – perguntou Ingrid.

- Foi... como se eu tivesse desligado. Não tivesse força para me mexer. Entende?

- Consigo imaginar – responde Ingrid – Sinto muito – diz ela, pegando a mão de Lina.

- Canta de novo? – pede Lina, com um sorriso.

Ingrid sorri – Só porque você tá pedindo.

Ela se levanta e vai até o violão de Gustavo.

- O violão também tem nome? – pergunta Ingrid.

- Tem – responde Lina – Adivinha.

- Ares – responde Ingrid.

- Exatamente esse – Lina balança a cabeça – Quem diria que o Gus é tão previsível.

Ingrid ri e se senta ao lado de Lina em sua cama – Que saudade eu tava de você.

Lina sorri e observa Ingrid começar a tocar "The Nights".

Quando a noite se torna eternaOnde histórias criam vida. Descubra agora