[17] Converse com Mew

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#IntrometidoEsquentadinho

🌻

No momento eles estavam no quarto de Prem, depois do acontecido os amigos de Gulf desistiram do passeio e o levaram para o quarto do amigo, o clima do ambiente não estava muito bom, e depois do reencontro inesperado, não era como se Gulf ainda tivesse cabeça para sair ou se divertir.

— Gulf você está bem? — Fluke perguntou.

"Bem" era a única coisa que Kanawut estava, ele não sabia descrever como se sentia. Feliz por ter reencontrado Mew? Chateado pela forma como ele o deixou? Ou extremamente bravo e frustrado por ter que dividir o quarto com ele? Gulf não sabia, e acho que nem queria saber.

— Estou, eu acho. — respondeu desanimado.

— Se você quiser conversar, estamos aqui! — Fluke falou, sentando ao lado de Gulf na cama.

Mild se encontrava sentado na beirada do colchão, estranhamente quieto, ele parecia perdido em seus próprios pensamentos. E Prem, bom, Prem estava sendo Prem, sentado na outra ponta da cama, apenas observando e fazendo um comentário ou outro de vez em quando.

— Eu só não esperava o encontrar assim do nada. — falou por fim.

— Ele queria conversar, você vai aceitar? — Prem perguntou.

— Por mais que eu queira uma explicação sobre o que aconteceu, não sei se estou pronto para saber.

— Você pretende fazer o que então? Ele é seu colega de quarto agora! — Fluke falou.

— Não sei, eu realmente não sei! A gente pode, por favor, mudar de assunto?! — Gulf pediu.

Seus pensamentos estavam embaralhados, seus sentimentos entraram em contradição, estava feliz por vê-lo vivo e bem, mas ficava bravo ao lembrar que foi abandonado, uma mistura de alívio e raiva, felicidade e tristeza.

Antes ele não ligava muito para isso, achava que era um sentimento normal que se tem por um amigo, mas compreendeu que aqueles sentimentos eram tudo, menos amizade. O que doía era ter aberto seu coração, deixasse que ele conhecesse seu verdadeiro eu, conhecesse seus medos, seus sonhos. Seu erro foi ter deixado Mew mexer com sua vida de uma tal maneira que Gulf era incapaz de explicar, era como se, sem ele, algo faltasse, como um quebra-cabeça sem a última peça.

Mew sabia muito sobre Gulf, sabia como lê-lo, como decifrá-lo, traduzi-lo, sabia suas falhas, sabia interpretar as entrelinhas de suas falas, pois sabia que Gulf não conseguia colocar em palavras tudo o que sentia. Sem se dar conta, deixou que Mew se tornasse uma parte de si, que agora, mesmo estando debaixo do mesmo teto, estava distante, desencaixado.

Sem perceber deixou todos esses sentimentos transbordarem, saindo de si em forma de lágrimas. Ação que pegou de surpresa seus amigos, que logo se reuniram ao redor dele. Prem segurou uma de suas mãos, fazendo leves carícias para tentar consolá-lo, Fluke abraçou sua cintura, Mild sentou ao seu lado, o puxando para deitar em seu peito enquanto mexia em seus fios.

Gulf era grato por tudo que eles fizeram, porém era impossível esquecer a sensação de estar nos braços de Mew, de sentir seu cheiro, de sentir suas mãos percorrerem seu tronco o acariciando e acalentando. Queria muito escutar a voz de Mew falando que podia chorar, que ele estaria ali, que tudo iria ficar bem, que tudo se resolveria no final, mas não eram os braços de Mew que o rodeavam, muito menos suas mãos que o fazia esquecer de seus problemas.

Gulf não voltou para o quarto essa noite.

Todos os amigos dormiram no quarto de Prem que os emprestou algumas roupas, que ficaram meio desproporcionais no corpo de alguns. Gulf estava no meio, Fluke e Prem deitaram de um lado, fazendo uma conchinha de três, Mild se deitou do outro lado juntamente com Earth, que chegou depois e quase foi até o quarto de Gulf apenas para bater no "otário que abandonou meu amigo!". A noite seguiu com os cinco dormindo abraçados, tentando aconchegar Gulf, que tentava dormir para não pensar nos braços de Mew, para não pensar na voz de Mew, no calor de Mew, para não pensar em Mew!

Um Anjo em minha Vida | MewGulfOnde histórias criam vida. Descubra agora