#IntrometidoEsquentadinho
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O dia passou rapidamente, e agora a dupla de amigos, que não desgrudava-se um segundo sequer, encontrava-se em uma sorveteria do shopping, apenas conversando sobre assuntos aleatórios e banais, enquanto cada um saboreava seu sorvete.
No meio da conversa, Mew esticou o braço na intenção de roubar um pouco do sorvete da taça de Gulf, este que bloqueou com sua colher dando início a uma luta de talheres, ambos "atacavam" como se estivessem usando espadas. Uma "guerra" bastante infantil, com direito a trilha sonora, mas que rendeu muitas risadas.
Suppasit defendia sua taça e aproveitando a distração para, com o dedo indicador, pegar um pouco do seu sorvete e passar na ponta do nariz de Gulf. O que foi sujo, se surpreendeu com a atitude e para se vingar, passou o lado de baixo da colher em seu sorvete e, enquanto tentava afastar as mãos de Mew do seu talher, lambuzou a bochecha do amigo, iniciando uma guerra melequenta e grudenta de sorvete.
Depois de quase serem expulsos pela bagunça que fizeram, a dupla dirigiu-se para o banheiro a fim de se limparem, o que resultou em uma nova guerra, mas dessa vez de água, rendendo uniformes meio molhados e cabelos pingando. Após toda essa brincadeira resolveram assistir um filme e, sentados nas poltronas do fundo, eles apenas aproveitavam a companhia um do outro, enquanto dividiam um balde enorme de pipoca.
A tarde passou assim, com Mew e Gulf desfrutando da presença um do outro. Agora eles estavam no carro com Tong e Fluke, que insistiram em buscá-los e levar Gulf para casa, alegando estar tarde demais para uma criança andar sozinha na rua.
— Aonde você estava?
Essa foi a primeira coisa que Gulf escutou quando entrou em casa. Seus pais estavam sentados no sofá o encarando com um olhar nada amigável. E foi aí que Kanawut se lembrou que estava fora de casa desde ontem, e talvez ele estivesse um pouco encrencado.
— Estou esperando uma resposta, Gulf Kanawut! — o pai falou, totalmente impaciente.
— Estava com um amigo. — respondeu em um tom baixo, deixando sua mochila ao lado da porta.
— Não sabe pegar esse celular pra avisar não? — o homem tinha uma expressão séria, enquanto encarava o filho, esperando por uma explicação.
— Eu esqueci. — mentira.
— Então por que não atendeu minhas ligações? — o mais velho ficava cada vez mais irritado.
— Meu celular descarregou. — outra mentira, Kanawut apenas colocou o aparelho no silencioso para aproveitar sua tarde com Mew.
— Você tem celular pra que então? — sua voz expressava sua irritação.
— Não sabia que se importava com o paradeiro do seu filho. — falou sem pensar, a sua voz tão baixa que parecia um sussurro.
— Você ainda tem a audácia de me responder? — aproximava-se de modo intimidador do garoto, que apenas recuava discretamente. — Ficamos preocupados, sua mãe principalmente. Você sabe o quão sério foi o que você fez? Sair sem avisar, não dormir em casa, você ainda mora conosco, nos deve satisfações, não pode sair quando bem entender.
— Como se vocês importassem comigo. — despejou.
— O que você disse? — perguntou irritado.
— Como se vocês importassem comigo. — repetiu.
— É claro que nos importamos, meu filho. — foi a vez da mulher falar. — O que te leva a pensar que não?
— Tudo?! — respondeu como se fosse óbvio. — Vocês vivem para trabalhar...
— Nós trabalhamos para te dar uma vida melhor! — o pai respondeu.
— O que isso importa se eu não tenho o principal que é a atenção de vocês?!
Gulf estava chateado, irritado e com um nó gigantesco na garganta. Não esperou uma resposta dos dois, apenas subiu as escadas e trancou-se no quarto. Seus pais foram atrás, mas Gulf não abriu mesmo com os gritos do homem, Kanawut chorava no canto do quarto e se esforçava ao máximo para conseguir respirar, parecia que seus pulmões estavam em chamas, tentava de toda forma se acalmar mas nada adiantava. Sua situação piorou ao ouvir barulho de chaves e a porta ser aberta, levantou-se rapidamente sentindo o mundo girar em sua volta, porém manteve-se firme, esperando o que vinha a seguir.
