6- Honra

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"Estou presa em um corpo que não é meu. Passeando por uma cidade que não conheço, sorrindo para pessoas que nunca que vi na vida e olhando com desprezo para outras que aparentemente odeio.

?– Saphide, vai orar no templo? — Uma senhora de cabelos brancos me chama por um nome que não é o meu e sorri de maneira amigável.

— Sim. Estou com um pressentimento estranho sobre esse anoitecer. Pretendo honrar o nome de nosso Lorde e pedir boas graças. — Falo sem nem pensar, de um jeito formal que não conheço, com uma voz que não me pertence.

?– Claro! — A senhorinha sorri sombria. — Pensei que fosse honrar o Dragão Branco.

— Pelo Lorde... — Arregalo os olhos. —Fale baixo. Ou os ventos podem escutar você.

?– Vai, não vai? Irá honrar o... aquele cujo nome não deve ser citado.

— Que ele mantenha os ventos em sigilo — Sussurro. A senhorinha sorri e me deixa seguir meu caminho para não sei onde.

Só sei que ando por um bom tempo, subo escadas e pego um tipo estranho de veículo até o que parece um castelo dourado. O tão dito templo.

Os guardas me deixam entrar sem impedimento e dou de cara com olhos azuis brilhantes quando abro a porta."

Dou um pulo me levantando do chão macio e quente. Massageio minhas têmporas, olhando ao redor com os olhos apertados por conta do sol.

O sol quente e brilhante que entra pela entrada da caverna.

— Mas que caralh... — Me levanto da cama de folhas que eu estava deitada e caminho devagar, por conta do tornozelo machucado, até a saída.

Meus olhos doem com a claridade, mas os mantenho bem aberto com a maravilha que eu vejo do lado de fora. Parece surreal demais e nem percebo as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

A caverna está em cima de uma montanha, mas ao invés do cenário sangrento do mundo dos mortos, um enorme rio que reflete a luz do sol está a minha frente. Cercado por árvores redondas e floridas. Logo a frente uma cachoeira enorme, tocada pelo sol e parece pegar fogo.

Meus olhos doem de tanta admiração, mas logo me alerto ao ouvir passos atrás de mim. Erguo as mãos para o outro lado, mais afundo na caverna e aperto os olhos quando uma cabeleireira branca sai da escuridão.

— Quem é você? — O desconhecido pálido me olha, o brilho azul de seus olhos me é familiar.

DB– Outrora chamara o meu nome e agora diz não me conhecer. — Ele se aproxima de mim, anda lentamente com as mãos para trás. — Em suas terras chamam-me de lenda, sobre as minhas chamam-me de rei. — Ele chega mais perto, e por mais alerta que eu esteja, apenas permito sua aproximação. — No passado era conhecido por monstro devastador, por divino albino, por rei das chamas. Mas o nome dado a mim pelo criador é divino demais para ser dito. Chamam-me de Dragão Branco. Rei dos dragões, salvador da terra.

Meus olhos se arregalam em descrédito, Rio de leve, zombando de suas palavras. Mas sua expressão é séria de mais para estar mentindo.

— Eu pensava que o Dragão Branco era, bem... um dragão.

Ele não demonstra nada, apenas se vira e me olha por cima do ombro. Seus olhos brilham e uma fumaça sobe pelo seu corpo. De repente está quente demais, mas não desvio o olhar. Não há mais um elfo de pele clara e cabelos brancos. Agora, um vislumbre, uma miragem de um enorme dragão cinzento com escamas brancas. A ilusão some rapidamente e lá está o elfo de volta.

DB– Reconhece a mim, criança? O ser de seus sonhos, a voz de teus cantos e o brilho de sua alma? Reconhece a mim, salvadora? — Ele se vira e então percebo de onde o reconheço.

A Lenda do Dragão BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora