[08] Filme e Doces

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#IntrometidoEsquentadinho

🌻

Após o jantar, o casal arrastou Mew e Gulf para a sala, mesmo com o último falando que estava tarde e que precisava ir embora, mas Tong ignorou suas reclamações o empurrando para perto do irmão. Fluke estava escolhendo um filme enquanto Tong voltou para cozinha, retornando um tempo depois com duas tigelas enormes de doce, entregando uma para Suppasit que encontrava-se na mesma posição que Kanawut, deitado de barriga para baixo no tapete macio do cômodo, e sentando-se com a outra perto do namorado.

Iniciou-se uma discussão entre assistir uma animação da Disney ou um filme da Marvel, o que resultou em vários argumentos da parte de Fluke, e de Gulf também, sobre o porquê que deveriam ver as produções da Disney e os motivos delas serem superiores. Discussão que durou cinco minutos antes de Fluke mandar o namorado e o cunhado a merda e colocar o filme que escolheu porque ele estava com o controle, portanto quem mandava era ele.

Mew fez uma careta para o namorado do irmão, mostrando a língua logo em seguida, enquanto Tong segurou a tigela com os doces próximo ao peito, fazendo biquinho não deixando seu parceiro pegar e usando o mesmo argumento contra ele.

— Eu estou com a tigela então sou eu quem decide quem vai comer ou não!

Fluke lançou um olhar para ele que Gulf não conseguiu interpretar, mas pelo modo como as mãos do outro tremeram levemente, suspeitou que era alguma ameaça. Segundos depois Tong entregou a vasilha para o namorado, que sorriu meigo, como se não tivesse quase o matado com o olhar um tempo atrás.

Kanawut voltou sua atenção para a TV que já reproduzia o filme escolhido, uma animação nova da Disney, Encanto, e, poxa, tinha certeza que aquele filme não era pra criança, ele se identificou um pouco com cada personagem, tinha que ser perfeito, carregar o peso de obrigações que nem eram deles, além de tentar mostrar seu valor para seus pais, fazer com que eles o enxergassem, uma missão quase impossível.

O longa estava quase no final quando escutou Mew rir e depois uma almofada ser jogada em sua direção. Olhou para o sofá encontrando o motivo da risada do amigo, era Fluke chorando, Gulf riu baixinho enxugando, disfarçadamente, algumas lágrimas que rolaram. Tong abraçava o namorado de lado, rindo discretamente do sentimentalismo dele. Voltou sua atenção ao filme, enquanto pegava distraído os doces da tigela. Ainda ouvia Fluke fungar, reclamando baixinho, dizendo que era injusto e completando com: que essa velha se foda também!

Balançou a cabeça em negação ainda rindo dele. Observou Mew pelo canto do olho, ele apoiava o queixo na mão esquerda enquanto pegava os doces com a direita, não desviando o olhar nenhuma vez da animação. Era uma cena fofa, Gulf ficou com uma estranha vontade de fotografá-lo, mas não queria ser inconveniente, então gravou o máximo de detalhes possível para desenhá-lo depois.

Kanawut estava tão concentrado no filme que se assustou levemente quando sentiu seus dedos encontrarem o da pessoa ao lado no momento em que, sem querer, pegaram o mesmo doce, os dois se olharam e uma corrente elétrica percorreu seus corpos lhes deixando totalmente sem reação. E tudo piora para Gulf quando Mew sorri, e puta que pariu que sorriso, ele poderia congelar aquela cena e ficar admirando por horas.

O efeito que cada ação dele tem contra Gulf é estranho, de um jeito bom, nunca ficou assim perto de alguém, é uma novidade esse tipo de sentimento e não consegue evitar o rubor que aparece nas suas bochechas. Por impulso, retirou sua mão de perto da de Mew, não sabe quanto tempo ficaram se encarando, mas quando desviou o olhar o filme já havia acabado.

— Hey, Gulf! Já está tarde, durma aqui hoje. — Tong fala recolhendo as tigelas antes de ir para cozinha.

— Avise seus pais antes, para não ter problemas. — Fluke completa.

— Vem! — Mew chama — Vou pegar as coisas pra você poder tomar banho.

Gulf se levantou seguindo Mew até o quarto. Suppasit vai até o armário revirando em busca de algo, Kanawut pega seu celular no bolso mexendo aleatoriamente em um aplicativo qualquer, não avisou seus pais, eles não ligam mesmo, se brincar nem notaram sua ausência.

— Aqui! — Mew lhe entrega uma toalha, e uma muda de roupa e mostra onde é o banheiro.

Gulf entra na porta indicada, não demorando para se despir e entrar debaixo do chuveiro, deixando a água escorrer pelo seu corpo e seus pensamentos fluírem. Era estranho e ao mesmo tempo confortável estar perto dele, na verdade era estranho sentir-se confortável na presença dele, a julgar que não o conhecia há muito tempo. Talvez possa confiar um pouco em Mew, não achava que seria muito extremo dar um pouco de abertura para Suppasit, não depositaria toda sua confiança nele, mas também não sentia necessidade em criar um muro em volta de si quando estava com Suppasit.

Mew já estava de pijama quando Gulf saiu do banho e foi para o quarto vestido com as roupas do anfitrião, uma bermuda de tectel preta e uma camisa branca que ficou um pouco folgada em si. Suppasit não pode evitar de deixar seu olhar percorrer o corpo do outro, assim que notou sua presença no cômodo, balançou a cabeça, depois que percebeu sua ação, desviando dos seus pensamentos anteriores e sorriu, antes de pegar uma pequena toalha que estava jogada em uma cadeira.

— Não é bom dormir com o cabelo muito molhado. — Mew se aproxima, colocando a toalha na cabeça de Gulf, secando seus fios delicadamente.

Gulf sente suas bochechas esquentarem, ficando com uma coloração avermelhada pela milésima vez no dia, e faz a péssima escolha de olhá-lo, consequentemente fazendo com que seus olhares se encontrassem. Nenhum deles desviou sua atenção um do outro, enquanto Suppasit secava os fios da visita, era como se suas pupilas fossem dois ímãs de polos opostos que se atraem de uma maneira inexplicavelmente forte, não permitindo que se afastassem, uma força tão grande que parecia fazer o tempo parar só para eles ficarem se olhando.

— Bom... é... — ele coça a nuca meio sem jeito depois de se afastar de Kanawut — eu não tenho colchão sobrando, mas a cama é grande, se você não se importar, mas se você quiser eu...

— Tudo bem, eu não me importo. — sorriu meio tímido.

Mew terminou de arrumar a cama e ambos se deitaram, Suppasit de costas para Gulf, e o último estava deitado de barriga para cima encarando o teto iluminado pela luz da lua. Odiava a noite, odiava o escuro, pois nada prendia sua atenção, não tinha nada que poderia parar sua mente que durante a noite insistia em trabalhar a todo vapor, criando paranoias e disparando pensamentos melancólicos que não ajudavam muito a sua ansiedade.

Segurava-se ao máximo para não chorar, sempre acontecia quando pensava demasiadamente. Era involuntário, não é como se conseguisse controlar toda vez, mas queria muito conseguir dessa dessa vez, não queria chorar na frente de Mew, não queria deixá-lo preocupado ou algo do tipo, mas tudo foi por água abaixo quando escutou o garoto, ao se virar para si, perguntar:

— Está tudo bem, Gulf?

Um Anjo em minha Vida | MewGulfOnde histórias criam vida. Descubra agora