34- Instinto

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O som de asas batendo e do vento formando tufões no campo de batalha, fazendo meu coração retumbar conforme rugidos anunciam a chegada de quem esperávamos: nossa verdadeira salvação.

Monstros, lagartos alados cuspidores de fogo planam pelo deserto, em direção dos demônios, queimando seus corpos e por mais macabro que seja, os gritos dos demônios me trazem calmaria, fazem meus ouvidos sentirem uma paz inexistente em um campo de batalha, mergulhado em sangue dos meus compatriotas.

Dragões de diversos tamanhos diferentes voam sobre as tropas inimigas e acima deles, tampando o sol com suas asas grandiosas, o Divino Albino. Suas chamas azuis queimam de uma só vez milhares de demônios e suas escamas, agora totalmente brancas, brilham com o reflexo do sol.

Lindo, simplesmente divino, uma imagem que nunca sairá da minha cabeça. É como se eu tivesse encarando a mais bela e preciosa criação da natureza e de fato estou. Seu rugido parece música e suas chamas aquecem meu corpo mesmo estando a quilômetros de distância dos alvos.

Os meus soldados gritam em alívio e alegria, alguns dragões pousam entre nós, abrindo a formação e dispersando os soldados. Ruth e Andeias pousam ao meu lado. Seus corpos estão cobertos de metal, armaduras protegendo seus pontos fracos e os elmos prateados lhes dando um ar de guerra assustador.

Observo os demônios queimando e na minha cabeça, ouço a melodia da risada da minha maior inimiga, mas também parceira. Saphide cantarola uma música de vitória e eu apenas sorrio e apesar de odiar tê-la em minha mente, eu estou feliz com a cena dos demônios queimando, tão feliz e distraída que sequer percebo eles se reerguendo, as chamas se apagando e ao invés de corpos chamuscados, eles se levantam e os dragões, caem do céu.

Demônios alados saem do meio das chamas, pulando alto e dilacerando os dragões que veem pela frente, gritos, tanto dos nossos soldados, quanto do desespero dos dragões que caem desmembrados. Os demônios ignora as chamas como se não os ferissem.

E então, o que eu menos espero é que uma enorme lança dourada saia voando do meio dos corpos, o Lorde ri para mim e sigo a lança com os olhos. Tão grande, o Dragão Branco se tornou um alvo fácil lá em cima.

Ele não vê a lança, apenas ruge quando ela penetra bem no meio do seu peito. E o grito apenas entala na minha garganta quando ele de repente não está mais lá. Apenas vejo a lança voar para longe e um enorme dragão despencar lá de cima, certeiro sobre nós se exército. Não tenho tempo para pensar, apenas ordeno que todos corram.

- SAIAM! RECUAR! - Tiro o máximo de pessoas que consigo de baixo, mas a queda é rápida e alguns não conseguem escapar do seu corpo pesado.

A areia levanta, me impossibilitando de ver, apenas sinto sua magia sumir aos poucos e a calmaria dar lugar ao pânico quando uma magia sombria se aproxima. Corro às cegas até seu corpo, sangue azul forma uma enorme poça na areia, me aproximo do seu rosto, suas escamas escurecem e seus olhos azuis brilhantes se apagam aos poucos.

O céu acima de nós, toma o tom escuro, as nuvens cobrem o sol e minha magia se manifesta em forma de uma tempestade.

- Você veio. - Ele suspira quanto me apoio em seu focinho, segurando as lágrimas.

DB- Perdeste a esperança em mim? - Sua voz soa na minha cabeça.

- Você sumiu. Eu... eu quase morri e você não veio, então achei que tivesse desistido

DB- Eu sou um covarde, mas proteger vocês é o meu dever.

- Você está bem?

DB- É magia das trevas, mas não se preocupe, não irei morrer. - Ele olha para alguém atrás de mim.

A Lenda do Dragão BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora