Estou extremamente cansada e dolorida. Meus olhos ardem e minha garganta coça pelo tanto que chorei ontem a noite. Minhas pernas estão molengas e a metade que sobrou da minha orelha, lateja por baixo do curativo.
O Dragão Branco está sentado à minha frente, acabara de trocar meus curativos e usar um pouco da sua magia para repor minhas energias e saúde. Mas estou relutante, não mereço ser curada.
— Eu tive uma visão. — Solto de uma vez, sem preparo prévio. Ele desvia o olhar do balde de água para mim. — Saphide apareceu em meus sonhos.
DB– Com quais intenções? — Sua voz soa baixa e contida.
— Contar como derrotar o Lorde. De uma vez por todas. — Ele arfa, largando o balde na areia e apertando meu rosto entre suas mãos. — O espelho de pedra, precisamos dele.
DB– Por quê?
— Ela não explicou, apenas disse que precisaríamos que o Lorde se visse no espelho.
DB– Mas o espelho não reflete imagens, ele é uma janela para o passado.
— Bom, pergunte a ela então. — A irritação está presente na minha entoação.
Desde ontem venho me sentindo alterada. Com razão, claro. O Xaun até mesmo levou alguns gritos meus quando veio tentar me confortar.
Mas ele não entende. Ninguém entende. Ninguém ama o Alec como eu amo, ele é parte de mim, eu preciso dele.— Temos que chegar em Drachen de uma vez.
DB– Você está para baixo. — Reviro os olhos e me levanto, escapando de suas mãos.
— Tem alguma razão para eu estar feliz? Estamos em guerra, Dragão Branco. Perdemos vinte soldados ontem e os que não morreram, carregarão o trauma em seus corpos pelo resto da vida inútil deles. Tem alguma razão para eu estar feliz?
Ele não responde, parece assustado com minha forma de agir, apenas balanço a cabeça negativamente, me desculpando com o olhar e me afastando, indo de encontro aos outros Generais.
Os homens feridos serão levados de volta para Drachenfeuer pelo caminho mais longo, fora do gargalo e da tempestade de areia infinita. Se sobreviverem à jornada, será uma vitória.
Voltamos ao nosso caminho assim que nos reagrupamos, diminuiremos o tempo de descanso e de dormir. Precisamos chegar o mais rápido possível.
[...]
Estou sedenta por um banho, estamos no deserto há uma semana e a chuva estranha do outro dia não foi o suficiente para limpar meu corpo e chuva no deserto é algo tão raro, que com certeza aquilo teve dedo do Lorde das Trevas.
Meu corpo todo amolece quando sinto a magia da barreira próxima. Paro, desço do cavalo e estoico meu braço, erguendo a mão e tocando a parede sólida e invisível.
O Gadreel, continua andando em seu cavalo, não me tento a avisá-lo, ele logo se choca contra ela, caindo de cara no chão e pelo Criador, finalmente algo engraçado.
— Você deveria olhar por onde anda.
G– Não devia ter uma parede aqui! — Seu resmungo me causa uma risada nasal, mas logo me viro, chamando os capitães e preparando acampamento.
— Todos os manipuladores de água devem se exercitar a partir de agora, próximo à barreira. Senti-la e se familiarizarem com ela. — Observo o sol poente. — Amanhã pela manhã iniciaremos os trabalhos.
Os quatorze homens e uma mulher que lideram seus esquadrões, afirmam, voltando aos seus subordinados.
Assim que o acampamento é montado e nos reunimos ao redor das fogueiras, me sento ao lado do Xaun. Numa fogueira solitária, encarando as chamas e ignorando sua tigela de sopa.
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A Lenda do Dragão Branco
FantasíaCOMPLETO A guerra entre as trevas e a luz, destruiu a humanidade e depois de décadas se recuperando, a natureza criou um novo povo. Com orelhas pontudas, beleza exuberante e magia natural, a nova humanidade não foi agraciada com a presença dos dragõ...