16- De Volta

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"O Ursão vem correndo até mim, com lágrimas nos olhos e o rosto inchado pelo choro exagerado. 

— Alec? O que houve? — Ele me abraça com força. — O que aconteceu? 

A– Os meus pais... eles... acho que eles me odeiam, May. — Faço um carinho em seu cabelo e o afasto, analisando seu rosto. 

— Você está bem? — Ele fecha a cara para mim. — Claro que não, pergunta retórica. 

A– Eu não tenho mais ninguém May. Eu perdi tudo hoje, eu queria não ter nascido. 

O abraço com força, deixando os sermões para mais tarde. 

— Você me tem Alec, eu estou aqui com você e nunca vou deixar nada de ruim acontecer com você. Eu te amo." 

Minhas pernas se movem de forma automática e não sustento o peso do meu corpo, já que me arrasto por toda a descida da colina até Drachenfauer. A floresta começa se fechar ao nosso redor e o antes mar de verde e frutos, agora é só cinza e morte. 

A floresta ainda está murchando, tudo parece morrer aos poucos, o que é pior ainda. 

Os dragões ficaram lá em cima, longe, mas perto o bastante caso precisemos deles. O Dragão Branco está entre mim e o mercenário, tão calado quanto. 

DB– Essa floresta tem nome? 

— Tem. Floresta. — Afasto o mato alto, entrando mais a fundo e ignorando as marcas de faca na árvore. 

"Enfio a adaga o mais fundo que posso na casca da árvore, desenhando um A+A dentro de um coração grande. 

A– A gente devia estar aqui? 

— Ah, ninguém liga. A não ser que seus irmãos nos achem. 

A– E se acharem? — Ele usa suas chamas para eternizar o desenho. 

— Não vão. A + A? Por que nossos nomes são tão parecidos? 

A– Bem, talvez tenhamos sido irmãos em outra vida. 

— Não. Isso de reencarnação não existe. 

A– Então o que acontece quando a gente morre? 

— Tudo fica preto e pronto. Sem clichês. 

A– Você é cética demais para quem crê em dragões." 

Quanto mais perto chegamos, maior o número de árvores marcadas por bestagem de duas crianças sem ter o que fazer. 

Abro o caminho até uma enorme clareira, algumas casinhas mais humildes já se tornam visíveis e caminhando um pouco mais, me abaixo atrás de um tronco grande caído. Drachenfauer morro abaixo ainda é a mesma de um ano atrás. 

X– Olha só esses babacas andando por aí, alheios a toda merda do mundo. 

— Você soou como eu. 

X– Oh, desculpe se eu roubei sua personalidade bosta. 

— Agora você soou como Alec. — Minha risada se contém na garganta quando falo o nome dele. A tensão se instaurando novamente. 

X– Logo, logo ele vai estar aqui. Falando essas coisas ele mesmo. 

— Otimismo é importante em tempos de guerra. — Observo as pessoas passando e procuro uma brecha entre os guardas que se posicionam em pontos estratégicos da fronteira. 

X– Por que diz isso? Ele vai voltar nós vamos salvá-lo. 

Ignoro ele, mantendo meu luto debaixo de um tapete e me concentrando na nossa missão atual. 

A Lenda do Dragão BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora