Capítulo 7

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Shawn

A Última coisa que Niall e os outros teriam esperado era que eu desaparecesse em uma carroça de feno.

Mantenha os straza por perto.

Minha mãe tinha dito isso uma centena de vezes. A ordem era tão prática quanto tirar os cabelos de nossos olhos toda vez que deixávamos a torre da Vigília de Tor. Eu a ouvia desde que era criança.

Esses eram tempos incertos. Ela dizia isso ao meu pai também. Era o adeus dela. Havíamos nos tornado insensíveis em relação a isso. Os tempos sempre eram incertos, e nossos straza sempre estavam lá, uma presença ao nosso lado, como uma faca ou espada, que só tinham de ser vistas, não usadas.

A principal diferença entre os straza e as outras pessoas era seu título e talvez a severidade de suas carrancas.

Meus irmãos e eu éramos todos capazes de lutar nossas próprias batalhas e nós nos protegíamos. Na maioria das vezes.

Mas essa batalha, nós não a vimos chegando. Eu estava cego de raiva quando fiz um sinal para Brian — o mais leve movimento com a cabeça o fez entender.

Vá com os outros ou ela não vai me seguir. Dê a volta e me encontre no estábulo. Essa Rahtan vai ficar esperando.

Eu ainda estava profundamente irritado quando fui andando para aquela viela. Rapaz. Ela não sabia quem eu era, foi o que percebi, mas eu sabia que seria apenas uma questão de segundos antes que a alvorada chegasse e ela viesse atrás de mim.

Continuem andando e eu não cortarei seu belo pescoço. Essas palavras saíram de sua boca cheias de veneno… e sinceridade! Ela o teria feito. Motivação ela tinha, sem sombra de dúvida, mas qual era eu não sabia ao certo. Ela nem mesmo me conhecia.

Mas eu também tinha motivações e era determinado. Esta é minha cidade e ela não iria ficar cuspindo ordens.

Assim que comecei a descer pela viela, eu deveria ter me dado conta de que algo assim ia acontecer. Meu pai sempre me avisava: Se algo não parece certo, provavelmente não está. Confie em seus instintos.

Naqueles primeiros passos, alguma coisa parecia deslocada, mas minha intuição estava fraca por causa de uma noitada de cerveja ale, e na metade da viela meu estômago encontrou a minha raiva e eu me dobrei para vomitar.

Enquanto eu limpava a boca, uma bigorna me atingiu na cabeça, e eu coloquei a culpa nela — foi quando o caçador de mão de obra me golpeou e me derrubou no chão. Eu não tinha ouvido sua aproximação, tampouco entendia quem ou o que ele era logo de cara. Enquanto me amordaçava e me atava, pensei que talvez pudesse ser um Rahtan também, mas então ele chamou um outro homem, mais distante na viela, dizendo que conseguiria um bom preço por mim.

E aí ela apareceu e exigiu que eu fosse solto.

Eu olhava para ela agora, deitada na minha frente. Ela não se mexera a manhã toda, e eu me perguntava se ela sequer acordaria. Eu não sabia por que tinha tentado avisá-la de que o brutamontes estava se esgueirando para cima dela por trás. Talvez porque tenha percebido que ela teria uma chance de escapar. Eu tinha visto quão rápida ela podia ser quando chutou as minhas pernas, quase arrancando-as de mim, na Boca do Inferno. Fiquei remoendo isso tudo, ou, talvez, tenha sido algo mais parecido com ferver os pensamentos em fogo lento.

Meu estômago ainda estava detonado, vazio. Os caçadores não nos haviam dado nada além de água desde ontem, quando nos pegaram.

Observei que o peito dela mal se mexia, sua respiração tão curta que às vezes eu achava que nem ao menos estava respirando. O homem a havia atingido com força, e eu imaginava que ela deveria estar com um galo consideravelmente grande na nuca.

