19- Tortura

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Os jovens são bons. Usam magia de forma excepcional e apesar de não terem muito instinto de sobrevivência, também são bons no combate corpo a corpo. 

Estou surpresa com a quantidade de garotas que temos aqui hoje. Papai disse que abriu o alistamento para qualquer mulher que quisesse lutar pelo nosso estandarte e elas se mostram tão habilidosos quanto os rapazes que treinaram por toda a vida. 

— Vocês podem se aproximar, por favor? — Digo alto e subo numa pequena mureta. — Para aqueles que não me conhecem, eu me chamo Amaya Lenora e irei liderar seu treinamento a partir de hoje. 

?– Lenora? Como o líder? 

— Ele é o meu pai. — Desço da mureta, caminhando entre eles. — Vocês são bons, mas não o suficiente. Lutam por lutar, não porque precisam. 

?– E o que você sabe sobre isso? Ouvimos dizer que fugiu. — Sigo a voz até um rapaz um pouco mais baixo do que eu. 

— Eu sobrevivi a muita coisa e sei que tenho experiência o bastante para ensinar vocês como sobreviver também. 

Mando eles fazerem duplas e erguerem as espadas de madeira. 

— Vocês precisam entender que em uma guerra, não existe certo ou errado. Uma luta nunca vai ser justa, então você tem que usar qualquer coisa que esteja ao seu alcance. Porque no final não existirá vencedor ou perdedor, só existira um vivo e um morto. Suas vidas dependem do quão sujo vocês podem jogar. 

Demonstro alguns movimentos e peço que repitam. Caminho por eles, corrigindo e mostrando a forma certa. 

O dia se passa dessa mesma forma, repetindo movimentos, ensinando novos. Mostrando a eles a arte da luta de espadas. Mas minha concentração de esvai muito fácil. 

Não consigo parar de olhar para as encostas das montanhas gêmeas, esperando um exército descer por elas. Mas durante o dia inteiro ninguém veio anunciar sua chegada. 

Assim que dispenso os novatos, vou direto para a sala do conselho onde os três líderes estão analisando o mapa e traçando rotas. 

P– Como foi o treinamento? 

— São jovens promissores, mas ainda têm muito a aprender. Me sinto meio culpada em enviá-los com tão pouco preparo para a morte certa. 

P– Guerra é guerra e exige sacrifícios que não estamos prontos a fazer. — Afirmo, me sentando ao seu lado. 

— Os exércitos estão chegando? — O líder de Flacheland, tio Forneavus, pai de Alec, é quem responde. 

F– Acabamos de receber uma mensagem e Gadreel nos avisou que só chegariam amanhã. 

— Qual o motivo do atraso? Flacheland é logo ali. 

F– Disseram que encontraram alguns obstáculos no caminho que os atrasou. De qualquer forma podemos contar com a presença deles. Só... Tente não incitar uma briga com Gadreel, apesar de nossos esforços sua opinião sobre seu irmão de mantém. 

— Desde que ele não me provoque. 

F– Você continua a mesma. Sempre protegendo a honra do Alec. Sabe que esse não é o seu dever, não é? 

— Eu o amo. Então, sim, é meu dever. — Desvio o olhar dele para Lizantin, líder de Lowenzanfeld. — Notícias do seu exército? 

L– Sua viagem segue bem. Logo estarão aqui, recebi um aviso de Egon, meu general e não houve nenhum imprevisto na jornada. 

— Ótimo. — Me viro para meu pai. — Viu o Dragão Branco hoje? 

P– Achei que vossa majestade estivesse com você. — Ele faz uma careta nada discreta. 

A Lenda do Dragão BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora