CAPÍTULO 06 | "Um jogo perigoso"

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DAFNE

O final da tarde se aproxima quando levanto da rede sob as árvores. Minha cabeça balança quando me sento sobre a superfície irregular e meu estômago protesta. A quietude pós almoço me proporcionou um relaxamento que não experimentava há tempos, apenas mexendo os dedos dos pés para o alto e pensamento em um absoluto nada. Na nuca, meus cabelo havia ganhado um embaraço que seria difícil desfazer no banho, mas que esconderia debaixo do boné até o jantar.

O vento bate tranquilo, arrastando algumas folhas pelo chão no grande espaço forrado por telhas e redes amparadas por pilares de madeira. Retiro o boné e coço meus cabelos desgrenhada em um coque que tenho preguiça de ajeitar, meus pensamentos ainda estão longe e procuram trazer minha alma de volta ao corpo após algum tempo fora do ar. Respiro fundo, me perguntando de repente onde todo mundo deve estar, embora eu tenha me afastado depois de descobrir essa área de lazer incrível. A única coisa que Poliana tem de bom é essa pousada. Quase rio do meu próprio comentário e procuro com o tato dos pés a presença dos chinelos que calçava.

Ando pelo corredor meio grogue após lavar o rosto em um banheiro social enquanto andava pela pousada. Observo que alguns funcionários andam apressados, trabalhando a todo vapor a fim de que o conforto dos hóspedes fosse garantido. O ritmo deles contrasta com o meu, vagaroso à medida que arregaço as mangas da camiseta para conferir as marcas de sol pouco apresentáveis que ganhei: meia perna e braços mais bronzeados. O protetor não havia me ajudado muito, mas talvez se fosse um pouco mais preocupada como Fany ou Karla, eu teria usado ao menos um biquíni na parte de cima... Ou talvez se eu fosse tão bonita quanto elas.

Avisto a piscina cheia de gente, em meio aos hóspedes está parte da galera da escola. Eles fazem uma guerra de cabo, riem e gritam uns com outros. Na espreguiçadeira, algumas meninas ainda aproveitam o resto do sol que comunica sua partida e outras pessoas aproveitam os aperitivos. No meio do caminho os observo por alguns minutos, refletindo se a outra parte se encontra na praia assim como pela manhã, quando de repente uma garota esbarra em mim e sorri de soslaio. Sigo o olhar dela, a reconhecendo de outra turma do segundo ano até franzir o cenho ao perceber que o seu sorrisinho de canto continua. Sem paciência, paro de encará-la e noto que alguns olham para mim, entre um cochicho e outro, eles sorriem. Deve estar dormindo ainda. Esfrego os olhos, me questionando se não acordei ou se estou com mania de perseguição.

— Bom dia! — A voz de JL soa próxima a mim com um coco e levo um susto.

Seu rosto está bronzeado e a cor dos olhos combina com seu cabelo despenteado e mais luminoso à luz do por do sol. Com uma blusa estampada e com os primeiros quatro botões abertos, ele parece ter saído de um filme americano situado na praia.

— Deseja café da manhã? — Ele brinca, observando meus olhos inchados de tanto dormir. — Você sumiu! — Seu tom é quase uma cobrança e aquilo me incomoda.

João Lucas havia sido muito prestativo durante toda a manhã, mas nada me fazia esquecer que era uma farsa. Perturbava-me que, por culpa dele, eu estivesse fazendo comparações que jamais fiz entre mim e Fany. Do meu lado, minha amiga estava alheia a isso, observando o garçom que era o tal Guilherme andar pelo restaurante durante o almoço... Que droga! Sentia-me em conflito, precisando ter uma conversa franca com Stefany e tentando me livrar de JL que sorria ao cortar seu bacalhau. Eu queria sair correndo. Foi o que pensei em fazer, principalmente quando Melissa se sentou à mesa com Déborah e eu pensei que Henrique também viria no pacote. Mas ele não veio e, de alguma forma, fiquei desapontada com isso. Provavelmente surpresa, pois já estava me preparando para colocá-lo em seu lugar caso viesse com indiretas. Decerto estava lustrando o chão que Karla pisava. Conclui ao não vê-lo no buffet.

O erro do cupido • Série Estúpida Paixão | LIVRO 01Onde histórias criam vida. Descubra agora