A garota hesitara ao me avistar na viela, como se alguma coisa a houvesse distraído. Suas reivindicações haviam desaparecido e uma expressão de perplexidade cruzara seu rosto. Talvez fosse apenas por ter visto sua presa sendo arrancada dela bem debaixo de seu nariz.

Rahtan. A palavra, e tudo aquilo que eu achava que significava, se contorcia em meus pensamentos. Eu já tinha visto Rahtan em Ráj Nivad, mas nenhum como ela. Eles pareciam assassinos e brutamontes, e eram grandes. Ela não passava nem da altura do meu ombro. E, diabos!, eles certamente nunca faziam malabarismos. Nada em relação a ela fazia sentido.

Poderia ser uma impostora? Alguém enviada por Zayn? Mas eu a ouvira falando em vendano logo que nos aproximamos. Ninguém falava daquele jeito por aqui, exceto outros vendanos.

Suas pálpebras tremeram. Ela finalmente estava voltando a si, embora seus olhos permanecessem fechados; mesmo assim, seu peito se mexia e sua respiração estava mais plena. Ela estava acordada, e avaliava a gravidade da situação em que se encontrava. Isso eu poderia lhe dizer. Era grave. Muito grave.

Esse tipo de escória não se aventurava pelos lados da Boca do Inferno fazia anos. Eles tinham medo dos Mendes. Porém, com os assentamentos se mudando para lá, eles provavelmente acharam que poderiam fazer o mesmo.

Abra mão de um punhado e você perderá tudo.

Meu pai estava certo. Todas as gerações dos Mendes haviam estado certas. Nós não abriríamos mão de nada mais; nem mesmo um punhado de solo seria compartilhado.

Os olhos dela se abriram e encararam as mãos acorrentadas, os nossos tornozelos algemados um ao outro, e, por fim, se ergueram para encontrar os meus. Eu não disse nada, apenas fiquei encarando, deixando que tudo aquilo fosse absorvido e digerido.

Ainda planeja me prender? Talvez não.

Eu já havia passado a noite toda tentando afrouxar as correntes ou abrir suas trancas com uma lasca de madeira que tinha pegado na carroça. As trancas estavam firmes e nós estávamos presos.

Ela virou a cabeça, encarando os fundos da carroça, e, pela primeira vez, encolheu-se. Se era medo, disfarçou rapidamente e se forçou a ficar sentada na lateral da carroça. Ela se contraiu como se sentisse dor enquanto levantava.

Eu me perguntava se ela teria quebrado alguma coisa quando bateu com tudo nas pedras do pavimento. Metade de seu rosto ainda estava coberto de terra. Ela olhou ao redor, notando todos os outros que estavam acorrentados na carroça — seis de nós no total.

— Bem-vinda à festa. — falei.

Ela olhou para mim, imperturbável. Seus olhos eram como Trufas achocolatadas e enfumaçadas, suas pupilas, pontinhos astutos que buscavam determinar o ponto exato de algo, armando esquemas, ou talvez fosse apenas o golpe que ela levara na cabeça que fizera com que parecessem assim. Seu foco se voltou novamente para as mãos acorrentadas, e mais uma vez ela fitou nossos tornozelos unidos, examinando-os durante longos e deliberados minutos. Eu suspeitava que isso era o que mais a enfurecia.

Se ela nutria esperanças de que pudesse pular da traseira da carroça e sair correndo, eu era sua âncora.

Ela examinou lentamente os outros. Nós dois éramos os únicos com algemas nas pernas, talvez por causa da posição em que nos encontrávamos no fundo da carroça, mas as mãos de todos os outros estavam atadas como as nossas.

Eles tinham expressões vazias, desanimadas. Reconheci dois deles da Boca do Inferno, um da tanoaria e um outro da oficina do ferreiro.

Ela voltou os olhos para o motorista, estudando-o por um longo tempo. Ergueu o queixo, como havia feito quando me disse para continuar andando. Eu sabia que algo estava por vir.

— Condutor! — ela gritou. — Pare a carroça. Tenho de fazer xixi.

O condutor deu risada e falou por cima do ombro.

— Você perdeu a pausa para mijar, querida. Se você precisa mesmo, mije bem aí onde está.

— Eu preferiria não fazer isso. — foi a resposta dela.

— E eu preferiria não ouvir seus choramingos. Cale a boca!

Ela estreitou os olhos.

Eu a cutuquei com o pé. Não, falei, só mexendo os lábios, sem emitir nenhum som. Ele havia socado repetidamente um dos outros prisioneiros, um homem que não parava de gemer, até que tivesse perdido os sentidos, e eu não queria que ela bagunçasse meu próprio plano de fuga.

Eu avistara um machado debaixo do assento do motorista. Fácil de pegar, se surgisse a oportunidade.

Um grande sorriso iluminou os olhos dela. Um grande sorriso. Qual era o problema dela? Essa garota ia forçar a barra com ele.

— Deixe isso quieto. — sussurrei entre os dentes cerrados.

— Condutor, eu realmente tenho de fazer xixi. — Ele se virou rápido, furioso, mas antes que pudesse falar, ela disse: — Vou lhe dar um presente para compensar o incômodo.

A fúria dele deu lugar a uma risada.

— Já tenho tudo de valor que peguei de você. Espada. Facas. Colete. Aquelas botas chiques.

Ela se inclinou para a frente.

— Que tal uma charada? Algo para ocupar sua mente por todos esses longos e temerosos quilômetros? Isso, sim, é um tesouro, não é?

A expressão dele mudou. Sem sombra de dúvida, qualquer proposta contendo a palavra tesouro atraía sua atenção gananciosa. Como já não sobrara nada tangível para pegar, esse outro prêmio passava a lhe parecer bastante atraente.

— Me dá! — disse ele, exigente.

— Xixi primeiro.

— Charada primeiro.

Ela sentou-se, relaxada.

— Muito bem, mas vou lhe avisar: você não vai encontrar a resposta até que eu vá fazer xixi.

Ele assentiu, feliz com o trato, e disse que estava preparado. Fiquei observando enquanto ela, como uma especialista, o empurrava contra a parede, mas eu nem mesmo sabia qual era o seu objetivo. Tudo isso para fazer xixi? Eu achava que não.

— Escute, — ela instruía com a voz animada, como se estivesse se divertindo.

Minhas escamas são grossas, meu olhar é aguçado,
Eu ataco e pulo com fúria, mas não sou rápido.
Tenho dois pés e, ainda assim, não consigo me levantar.
Minha cabeça é repleta de areia do mar.
Cuspo um intenso fogo, mas minha luz é difusa,
Sou presa fácil do acaso e dos caprichos profusa.
Tenho o peito vazio, sem tesouros, a esmo,
Não lamento pela perda de algo que nunca me fez falta.
Sou menos que nada e mais do mesmo,
Uma pedrinha branca em um jogo onde a aposta é alta.

— Um lagarto! — disse o condutor, tentando adivinhar de imediato.

Ele fez mais tentativas, focando-se apenas em uma pista de cada vez, sem juntar nenhuma delas. Um deserto! Um cavalo! Um dragão! Ela disse “não” para todas as respostas, e ele se mexeu com raiva no assento.

Ordenou-lhe que repetisse a charada várias vezes, o que ela fez, mas todas as suas tentativas de adivinhar a resposta só conseguiam um “não” da parte dela. Quanto mais a frustração dele crescia, mais à vontade ela ficava. Suas mãos esticavam e seus dedos se contorciam, como se ela estivesse esperando por alguma coisa.

— Diga-me! — exigiu ele.

— Pausa para fazer xixi. — foi a réplica dela.

Ele rugiu uma série de xingamentos e então berrou, puxando as rédeas.

Ele gritou para os caçadores que seguiam adiante, fazendo o reconhecimento do caminho.

— Esperem! — Sua face estava púrpura de raiva. Ele saltou do assento e foi pisando duro até a traseira da carroça. Eu não tinha dúvida alguma de que ele pretendia arrancar a resposta dela na porrada.

— Conte! — falei em um sussurro. — Agora! Eu não quero ficar acorrentado a uma massa disforme de sangue.

Ela me examinou com o olhar e sorriu.

— Eu cuido disso, menino bonito.

Eu me perguntava se ela tinha perdido a noção das coisas quando foi atingida na cabeça. Ela levantou os braços, tirando a camisa de dentro da calça de modo que ficasse solta, no exato momento em que o condutor apareceu na traseira da carroça.

— Diga-me. — ele grunhiu. — Agora! Pausa para fazer xixi depois.

— Como vou saber se…

Ele a agarrou pelos ombros, puxando-a para a frente. Apoiando-se nele, em um único movimento suave como o ar, ela surrupiou as chaves enganchadas na lateral de seu corpo, sem movimentos bruscos ou barulho, colocando-as embaixo da própria camisa.

— Tudo bem! — disse ela, cedendo ao seu comando. — Tudo bem! Eis a sua resposta.

Ele a empurrou para longe, à espera.

— Um tolo. Um tolo de cabeça oca. — Ela mexeu a cabeça com uma timidez afetada. — E eu estava tão certa de que você conseguiria sacar a resposta da charada.

O homem percebeu, por fim, o que ela estava fazendo. Ele girou o braço e a parte de trás de seu punho cerrado se encontrou com o maxilar dela, derrubando-a. Ele a encarou com ódio.

— Quem é tolo agora? Eu tenho a resposta e você não tem pausa para fazer xixi. Mije nas calças, vadia. — Pisando duro, ele retornou ao seu assento e voltou a conduzir a carroça.

Ela se endireitou, tentando recobrar os sentidos enquanto o sangue escorria do canto de sua boca, e seus olhos se encontraram com os meus. Ninguém, nem mesmo os outros, viu o que ela havia feito.

Ela fez um movimento em direção às minhas mãos. Inclinei-me para a frente, então ela fez com que as chaves deslizassem de sua camisa e, num movimento lento e velado, destrancou as minhas correntes.

Sem fazer barulho, eu as coloquei no piso da carroça. Os demais notaram, e eu coloquei o dedo nos lábios para que eles não soltassem um pio a respeito. Peguei as chaves dela e fiz o mesmo com as correntes que prendiam seus pulsos.

Ansiosas, as outras pessoas que estavam ali murmuravam, vendo o que se sucedia, e lançavam suas mãos adiante para que também fossem libertadas, enquanto os tinidos de suas correntes causavam comoção. O condutor retumbou, gritando por cima do ombro:

— Quietos!

Todos ficamos paralisados, e então, com cautela, soltei as algemas do homem que estava ao meu lado. Ele pegou as chaves e fez o mesmo com o homem ao lado dele.

A garota chutou o meu pé e assentiu na direção das nossas pernas enquanto as chaves viajavam para longe de nosso alcance. Nossos tornozelos ainda estavam acorrentados um ao outro.

Acenei para os dois últimos homens para que nos devolvessem as chaves, mas eles estavam entrando em pânico, incapazes de encaixar as chaves nos buracos das trancas, com medo de que o condutor se virasse e os visse.


Coloquei os dedos nos lábios para alertá-los, mas um deles começou a ter dificuldades e, entre choros e soluços, disse para o outro.

— Anda logo!

O outro prisioneiro acabou por libertá-lo, não antes de o condutor se virar e ver o que estava acontecendo.

— Espalhem-se! — gritei, na esperança de distraí-lo enquanto eu me lançava para cima das chaves, que haviam caído desajeitadamente dos dedos do último homem.

Os outros correram por cima de nós, pulando da traseira da carroça, chutando as chaves para longe do meu alcance.

O condutor gritava, alertando os homens que cavalgavam à frente, e eu o vi se inclinar para pegar o machado abaixo de seu assento.

A garota também se lançou para cima do machado enquanto as chaves eram chutadas na confusão caótica dos prisioneiros que fugiam em debandada a caminho da liberdade. Eu quase as tive em minhas mãos, quando ela gritou.

— Em cima!

Eu rolei no exato momento em que o machado rachava e dividia o piso da carroça bem onde minha cabeça estivera. Agarrei o cabo do machado enquanto o condutor o soltava da madeira, e começamos a batalhar pelo controle da arma. Eu consegui ficar em pé, mas, com uma perna acorrentada, estava em desvantagem.

— Fique com ele, seu canalha imbecil! — eu berrei, soltando o machado e empurrando o homem.

Enquanto ele tropeçava para se equilibrar, desferi um golpe com o braço, meu punho cerrado esmagando sua garganta, afundando-a para dentro. Seus olhos ficaram esbugalhados e ele caiu da carroça de costas, respirando pela garganta com dificuldade e ruidosamente, incapaz de puxar o ar.

Estava praticamente morto; um outro caçador, montado a cavalo e carregando uma maça cheia de espetos na mão, voltou-se em nossa direção logo depois de derrubar um outro prisioneiro. O homem tinha os olhos fixos em mim.

A garota apanhou as chaves e as segurou com o punho cerrado. Naquele momento, ela estava tentando encaixá-las na tranca em nossos tornozelos para nos libertar, mas eu gritei.

— Corra! — Não era hora para isso.

Agarrei seu braço e puxei-a junto a mim. Caímos aos tropeços na terra, enquanto a maça do caçador girava acima de nossas cabeças e seu cavalo pisoteava o chão ao nosso redor. Afastamo-nos juntos e entramos embaixo da carroça bem no momento em que a maça dividia a madeira sobre as nossas cabeças.

Rastejamos para o outro lado e saímos correndo a passos desajeitados, com as correntes entre nós.

— Por aqui! — gritei.

O caçador nos seguia de perto, mas eu sabia o que estava bem à frente e só rezava para que ela conseguisse me acompanhar no mesmo ritmo. Se tropeçássemos, estaríamos acabados.

Estávamos conseguindo manter o mesmo passo, a corrente batendo ruidosamente entre nós, as chaves ainda firmes nas mãos dela. A planície chapada se transformou num longo e íngreme declive que dava para o rio lá embaixo.

Em apenas um movimento, saltamos e rolamos, dando cambalhotas, as algemas cortando nossas pernas enquanto nos separávamos e nos juntávamos no que parecia uma infinita cascata descendo pela terra arenosa, incapazes de deter a queda, até que atingimos uma superfície plana acima do rio.

— As chaves! — a garota gritou. A mão dela estava vazia. Haviam se perdido durante nosso longo tropeço.

Nos desemaranhamos e ficamos de pé, com os tornozelos sangrando onde o ferro das algemas os cortara. Olhamos para trás, para o declive por onde havíamos descido, na esperança de ver o brilho de uma chave enferrujada.

— Que inferno! — sibilei. O caçador estava cruzando a margem íngreme em seu cavalo, ainda atrás de nós.
— Fikat vide, — a garota grunhiu e olhou para trás, de relance, procurando uma rota de fuga. Não havia para onde escapar, apenas o rio, que estava a uma longa distância.

— Você sabe nadar? — perguntei. — Não quero ser arrastado para o fundo por causa de um peso morto.

— Vamos lá, menino bonito! — ela disse, fitando-me com ferocidade. E então pulou, puxando-me com ela.

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VOTEM!!!

SWEET ARROW         {SHAWMILA}Onde histórias criam vida. Descubra agora