A manhã passou a uma velocidade alucinante. Marco tinha-me ajudado a fazer a entregue dos bolos que acabei por concluir a tempo. Estranhamente ele não tinha saído da carrinha quando me acompanhou para fazer a entrega, não liguei muito, já que os funcionários do catering já se encontravam a minha espera para me ajudar, mas não pude deixar de notar que ele manteve a cara escondida atrás de um panfleto de supermercado durante os quase quinze minutos que lá estivemos.
-Achas-te alguma coisa interessante no supermercado Lidl.
-Como? - Ele olho para mim surpreso como se não tivesse entendido a pergunta
- O panfleto... estiveste tão absorto por ele que pensei que tinhas visto alguma coisa de especial.
Ele sorriu e respondeu com pouco caso.
- Não vi nada de especial mas como raramente vejo esse tipo de coisa estive a examinar tudo.
- Está bem. - Achei estranho mas não achei que valesse a pena falar mais nisso.
O ambiente dentro do carro enquanto voltávamos era leve, contamos histórias e brincamos um com o outro, sentia-me feliz. Estava cansada.... mas extremamente feliz. Sentia-me a vontade com ele. Parecia conhece-lo desde sempre...acho que é clichê ...mas não deixava de ser verdade.
Por uma razão desconhecida sentia esperança em ser novamente amada. Bem, não tão desconhecida assim, o meu companheiro de viagem, tinha durante toda a manhã me lançado olhares penetrantes. Várias vezes o apanhei a despir-me com o olhar e longe de me sentir constrangida, senti-me valorizada e desejada como nunca me tinha sentido na vida.
Sempre tinha sido a miúda do Michael, o "pretty boy" , filho do médico da aldeia. Bonito, inteligente, cheio de vida e cativante. Nunca outro rapaz tinha ousado lançar seu charme para cima de mim porque eu lhe pertencia, mesmo depois da sua partida, nas circunstâncias das mais lamentáveis, tornei-me numa pária a nível social. Quem iria querer sair com aquela que tinha sido trocada pela sua própria mãe?
Por isso essa atenção era para o meu ser uma bênção, fazia despertar em mim um mundo de possibilidades que eu tinha fechado a sete chaves havia mais de um ano.
Senti que podia amar novamente, viver outra vez com esperança num futuro onde existiria um companheiro e talvez quem sabe até filhos, será que estaria a divagar muito? e sem qualquer fundamento...
Mas nesse momento olhei para ele ...um simples olhar... E nos seus olhos encontrei um sentido, uma esperança de felicidade que há muito me escapava.. havia ali sentimentos.
Estacionei o carro atrás da loja, e entramos. Durante todo o caminho pensei numa forma de o reter mais uns momentos perto de mim.
-Tens fome? Queres ficar para o almoço? Não vou abrir de tarde, por isso posso preparar alguma coisa rápida.
Olhei para ele expetante, cheia de medo de ver o meu convite recusado.
Mas ele logo abriu um sorriso que aqueceu o meu coração.
-Claro que fico, mas não precisas de fazer nada de especial para mim.
- Uma salada e uns sandwichs?
- Maravilhoso.
O meu apartamento ficava logo por cima da pastelaria, dirigi-me para a escada interna que ligava os dois espaços logo seguida de Marco.
Era a primeira vez que iria ficar sozinha com alguém na minha casa. Mas aos vinte e um anos, considerava-me uma mulher madura, mesmo que a maioria das mulheres da minha idade não passassem de simples meninas, a minha vida tinha-me obrigado a crescer.
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Eternamente (completo)
RomanceEternamente - musica de amor E se um dia a minha vida se transformasse pelo simples facto de me apaixonar.... Fazia um ano que a minha mãe nos tinha deixado para fugir com o meu namorado. E agora um estranho entrava na minha vida e vinha revoluc...