Part 25

808 88 5
                                    

Sem esperar pela minha resposta Marco entrou e dirigiu-se para a sala. Fechei lentamente a porta atrás dele e segui-o.

O percurso de três metros que tive que fazer entre o hall de entrada até a sala nunca me pareceu tão curto e ao mesmo tempo tão extenso. Tive tempo de pensar em tudo o que podia significar a sua presença ali e nenhum para tomar qualquer tipo de decisão a respeito e menos ainda para me preparar para estar com ele novamente num espaço tão curto de tempo.

Certamente devia estar a pagar algum pecado que tinha cometido numa vida passada... não havia alma que merecesse ser massacrada como eu o estava ser hoje.

A minha vontade era mandá-lo embora sem ouvi-lo, adiar um pouco a confrontação, mas ao mesmo tempo tinha tantas saudades dele, de estar com ele de o ter a minha beira, eu ainda o amava profundamente e queria saber porque estava ali. Meu coração estava dividido entre o medo e a esperança. Medo de que ele tivesse decidido não ter qualquer tipo de relacionamento comigo e com o filho e a esperança de que as coisas se resolvessem.

Marco tinha começado a andar de um lado para o outro na pequena sala do meu apartamento, o seu nervosismo era evidente patente, tanto que ele nem me olhou, quando tentando aparentar uma calma que eu não sentia, sentei-me confortavelmente no sofá e abracei uma das muitas almofada que o decoravam para me servir de escudo. Feito isso esperei...e esperei...Marco precisou de uns bons cinco minutos antes de ousar dizer alguma coisa. A medida que o tempo ia passando o meu nervosismo ia aumentando. Estava preste a gritar quando ele parou e fez a seguinte afirmação.

- A única solução é casar!

Dessa não estava nada a espera...

- Deves estar a brincar!- Disse estupefacta. Não podia acreditar no que ele acabava de dizer. Era realmente o culminar do meu dia!!

- Não de todo, estou a falar muito sério, passei o dia todo a pensar nisso e foi a única solução que encontrei.- Ele falava com tanta convicção e certeza na voz que quase não ousei questiona-lo. Quase....

- Posso saber o que te levou a chegar a essa brilhante conclusão?

- Simples ...Depois do que aconteceu esta manhã, a tua e a minha reputação estão abaladas e temos de tentar remediar o estrago que fizestes. Recuso-me a ser o cantor que não assumiu o seu filho e tu a pobre apresentadora que foi abandonada grávida, é demasiado cliché, e pode arruinar com as nossas carreiras e se casarmos resolvemos esse problema. Daqui a alguns anos podemos nos divorciar se quiseres, mas isso é muito normal acontecer entre as figuras publicas. Por outro lado quero estar presente para o meu filho, quero vê-lo crescer, e não o posso fazer se não estiver com a mãe dele. Somando estes factos chegamos rapidamente a uma única solução ... é o casamento.

- Brilhante conclusão.- Disse cheia de sarcasmo que não passou despercebido, tinha vontade de bater palmas como ele tinha feito mas retive-me para não acrescentar lenha na fogueira.- E se eu te dissesse que o minha reputação como apresentadora não esta abalada mas sim reforçada, recebi imensos convites hoje para novos programas - Estava a exagerar mas ele não sabia.- Quanto a ver o teu filho crescer... francamente sabes que não precisamos de estar casados para isso. De qualquer forma passas mais tempo nas tuas tournés do que em casa e sempre que cá estiveres terás livre acesso a criança.- Dizendo isso passei a mão carinhosamente pelo meu ventre, gesto que ele acompanhou com os olhos e continuei.- Não percebo como tens tanta preocupação pelo bem estar do bébé quando ainda não me perguntaste sequer o sexo do nosso filho ou qualquer outra coisa.

Era evidente pela expressão do seu rosto que ele tinha ficado mortificado e envergonhado pela falta de interesse demonstrado, e não me surpreendeu nada quando ele resolveu me atacar em vez de se defender.

- E diz-me de quem é a culpa? Estás grávida de sete meses e eu só soube agora porquê? Não achas que devias me ter dito alguma coisa mais cedo?

Ele tinha razão... eu devia-lhe uma explicação.

- Só soube que estava grávida quando estava com quatro meses de gestação... nem imaginas o choque quando descobri. Precisei de várias semana para aceitar que ia ser mãe e de muito mais tempo para ganhar coragem para te ligar.

- Coragem para me ligar !!! Não compreendo Sara... francamente não compreendo... já tínhamos falado sobre essa eventualidade, sabias perfeitamente que te apoiaria incondicionalmente ... então porque tinhas medo da minha reacção?

- A questão não era se irias aceitar a gravidez ou estar ao meu lado...sabia perfeitamente que poderia contar contigo para isso. O problema é que ainda estava magoada contigo.- A compreensão apareceu no seu lindo rosto.- A última vez que estivemos juntos não foi a mais agradável. Vivi com a dor da tua rejeição durante muito tempo antes de a aceitar, e quando finalmente as coisas pareciam se acalmar descubro que estou grávida. Cada vez que pegava no telefone vivia aquele ultimo momento em que me expulsaste do quarto e da tua vida dizendo que me ias esquecer, riscando-me da tua existência. - Tive de parar um segundo para respirar e reter as lágrimas que teimavam em quere vir a superfície.- Quando soube que vinhas cá passar uns dias, foi como um sinal de que não podia mais adiar e foi então que te liguei ...

- Sofreste muito com a nossa separação?- Ele não pareceria nada convencido disso.

-O que é que tu julgas? - Respondi irritada.- Eu estava completamente apaixonada por ti, deixei outra pessoa por um amor que no fim de contas nunca foi correspondido. Seria uma mulher sem coração se não sofresse a perda de um amor... mas agora passou...

-Ainda bem que sofreste...

- És mesmo horrível! Como podes ficar contente com o meu sofrimento?

- Porque eu sofri também como um condenado...- Confessou num sussurro.

Nesse instante, e sem pré-aviso, Marco agarrou-me e puxou-me para os seus braços para depois se apoderar da minha boca. Não opus qualquer resistência, a parte física do nosso relacionamento nunca tinha sido problema e embora não pretendesse que as coisas avançassem sem estar tudo resolvido, porque só iria complicar as coisas,  não queria no entanto negar-me a esse prazer de ser novamente desejada por ele e talvez amada por ele...pelo menos só desta vez.

O seu beijo era como eu me lembrava e muito mais, não sei se por estar grávida e mais sensível mas senti-me excitada ao primeiro toque dos seus lábios. Deliciei-me com a doçura revestida de paixão com a qual ele explorava cada recanto da minha boca. Apetecia-me ficar a beija-lo por horas...

Os seus braços que inicialmente só me apertavam num abraço apaixonado, afrouxaram devagar para passar a dar oportunidade as suas mãos ansiosas de explorar o meu corpo. Senti a caricia delicada dos seus dedos sobre os meus seios intumescidos, e por um segundo praticamente perdi a consciência de mim mesma.

Marco escolheu esse momento para me afastar ligeiramente dele e para pedir numa voz rouca de excitação.

- Casas comigo... minha tarte de morango?

Nesse momento senti fugir todo o ar dos meus pulmões e o meu coração perdeu uma batida ...
















Eternamente  (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora