Part 27

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Quem espera.... desespera...

Passaram-se dois dias sem ter qualquer noticia deles. A cada instante que passava via a minha esperança de felicidade fugir das minhas mãos.

Era estranho como as coisas da existência funcionavam.

Nessa entrou na minha vida pelas mãos de Marco e gostei dela desde o primeiro instante, mas apaixonada como estava achei que era uma simples atração sexual, não lhe quis dar importância, nem estranhei o facto de nunca ter sentido este tipo de tendências sexuais antes de a conhecer.

Mas quem não se sentiria atraído por ela!!

Ela era linda de morrer, divertida, inteligente , talentosa...acho que poderia continuar por horas a enumerar as suas qualidades.

E essa deusa me amava, sempre amou ...e eu sempre soube.

Tinha-me recriminado por me aproveitar desse facto para mantê-la perto de mim, mas hoje sabia que era um motivo ainda mais egoísta que me fazia querer retê-la.

Quando o risco de perde-la se tornou real na minha cabeça é que eu percebi...

Eu a amo.

Mas também....

Eu o amo.

Andei a pesquisar na internet e o que me acontece não é estranho ou novo, até tem um nome - Poliamor

Foi com grande alivio que li a historia de vários casais que conseguiram fazer com que esse tipo de relação desse certo e que a consideram natural . Fiquei horas lendo e vendo reportagens a respeito.

Senti-me normal, mesmo sendo diferente.

Quando estamos a espera, a nossa vida parece ficar parada no tempo. Cada segundo que passa come-nos por dentro, enfraquecendo a nossa vontade e a nossa ilusão.

Desde que tinha tomado a decisão de só aceitar os dois, sabia que eram escassas as chances de ver o meu desejo ser concretizado. Pensava que estava preparada para a rejeição que ia sofrer, porque estava tão certa de que era isso que iria acontecer que me preparei somente para o pior. E a medida que o tempo passava a sementinha da esperança que vivia escondida no fundo do meu coração morria devagarinho.

Nesse dia tinha ido ao médico para uma consulta de rotina o que ajudou a focar-me noutra coisa. O médico mostrou-se satisfeito com o desenvolvimento do bebé e mandou-me para casa com mais uma tonelada de vitaminas.

Quando cheguei a casa tive uma sensação de "dejà vu" Nessa estava sentada nos degraus em frente da minha porta de entrada. Uma mistura de expectativa e receio me assaltou e o meu primeiro impulso foi atirar-me nos seus braços, instinto que refreei ...mas a partir dai fiquei sem saber como agir. Quando vi Nessa levantar-se e tomar a palavra, dei graças a Deus .

-Ola princesa, está tudo bem? sentiste muita saudade?- O sorriso de deboche que tomou conta do seu rosto enquanto ela falava deixou-me furiosa!

Será que ela tinha somente vindo até aqui para brincar com a minha miséria?

Passei por ela sem responder, abri a porta e entrei. Sabia que Nessa estava mesmo atrás de mim ...podia senti-la, e quando cheguei a sala virei-me, encarando-a e dobrando os meus braços sobre o peito, sabia que era um gesto de defesa mas não consegui evita-lo, simplesmente porque também criava uma barreira entre nós da qual eu precisava nesse momento.

Queria mostrar que estava preparada e que nada que ela me dissesse poderia me magoar...Tinha que ser forte, por mim e pelo meu bebé. De qualquer forma não podia mais suportar essa angustia de não saber.

Eternamente  (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora