22- Derrota

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Ele galopa logo à minha frente, ignorando completamente a formação e seguindo rápido em seu cavalo. Ruth e Andeias não deram os focinhos hoje e Egon não tinha os olhos das minhas costas. 

Meu pai já se aproximou de mim algumas vezes para conversar, mas acho que minha expressão assassina o fez se manter longe, no momento, Gadreel é o único com coragem de se aproximar. 

G– Você já o viu como Dragão? — Estou tentada a apenas ignorá-lo, mas como o intrometido que sei que ele é, apenas respondo friamente. 

— Não. 

G– Então como sabe que ele é realmente o Dragão Branco? 

— Os dois dragões lá em cima não foram o suficiente para você? 

G– Sim, mas talvez eles estejam nos enganando. Se bem que ele tem todo esse ar mesquinho de rei. — Reviro os olhos 

— O que quer que você queira comigo, acho melhor desistir. Eu tô a alguns segundos de cortar sua garganta. 

G– Você não o faria. Ou faria, tanto faz. — Acelero meu cavalo, mas ele me persegue e apenas aceito meu destino de ter que lidar com sua voz irritante pelo resto do dia. 

O calor e a sede mexem com minha cabeça, estou tonta e enjoada, mas agradeço quando o sol finalmente dá trégua e montamos acampamento. Mais alguns dias e finalmente estaremos em Drachen. Rodeados de umidade e rios, livres do calor do deserto. 

O acampamento é montado assim que a primeira estrela se torna visível no céu, as fogueiras iluminam a noite sem lua e alguns ainda montam suas barracas. 

Estou sentada com os outros hoje, ouvindo histórias de guerra no meio de outros soldados experientes. Um, de barba grisalha e rugas gesticula com as mãos enquanto canta uma canção de sua primeira batalha. 
Outro, menos experiente, toca uma pequena gaita. 

Logo todos estão dançando e cantando, compartilhando otimismo e comemorando. Pois sabem que serão nossos últimos dias. 

DB– A guerra não é lugar para festividades. 

— Eles estão cansados e assustados, ao menos hoje, deixe-os se divertir. 

DB– Estamos perdendo um tempo valioso. 

— Bom, os cavalos também tem que descansar. Nem todos têm essa proatividade que o Dragão Branco tem. 

Ele bebe um gole generoso de sua bebida, o cheiro de erva me alcança, mesmo estando distantes. Ele está bêbado, muito bêbado e não parece ter intenção de parar de se intoxicar. 

— Por que está agindo dessa forma? 

DB– Por que se deitou com ele? — Ele não precisa apontar, seu olhar sugestivo me dá todas as respostas. 

— Por que se importa? — Apenas uso o mesmo tom de voz rude que ele. 

DB– Você não deveria estar levando tudo com tanta levianidade. Estamos em guerra, Salvadora. Deixe as festividades para quando vencermos. 

Sua voz soa raivosa, arrogante e maliciosa, o sigo quando ele se levanta, pisando fofo e caminhando até sua barraca. Alta o bastante para nós dois de pé. 

DB– Volte à sua comemoração. 

— Você não tem o direito de me tratar assim. — Dispenso seu rosnado e falso desinteresse. — Se não quer nada de mim, ótimo, eu aceito isso, mas não ouse me criticar por seguir em frente. 

DB– Eu não estou fazendo isso. 

— Você está. E não deveria. Eu tenho todo o direito de fazer o que eu quiser, você não pode tentar me controlar só porque acha que devo algo a você. — Minha paciência está se esgotando e quando ele finalmente vira para mim, tento me manter firme com sua expressão cabisbaixa. 

A Lenda do Dragão BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora