23 - Talibã

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Gael Souza | Talibã 💸

Acordei no susto com o celular tocando, levantei com cuidado pra não acordar a Agnes, me troquei correndo e fui pra cama.

— Ei Agnes, acorda. — Chacoalho ela. —

Agnes: Que foi? — levanta. — Está com essa cara porque?

— Está tendo invasão no morro, preciso que você fique aqui segura, tudo bem? — passo a mão na cabeça nervoso.

Agnes: Eu vou com você, espera eu me trocar. — Começa a por as roupas.

— Agnes, você tem que ficar aqui! — digo alto. — Segura ok? Eu tenho que proteger o morro e não vou conseguir com você lá. — ela me olha atenta. — Quando acabar a invasão venho te buscar.

Agnes: Tudo bem, eu.. eu eu amo você. — Sorrio com aquilo.

— Não vou te responder agora porque não gosto de ter a sensação de despedida, quando eu voltar da invasão, quando estiver tudo bem, e eu voltar pra você. Eu te respondo isso. — beijo ela. — Se cuida em.

Agnes: Volta pra mim.

— Eu sempre vou voltar pra você! —sorrio pra ela e pego a pistola em cima da cômoda do quarto.

Saio dali e deixo tudo pago na recepção, inclusive pago um dia a mais pra ela poder ficar tranquila, pego a moto e saio voando dali.

O percurso que eu faria em 1h30 mais ou menos eu fiz em 30 minutos, chego no morro e vou pela parte de estrada de barro, entro em casa no alto do morro e pego o fuzil e encaixo na bandoleira, coloco as munições atravessada nas costas e desço a rua correndo, atirando em todos os vapores que não eram daqui.

Pego o radinho na linha geral.

— Cadê vocês? Tô aqui no meio do morro, tá com contenção na casa da minha mãe? — Digo alto sem parar de atirar, a cena que eu estava presenciando nunca havia visto na vida, o tanto de moradores mortos, estava um verdadeiro caos.

Italiano: Tem gente na contenção, Apólo e os menor estão aí no meio. — suspira. — Joice e o K9 são x9, quem está invadindo é o chapadão.

— Não temos rixa com nenhum morro, porque essa porra agora? — Atiro no mano que estava na minha frente.

Italiano: Não sei mano, mais sabe que te considero pra caralho ne? — sorrio com isso. — Eu dou minha vida por você e pelos moradores.

— Eu dou minha vida por você, nada vai te acontecer está me ouvindo? Eu e você pra sempre entendeu? Você está proibido de morrer. Se for pra ser que seja eu. — ele ri.

Italiano: É isso.

— Manda um papo aí pro teu chefe. — Escuto pelo italiano. — Passa o morro dele pra mim e você fica vivo, pode ser?

Italiano: Sabe, aqui na nossa tropa não tem arrego e se for pra morrer salvando o pessoa, tô pronto

O radinho desliga e se antes eu tava de boa agora eu tô apavorado pra caralho.

Vou cortando caminho pelos becos e atirando em tudo que não é meu vapor.

— TZ e Coronel, aí está de boa? — falo no radio.

Coronel: Tá suave, ninguém avançou aqui. — respiro fundo.

— Continua na contenção da coroa. — Recarrego a arma. — Preciso de vapores comigo, vamo descer pra boca, o dono do chapadão está pra lá.

Logo chega o Apólo, Coutinho, J7 e o Leão.

Descemos pilhadão, já tinha mais de duas horas de confronto, eu estava cansado pra caralho, imagine os parceiro que estavam aqui antes de mim.

Greco: Olha se não é o dono do Lins. — Gargalha. — Passa o morro e eu deixo esse filho da puta daqui vivo. — Olho pro italiano que agora estava rindo.

— Qual foi da tua porra? — engulo saliva. — Brota com invasão no morro dos outros e ainda acha que tem moral de decidir os bagulhos? — olho pro trás vendo meus vapores rendendo os dele.

Greco: Ou tu pega e se rende e passa o morro pra mim, ou aquela vagabundinha ali morre. — Diz e logo um vapor trás a Agnes com uma arma na cabeça dela.

Caralho, mil vezes caralho.

Como acharam onde ela estava? Porra.

— A para caralho, solta os dois aí e eu deixo você sair vivo. — Observo o R9 e Coutinho ir por trás e ficar nas costas do cara que estava com a Agnes, a mesma chorava pra caralho.

Greco: Deixa eu pensar, não. Você tomou tudo que era meu por direito, ou você acha que eu não senti falta da porra de uma mãe. — olho pra ele confuso.

— De que porra tu tá falando aí? — Distraio ele enquanto os meus parceiros pegam a Agnes e em seguida o Italiano.

Greco: Vai dizer que não sabe que sou a porra do teu irmão, que a vagabunda na tua mãe não quis? — olho pra ele no ódio.

— Tu fala direito na minha mãe seu filha da puta. — vou pra cima dele enchendo ele de soco, logo escutando um barulho de tiro.

Não presto a atenção de onde o barulho do tiro veio, eu tava no ódio e sedento pelo sangue desse filho da puta, nós dois saímos rolando na porrada, paro de bater no mesmo quando ouço o grito estridente da Agnes.

Agnes: Talibã pelo amor de Deus, ajuda o Italiano. — tenta engolir o choro. — Você não pode morrer seu filho de uma puta, invejoso eu não deixo, a Cami não deixa.

— Me viro pro Italiano. — EU NÃO DEIXO VOCÊ MORRER CARALHO, OLHA PRA MIM PORRA, olha pra mim. — nem dou atenção pro Greco, pra mim só tem o italiano ali, me viro pro Greco. — Tu pega teus vapores e mete o pé daqui, isso aqui. — Aponto para os arredores. — Não acabou.

Vejo o mesmo meter o pé com os vapores e encaro a Joice e o K9 que estavam ali.

— Coutinho, leva esses filhos da puta pra salinha. — ele assente e faz o que eu pedi.

Observo o R9 chegar com o carro e coloco o Italiano la dentro. Ele estava com um tiro no peito, Agnes entra do outro lado tremendo toda enquanto faz pressão no buraco da bala.

— Apólo, cuida dos moradores que morreram e dos vapores, coringa e leão faz o balanceamento das percas e da ajuda das famílias envolvidas e dos moradores. — eles assentem.

Italiano: Li...liga pra Camila. — Ele tosse. — Diz que eu a...amo ela.  — sorri pra mim. — t..te amo Talibã, tu é meu irmão.

— Para caralho voce não cai morrer e vai dizer isso pra ela! — a altura do campeonato a Agnes só chorava e eu tava perdido.

R9 dirigiu rapidão pro hospital e eu desci com o italiano no colo.

— Ajuda aqui porra, ele levou um tiro. — As enfermeiras trouxeram a maca e o levaram sala a dentro.

Enfermeira: Preciso que faça a ficha dele e espere aqui fora. — Faço o que ela pede e espero sentado ali, ela sai logo voltando pra sala que estava em seguida volta. — Ele vai passar por uma cirurgia de urgência, a bala se alojou e se espalhou ali.

Olho pra cima, e pela primeira vez na vida, orei, orei pra caralho, se o pai existe ele vai me ajudar nessa.

Agnes: Ele vai ficar bem. — abraça e faz carinho no meu cabelo. — Vai ficar tudo bem.

E foi ali, nos braços dela que me permiti chorar pela primeira vez...

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