Capítulo 21

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Aviso de gatilho: suicídio.

•••

A luz cega. Ele não tem peso, não é muito diferente de quando ele era um fantasma, flutuando na Albânia.

Ele está em King's Cross. Uma névoa branca pesada e espessa o envolve. Ele tenta pegar sua varinha, mas ela não está lá.

Ele está nu. Quando olha para baixo, vê seu antigo corpo. O humano.

Ele está morto, ele sabe disso.

Lorde Voldemort não sente medo, ele se lembra.

E ainda assim ele sente, a cada respiração o pavor aumenta; torna-se ele.

Ele vê uma forma ao longe e quase grita por socorro, porque ele foi reduzido a Tom Riddle novamente, em corpo e em espírito, ele foi reduzido a uma criança, escondida em um bunker, as sirenes tocando lá em cima e ele não quer morrer, ele fará qualquer coisa para sobreviver.

A forma se aproxima e a angústia aterrorizante se mistura com a raiva ardente.

- Você!- ele cospe e mais uma vez tenta pegar sua varinha.

Nenhuma varinha. Ele tinha perdido. Ele tinha perdido tudo. Ele está indefeso.

- Eu.- Dumbledore concorda, uma expressão severa em seu rosto.

O velho venceu, e isso é o mais perturbador.

- Por que? Por que não consigo me livrar de você?!

Ele quase diz "não é justo", mas isso soaria terrivelmente infantil.

E a vida nunca foi justa com ele, então é um ponto discutível.

- Porque eu sou o único que conhece você, Tom.

Voldemort pega sua varinha, novamente, e dá um grunhido de frustração quando ela não está lá.

Ele acha que está começando a entrar em pânico, esse sentimento opressivo se instalando em cada fibra de seu ser.

Voldemort não pode se defender; ele não pode fugir.

Ele não pode aceitar isso.

Qualquer coisa, ele implora em sua cabeça. Mande-me para qualquer lugar, para o inferno trouxa, apenas me livre dele!

Ele não tem certeza de para quem está implorando. Ele sabe que ninguém ouve, ninguém nunca ouviu, quando ele era criança e orava por comida ou por seus pais. Ele sempre teve que fazer tudo sozinho e agora não consegue.

- Isso é uma mentira.

É o som mais doce. Percorre sua espinha, em uma enxurrada de calor, acalma sua mente.

Dumbledore franze a testa, se vira, e Voldemort também.

- Eu o conheço também.- Bellatrix diz, saindo da névoa.

Ela é jovem novamente. Bonita e saudável.

Ela está brilhando.

E ela é feroz, fogo em seus olhos, seus ombros retos e orgulhosos.

- Desapareça, velho.

Dumbledore simplesmente desaparece, se desintegra na névoa.

Tão fácil.

- Eu disse para você me deixar lidar com ele.- Bellatrix diz, em sua voz cantante, travessura e adoração em suas palavras.- Eu teria feito um trabalho melhor do que Snape. O traidor imundo. Peço desculpas pelo atraso, mas também morri recentemente.

Either Must DieOnde histórias criam vida. Descubra agora