— A nossa conversa não terminou! — o homem falou irritado, Gulf nada disse. — Eu não sei que tipo de influência você anda tendo, mas saiba que não aceito esse tipo de comportamento dentro da minha casa — o mais velho estava furioso, contudo ainda mantinha uma certa distância do filho.
— Esse comportamento é de um filho que não aguenta mais! —forçou-se a dizer — De um filho que não nem um terço do carinho dos pais, de um filho-
Sua fala foi interrompida por um tapa que acertou a lateral do seu rosto o deixando sem reação, foi seu pai, seu pai havia lhe batido. O mais velho, ao dar-se conta do havia feito, arregalou os olhos e, com um arrependimento no olhar, aproximou-se do filho, este que apenas recuava, balançando a cabeça em negação tentando absorver o que tinha acontecido.
— Gulf... Eu não queria... me... me desculpa... Gulf... Por favor...
Ele estava desesperado, nunca tinha levantado a mão para ninguém, não era a favor da violência, mas acertou um tapa em seu filho. Ele bateu em seu único filho em um momento de raiva, estava sentindo-se muito culpado, não queria ter feito aquilo, encontrava-se em conflito com seus princípios, ao passo que tentava retomar o controle da situação, mas era tarde demais, Gulf já descia rapidamente as escadas, correndo para fora de casa e quando conseguiu, finalmente, voltar a realidade, já não era possível encontrar sinais do seu primogênito na rua, ainda mais com a chuva que caia.
— Você fica aqui, está chovendo muito, eu vou procurá-lo, Gulf não deve ter ido muito longe. — o homem falou para a esposa, pegou a chave do veículo e saiu
Kanawut corria e corria, ele queria estar com o Mew agora, ele necessitava estar com o Mew nesse exato momento, mas os últimos acontecimentos e o choro o atrapalhavam na busca pelo caminho da casa do outro. Cansado de correr e encharcado pela chuva que caia, sentou-se em um banco de uma pequena praça, respirou fundo pegando seu celular para poder ligar para Suppasit, que atende no segundo toque, com a voz animada.
— Já está com saudade, senhor Esquentadinho? — Mew brinca do outro lado, Gulf queria muito rir, ou dar uma má resposta apenas por implicância, mas tudo que ele quer nesse momento é chorar, chorar e chorar. Ele tenta disfarçar a voz embargada, pois sabe que Suppasit sairia desesperado se soubesse o estado em que estava, mas sua tentativa falha assim que um soluço de choro escapa. — Gulf? O que aconteceu? Você está chorando? — sua voz, antes calma, agora expressa preocupação, o que só faz com que o choro de Gulf se intensifique. — Aonde você está? — não recebeu uma resposta. — Me mande sua localização, okay? Me espere aí, eu já estou chegando. — Kanawut mandou sua atual localização para Mew que apareceu em menos de meia hora, com Tong e Fluke.
Gulf estava encolhido no banco quando Mew aproximou-se com Fluke logo atrás com um guarda-chuva para tentar protegê-los. Ao sentir a presença de Suppasit, Kanawut não teve outra reação senão abraçá-lo, sentir seu cheiro o acalmou por uns instantes, antes do ardor em sua bochecha o trazer de volta a realidade.
— Mew a chuva está muito forte, temos que sair daqui. — o mais velho falou.
Tentou levantar Gulf, mas este parecia exausto demais para fazer qualquer movimento, pegando-o em seu colo o carregou até o carro. Nenhum dos três perguntou nada, nem mesmo sobre a visível marca avermelhada em sua bochecha, Suppasit deixou que o amigo apoia-se em seu ombro, enquanto seu corpo era dominado pelo sono. Ele estava no seu porto seguro.
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Um Anjo em minha Vida | MewGulf
FanfictionGulf é um estudante mediano que prefere evitar confusões, focado em viver sua vida de forma tranquila. Mew, recém-transferido para um novo colégio, é um rapaz bonito em busca de se adaptar ao ambiente desconhecido. O destino os entrelaça quando Mew...