CAPÍTULO 15 | "Festas intempestivas"

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HENRIQUE

Sentado à sala, mergulho em pensamentos após algumas horas do ocorrido e ter organizado a sala antes que Frida me visse. A sala ainda parecia quente após a saída de Dafne, e agora, imprópria, acendendo meu corpo e me fazendo muito mais faminto do que estive na primeira vez em que transamos na pousada. Assim que deixei o escritório, encostei a porra devagar, tendo certeza que carregava a uma expressão de culpado, só neste momento dando-me conta dos barulhos que fizemos.

Passo a mão atrás da nuca, tentando aliviar minha inquietude pelo fato da machinho não ter dado as caras desde que saiu das minhas vistas. Desejei bater na sua porta, sentia-me de certo modo culpado pelo o que disse, mas convencia a mim mesmo que era bom que os fatos estivesse na mesa, afinal, ela era minha cupido e a garota dos meus sonhos a Karla. No entanto, o seu gosto e o seu perfume ainda estavam no meu corpo, me perturbando e relembrando mais uma vez o quão delicioso era tê-la da forma que tive. Crescer era uma merda... Anos atrás era tão mais fácil lidar com a raiva que tinha por Dafne, tramar contra ela e não sei esse desejo traiçoeiro entre nós dois.

— Não poderia haver surpresa melhor do que você ter chegado dias antes do natal. — Ouço a voz do meu pai e o barulho da porta se abrir, apresentando não somente ele como a minha prima que não vejo há anos.

Lorena está bastante diferente de quando foi embora do Brasil. Pelas videochamadas que fazíamos, não havia notado que seus cabelos haviam crescido até a cintura e nem alguns prováveis quilos que tinha perdido. Ao seu lado, minha mãe sorri, entreolhando para Déborah e a mim, com os olhos brilhantes pela chegada inesperada às vésperas da data mais importante do ano para a família.

— Meu Deus! — Déborah grita da escada, atropelando a todos e abraçando nossa prima, que quase cai e afaga suas costas.

Sua risada é gostosa e exibe os dentes mais alinhados. Sob as roupas sociais e maquiagem bem feita, há a mesma garota cinco anos mais velha que a mim, retornando para casa depois da forma dolorosa que deixou a casa da nossa avó... Sorrio ao observá-la, ansioso para perguntar sobre a faculdade de economia, pelo bem evidente que o tempo lhe fez longe de tantos conflitos.

— Não vai me abraçar, fedelho?! — Ela brinca estendendo os braços.

Lorena está cheirosa e exprimir a mesma doçura de quando éramos crianças. Na época, embora fosse mais velha, ela nutria uma pureza que as crianças da minha idade não tinham, sofrendo em silêncio com o bullying e com a rejeição de seu melhor amigo na época, Fernando, irmão de Fany, em seu baile de quinze anos.

— Caramba! Você vai ficar quanto tempo? — Pergunto afoito ao me afastar e meu pai envolve os ombros de sua sobrinha, sorrindo de forma confidente para ela.

— Uma temporada! — Lorena comunica e minha mãe bate palmas, sorrindo até Dafne surgir nas escadas com o semblante abatido.

Como uma assombração indesejada, Dafne parece ter chorado e, seus cabelos mesmo sob o boné surrado, não escondem o quão bagunçados estão. Ela parece confusa ao observar a recepção a sala, meio deslocada com os ânimos e exibindo um ponto de interrogação em sua testa. Fico incomodado com o que vejo e sinto pior dos homens de repente. Seu olhar irritante agora está abatido e suas roupas largas lhe dão um ar muito mais sensível.

— Dafne, está é a Lorena! Nossa prima, lembra dela? — A machinho franze o cenho tentando recordar e Lorena estende a mão para apertar a sua.

Era improvável que elas tivessem tido muito contato, tendo em vista que Lorena trocava de colégio anualmente e passava as férias com nossos avós na fazenda.

O erro do cupido • Série Estúpida Paixão | LIVRO 01Onde histórias criam vida. Descubra agora