Capítulo 45

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Oiee, voltei!!
Lembrando do nosso acordo.. quanto maior a quantidade de comentários, mas rápido eu libero o próximo capítulo!!

BOA LEITURA!!
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SHAWN

Nash fazia redemoinhos com sua sopa cremosa, formando três círculos verdes. Olhei para os dedinhos que seguravam a colher, brincando com a comida da mesma forma como eu fazia quando tinha seis anos. Lydia havia disposto os pedaços de carne que minha mãe tinha cortado de maneira a formar raios de sol em volta de seu prato.

Eu vivia sozinha nas ruas desde os meus seis anos de idade.

Eu não conseguia imaginar Nash e Lydia cuidando de si mesmos. Não conseguia imaginar os dois completamente sozinhos e o terror que eles sentiriam. Não conseguia imaginar que eles pudessem nem mesmo sobreviver.

Olhe para os meus dedos, Shawn! Dê uma boa e longa olhada em cada um deles.

A imagem dos longos e belos dedos de Camila com as pontas faltando continuava a se insinuar na minha mente. Por que ela não me contou isso antes? Todas as vezes que eu tinha perguntado, quando ainda estávamos nos descampados...

Eu não tive uma infância como a sua.

Eu nunca tinha visto uma única lágrima nos olhos de Camila. Nem quando ela corria pelas areias ardentes que lhe fizeram bolhas nos pés. Nem quando um caçador de mão de obra acertou o rosto dela. Nem quando um saqueador quase arrancou sua vida tentando estrangulá-la. Mas isso, uma lembrança de onze anos atrás, fez com que ela perdesse o controle. Eu via enquanto ela lutava para se conter, como se estivesse tentando dissecar os sentimentos dos fatos.

Mas quando Lydia e Nash foram até sua porta, ela se cobriu de aço e se tornou outra pessoa. Como é que você faz isso?

Eu tinha perguntado a ela enquanto íamos para o jantar, Como é que você passa da angústia à serenidade de tirar moedas de trás de orelhas?

Essa é uma habilidade adquirida, Shawn. Algo que todos os ladrões aprendem.

Captei o sarcasmo na resposta dela. E sabia o que ela achava que eu queria dizer, que até mesmo suas lágrimas tinham sido uma atitude rasa. Mas era exatamente o oposto disso. Observei enquanto ela sacrificava uma parte de si mesma pelo bem deles, como esconder uma perna sangrando e fingir não estar sentindo dor.

— Shawn, você não está comendo. — disse Aaliyah, acenando com o garfo para mim. — Não está com fome?

Olhei para o meu prato, intocado.

Nenhuma criada para me trazer comida.

Nada de festas no jardim.

Eu usava trapos para me manter aquecida no inverno.

Eu me lembrei dos descampados, quando ela estava pronta para comer os vairões antes de os cozinharmos.

Eu tive de vasculhar o lixo em busca de cada pedaço de comida que já comi na vida.

E agora eu sabia que havia coisas piores do que vairões crus, coisas que ela já tinha comido antes.

Minha mãe olhou para o meu prato cheio.

— Eu posso pedir que Selena prepare alguma outra coisa para você, se quiser.

— Não. — respondi. — Isso está bom.

Enfiei o garfo em um pedaço de carne e o mastiguei.

Fiz um esforço para me concentrar nas múltiplas conversas ao redor da mesa. Pareciam mais intensas e ruidosas hoje. Talvez fosse uma tentativa de evitar quaisquer silêncios desconfortáveis. Uma tentativa de disfarçar a ausência de Madson, de evitar abordar o óbvio, o surto de Camila na arena — embora a evidência no meu maxilar fosse mais difícil de ignorar. Lydia havia me perguntado o que tinha acontecido.

SWEET ARROW         {SHAWMILA}Onde histórias criam vida. Descubra agora