[12] Abraço

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#IntrometidoEsquentadinho

🌻

— Eu quero voltar para casa. — Gulf disse horas antes do jantar.

— Tem certeza? — Mew não queria prendê-lo em sua casa, porém queria ter a absoluta certeza de que o amigo não estava agindo por impulso. — Não vou te impedir, mas não se force a nada que você não aguente no momento. — aproximou-se, sentando ao seu lado na cama.

— Ficar adiando esse momento só o torna difícil, tenho medo de perder a coragem.

— Se você está certo disso... vou falar com P'Tong, nós te levamos em casa. — falou e saiu do quarto.

Gulf desceu minutos depois, sua cor havia voltado, porém ainda sentia seu corpo um pouco mole. Mew segurou sua mão durante todo percurso de volta a sua casa, Kanawut estaria mentindo se falasse que não estava nervoso e com medo, nunca discutira com seus pais, não sabia qual seria a reação deles e depois do acontecimento anterior temia ainda mais ficar frente a frente com eles novamente.

— Posso ficar lá durante a conversa se você quiser. — Mew falou quando o amigo hesitou para abrir o portão.

— Eu só... — a sua frase morreu na metade, nem ele sabia o que queria no momento.

— Você está com medo, está no modo defensivo, isso é completamente normal e compreensível, não se martirize por se sentir assim. — segurou em sua mão — Vou entrar com você. — dito isso, abriu o portão, guiando Gulf para dentro da casa.

O casal estava sentado no sofá, seu pai, que sempre prezou pela sua aparência, estava com a barba por fazer, e cabelo e roupas bagunçadas, sua mãe não encontrava-se muito diferente. Não sabia se devia, mas estava com pena deles, principalmente de seu pai, nunca o vira nesse estado, nem mesmo quando sua empresa quase foi à falência, Gulf era uma confusão de sentimentos e lutava a todo instante com um nó que crescia em sua garganta.

— Vou estar na cozinha, se precisar me chame. — Mew sussurrou próximo ao ouvido de Kanawut e saiu.

— Gulf, meu filho... — a mãe disse com a voz de choro, aproximou-se querendo tocar em seu primogênito, mas perdeu a coragem no meio do caminho.

A tensão no cômodo era palpável, ambos com os olhos marejados e palavras entaladas na garganta, ambos em uma confusão de sentimentos, de frases não ditas, de amor não demonstrado, de tempo perdido. Uma família que encontrava-se quebrada, que tentava juntar os cacos sem se machucar ainda mais, uma família que não sabia por onde começar, uma família de pessoas que não se conheciam, uma família que não era família.

— Sente-se, Gulf. Acho que nós temos muito o que conversar. — o pai falou, com a voz rouca, apontando para a poltrona. Esperou seu filho acomodar-se para continuar. — Nós ficamos preocupados quando você saiu daquele jeito.

— Não sabíamos onde te encontrar. — A mãe segurava-se para não chorar.

— Você nunca nos contou desse amigo, só o conhecemos ontem quando ele veio nos contar que você estava na casa dele. — o pai continuou.

— Não me surpreende, vocês nunca tiveram interesse na minha vida mesmo. — Gulf não tinha energia e nem vontade de medir suas palavras ou tentar ser educado, pouco se importa se era seus pais que recebiam duras palavras.

— Isso não é verdade, meu amor. — a mulher tentou argumentar.

— Não? — o mais novo perguntou indignado — Me fala o nome de outro amigo meu além do Mew!?

Silêncio. O casal não sabia o que falar, eles de fato não sabiam de outros amigos ou colegas, nem mesmo nome de antigas pessoas que já passaram pela vida do filho, a mãe ficou vermelha de vergonha, enquanto o pai tentava colocar seus pensamentos em ordem. Gulf aproveitando o silêncio continuou:

Um Anjo em minha Vida | MewGulfOnde histórias criam vida. Descubra agora