Capítulo 3

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Hey pessoinhas.. como estão?
Esqueci completamente de postar outro ontem! Fiquei enrolada!!
CAMILA ESTA NO BRASIL!!!

Boa leitura!! Não esqueçam de comentarem suas dúvidas e interagirem!
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SHAWN MENDES

Até onde você consegue ver, essa terra é nossa. Nunca se esqueça disso. Essa terra era do meu pai e, antes, do pai dele. Esse território é e sempre foi dos Mendes, remontando aos tempos dos Antigos. Nós somos as primeiras famílias, e todo pássaro que sobrevoa essas terras, todo ar que é respirado, cada gota d’água que cai, tudo isso a nós pertence. Nós fazemos as leis aqui. Nós somos os donos do que quer que você consiga ver. Nunca permita que um só punhado de solo deslize por seus dedos, ou você perderá isso tudo...

Coloquei a mão do meu pai na lateral de seu corpo. Sua pele estava fria, seus dedos, rígidos. Ele estava morto fazia horas. Parecia impossível.

Apenas quatro dias atrás, ele estava saudável e forte, e então apertou o peito enquanto se erguia em seu cavalo e teve um colapso. A profetisa disse que um inimigo havia lançado um feitiço nele. O curandeiro disse que foi seu coração, e que nada poderia ser feito. O que quer que tenha sido, ele se fora em questão de dias.

Doze cadeiras vazias ainda estavam dispostas em círculo em volta de sua cama; a vigília tinha acabado. Os sons das longas despedidas haviam dado lugar a uma descrença silenciosa. Empurrei minha cadeira para trás e saí para a varanda, inspirando fundo. As colinas se estendiam em ondulações brumosas até o horizonte. Nem um único punhado, eu prometera.

Os outros esperavam que eu saísse do quarto usando o anel dele. Agora, meu anel. O peso de suas últimas palavras fluía por mim, fortes e poderosas como o sangue dos Mendes.

Inspecionei a infinita paisagem que era nossa. Eu conhecia todas as colinas, todos os desfiladeiros, todas as escarpas e todos os rios. Até onde você consegue ver.

Tudo isso parecia diferente agora. Afastei-me da varanda. Os desafios logo surgiriam. Eles sempre vinham quando um Mendes morria, como se o fato de haver um a menos fosse nos derrubar.

A notícia alcançaria muitos quilômetros espalhados além de nossas fronteiras. Era uma época ruim para ele morrer. As primeiras colheitas estavam chegando, os Previzi exigiam uma porção maior de suas cargas e Fertig havia pedido a mão de minha irmã em casamento. Ela ainda estava se decidindo. Eu não gostava de Fertig, mas amava a minha irmã.
(Previzi: mercadores ilegais.)

Balancei a cabeça e me afastei do corrimão. Patrei. Cabia a mim agora. Eu manteria minha palavra. A família permaneceria forte, como sempre fora.
(Patrei: líder)

Puxei a minha faca da bainha e voltei para a cama do meu pai. Cortei o anel de seu dedo inchado, deslizei-o para o meu próprio dedo e saí para um corredor cheio de rostos à espera.

Eles olharam para a minha mão, resquícios do sangue do meu pai no anel. Estava feito.

Um ribombo de solene reconhecimento soou.

— Vamos lá —, eu disse. — Está na hora de nos embebedarmos.

*****

Nossos passos ecoaram pelo saguão principal com determinação singular, enquanto mais de uma dúzia de nós se dirigia até a porta. Minha mãe saiu da antecâmara a oeste e perguntou aonde eu estava indo.

— À taverna. Antes que a notícia esteja por toda parte.

Ela deu um tapa na lateral da minha cabeça.

— A notícia se espalhou há quatro dias, seu tolo. Os abutres sentem o cheiro da morte antes que ela chegue e passam a circundá-la tão rapidamente quanto. Na semana que vem eles já estarão lambiscando os nossos ossos. Agora vá! Deixe esmola no templo primeiro. Depois você pode beber até cair. E mantenha os straza por perto. Estes são tempos incertos!
(Straza: guardas pessoais)

Ela também desferiu um olhar feio de aviso para os meus irmãos, e eles, obedientes, assentiram. Seu olhar se voltou novamente para mim, olhos ainda de ferro, espinhos e fogo, claro, mas eu sabia que atrás deles havia uma parede dolorosamente erguida.

Ela não chorou nem mesmo quando meu irmão e minha irmã morreram, mas canalizou suas lágrimas em uma nova cisterna para o templo. Ela olhou para o anel no meu dedo e mexeu levemente a cabeça para cima e para baixo.

Eu sabia que isso a perturbava, ver o anel no meu dedo depois de vê-lo por vinte e cinco anos no dedo do meu pai. Juntos, eles haviam fortalecido a Dinastia dos Mendes. Eles tiveram onze filhos juntos, nove deles ainda vivos, além de um filho adotivo — uma promessa de que o mundo deles apenas ficaria mais forte.

Foi esse o seu foco, em vez de se concentrar naquilo que havia perdido prematuramente. Ela colocou minha mão em seus lábios, beijou o anel e então me empurrou porta afora.

Enquanto descíamos os degraus da varanda, Titus sussurrou bem baixinho:

— Esmola primeiro, seu tolo!

Eu o empurrei com o ombro, e os outros riram enquanto ele descia os degraus aos tropeços.

Eles estavam prontos para uma noite de encrencas. Uma noite de esquecimento.

Ver alguém morrer, alguém que era tão cheio de vida como o meu pai, que deveria ter tido anos pela frente, era um lembrete de que a morte espreitava sobre os ombros de todos nós.

Meu irmão mais velho, Niall, aproximou-se hesitante enquanto caminhávamos até os cavalos que nos esperavam.

— Zayn virá.

Assenti.

— Mas ele vai demorar.

— Ele tem medo de você.

— Não o bastante.

Brian deu um tapinha nas minhas costas.

— O Zayn que se dane. Ele não vai comparecer ao sepultamento, isso se ele ao menos pisar nessas terras. Por ora, só precisamos deixar você bêbado como um gambá, Patrei.

Eu estava pronto. E precisava disso tanto quanto Brian e todo o resto do pessoal. Eu precisava colocar um fim nisso tudo para que todos nós seguíssemos em frente com nossas vidas.

Por mais fraco que meu pai estivesse antes de morrer, ele conseguiu dizer muita coisa em seus últimos suspiros. Era meu dever ouvir cada palavra e dar meu voto de lealdade, mesmo que ele já tivesse dito tudo aquilo antes. Ele dissera aquilo a minha vida toda. Estava gravado em minhas entranhas, assim como o selo dos Mendes tatuado em meu ombro.

A dinastia da família, tanto os de sangue como aqueles por nós abraçados, estava segura.

Ainda assim, suas últimas instruções, dadas com dificuldade antes de ele morrer, me devoravam por dentro. Ele não estava preparado para soltar as rédeas assim tão cedo.

Os Mendes não se curvam para ninguém. Faça com que ela venha. Os outros haverão de notar. Essa parte poderia se revelar um pouco mais difícil.

Os outros abutres que vinham circulando, na esperança de tomar nosso território, eram aqueles que eu precisava esmagar primeiro — principalmente Zayn.

Não importava que ele fosse meu primo, ele ainda era a progênie ilegítima de meu antigo tio que havia traído sua própria família.

Zayn controlava o território menor de Ráj Nivad ao sul, mas não era o bastante para ele. Como o restante de sua linhagem, ele era consumido pelo ciúme e pela ganância. Ainda assim, ele era sangue do meu sangue e viria prestar homenagens ao meu pai — e calcular nossa força.

Ráj Nivad ficava a quatro dias de cavalgada daqui. Ele ainda não sabia de tudo e, ainda que soubesse, demoraria o mesmo tanto para chegar aqui. Eu tinha tempo para me preparar.

Nosso straza gritou para a torre, e eles, por sua vez, gritaram para os guardas do portão, liberando nossa passagem.

Os pesados portões de metal se abriram com rangidos, e nós os atravessamos cavalgando. Eu sentia os olhos em mim, na minha mão. Patrei.

A Boca do Inferno ficava no vale logo abaixo da torre da Vigília de Tor, com apenas algumas partes visíveis através das copas das árvores de tembris que a circundavam como uma coroa.

Uma vez eu havia dito ao meu pai que eu ia subir no topo de cada uma delas.

Eu tinha oito anos de idade e não me dei conta de quão alto no céu elas subiam, até mesmo depois que o meu pai disse que o topo das tembris era o reino dos deuses, não dos homens — eu não cheguei tão longe assim, certamente não no topo. Ninguém jamais tinha feito isso. E, por mais altas que se erguessem as árvores, suas raízes chegavam às bases da terra. Elas eram as únicas coisas mais enraizadas nesta terra do que os Mendes.

Assim que chegamos à base da colina, Niall gritou e saiu na frente do bando. O restante de nós o seguiu, com o atropelo dos cascos dos cavalos ressoando em nossos ossos.

Gostávamos de fazer com que nossas chegadas na cidade fossem bem anunciadas.

*****

O sino soava brando, tão delicadamente quanto cálices de cristal se encontrando em um brinde. O som ecoava pelos arcos de pedra do incontestável templo.

Por mais desordenada e barulhenta que fosse a nossa entrada na cidade, a família respeitava a santidade do templo até mesmo quando baralhos, uísques e barris de cerveja ale surgiam bem diante de nossos olhos.

Niall, Aaliyah e Titus se ajoelharam ao meu lado, e Madson, Samuel, Aram e Brian, do outro. Ocupamos toda a fileira da frente. Nossos straza — Drake, Tiago e Charus — se ajoelharam atrás de nós.

O sacerdote falou na língua antiga, agitando as cinzas com sangue de bezerro, e então colocou a ponta do dedo molhada pela mistura na testa de cada um de nós.

Nossas oferendas eram coletadas pelos carregadores de esmolas com suas faces sóbrias e então levadas para dentro dos cofres, consideradas aceitáveis pelos deuses.

Mais do que aceitáveis, eu diria. Eram o bastante para contratar um outro curandeiro para a enfermaria.

Mais três toques do sino. Dois. Um.

Nos levantamos, aceitando a bênção do sacerdote, e caminhamos solenemente em fila única para fora do corredor escuro. Santos esculpidos em pilares elevados nos olhavam com soberba, e os cânticos dos sacerdotes flutuavam atrás de nós como um fantasma protetor.

Do lado de fora, Titus esperou até descer todos os degraus e soltou um assovio estridente — o chamado para a taverna. As bebidas seriam por conta do novo Patrei. O decoro perante a morte fizera as emoções de Titus virem à tona. Talvez em todos nós.

Senti um puxão no meu casaco. A profetisa estava aninhada sob a sombra de um pilar, seu capuz cobrindo-lhe a face. Deixei cair algumas moedas em sua cesta.

— Que novidades você tem para mim? — perguntei a ela.

Ela puxou o meu casaco até que eu me ajoelhasse à altura de seus olhos, que eram como lápislazúli e pareciam flutuar, incorpóreos, na sombra negra de seu capuz. Seu olhar contemplava o meu fixamente, e sua cabeça se inclinava para o lado como se estivesse deslizando profundamente por trás dos meus olhos.

— Patrei —, sussurrou.

— Você ficou sabendo.

Ela balançou a cabeça.

— Não pelo lado de fora. Dentro. Sua alma me diz isso. Do lado de fora… ouço outras coisas.

— Que tipo de coisas?

Ela se inclinou, aproximando-se de mim, a voz sussurrada como se temesse que mais alguém pudesse ouvi-la.

— O vento sussurra que eles estão vindo, Patrei. Eles estão vindo atrás de você.

Ela tomou minha mão em seus dedos nodosos e beijou meu anel.

— Que os deuses o protejam.

Puxei a mão com gentileza e me esquivei, ainda olhando para ela.

— A você também.

A novidade dela não era exatamente algo novo, mas não me ressenti pelas moedas que lhe havia jogado. Todo mundo sabia que enfrentaríamos desafios.

Eu ainda não tinha alcançado a base dos degraus quando Lothar e Rancell, dois de nossos supervisores, arrastaram alguém para perto de mim e o jogaram de joelhos na minha frente. Eu o reconheci — Hagur, do leilão de gado.

— Roubo —, disse Lothar. — Exatamente como você suspeitava.

Eu o encarei. Não havia negação em seus olhos, apenas medo. Saquei minha faca.

— Não na frente do templo —, ele suplicou, as lágrimas fluindo nas bochechas. — Eu imploro, Patrei. Não me envergonhe na frente dos deuses.

Ele agarrou as minhas pernas, curvando a cabeça e soluçando.

— Você já está envergonhado. Achou que nós não iríamos descobrir?

Ele não respondeu, apenas chorou e pediu misericórdia, escondendo o rosto nas minhas botas. Eu o empurrei para longe, e seu olhar congelou no meu.

— Ninguém engana a família. — Ele assentiu com veemência.

— Mas os deuses mostraram misericórdia para conosco —, eu disse. Uma vez. E esse é o modo dos Mendes. Nós fazemos o mesmo. Embainhei minha faca. — Levante-se, irmão. Se você vive na Boca do Inferno, você faz parte da nossa família.

Estendi a mão em sua direção. Ele olhou para mim como se o gesto fosse uma armadilha, aterrorizado demais para se mexer. Eu dei um passo à frente, puxei-o para que ficasse em pé e o abracei.

— Uma vez —, sussurrei em seu ouvido. — Lembre-se disso. Pelo próximo ano, você pagará o dobro do dízimo.

Ele se afastou, assentindo em sinal de agradecimento, tropeçando em seus passos enquanto recuava, até que por fim se virou e saiu correndo. Ele não nos enganaria de novo. Ele haveria de se lembrar de que fazia parte da família e de que ninguém traía os seus.

Pelo menos era dessa forma que as coisas deveriam funcionar.

Pensei em Zayn e nas palavras da profetisa novamente. Eles estão vindo atrás de você.

Zayn era um incômodo, um sanguessuga que havia desenvolvido um gosto por vinho. Nós lidaríamos com ele exatamente como lidávamos com todo o resto.

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E então??
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SWEET ARROW         {SHAWMILA}Onde histórias criam vida. Descubra agora