A Lenda do Dragão Branco

15- Inimigo

A tempestade diminuiu o suficiente para deixarmos o oásis, completamente abastecidos de água e comida para os dias seguintes. Até sairmos do deserto e chegarmos na colina. 

— Alec Brandr Voráx, se você ousar encostar nas bolsas de mantimentos eu vou decepar sua mão. — Ele me encara de olhos arregalados. 

A– Agressiva. 

Reviro os olhos, voltando a caminhar com cuidado, observando os cabelos brancos do elfo balançarem com o vento. Nem mesmo a areia o faz parecer bagunçado, sempre tão lindo e brilhante. 

A– Cuidado, tá babando. — Ele segura meu queixo, debochando da minha cara e observo o mercenário atrás dele, segurando sua outra mão. 

— Vocês são tão melosos. Que merda. 

X– O nome disso, querida, é inveja. 

— Vai ver se eu tô lá no inferno. — Eles riem e cruzo os braços, continuando a andar. — Onde estão Ruth e Andeias? 

O Dragão Branco aponta para cima, me observando enquanto aperta os olhos e logo os coça. 

DB– Eles não queriam ficar na tempestade. 

— Por que não vai com eles? Você é um Dragão e até agora ainda não te vi na sua forma original. 

DB– Eu prefiro assim. 

— Eu duvido. — Sorrio de forma irônica indo para trás dele e pegando seu cabelo que arrasta na areia. 

DB– Acredito que seja mais confortável para vocês e é mais prático. Minha forma divina é muito grande, seria trabalhoso para eu acompanhar vocês. 

— Entendo, mas saiba que se quiser, nós vamos aceitar de bom grado. Você é um deles, deveria estar com eles lá em cima. 

Termino de fazer a trança a colocando sobre o ombro dele. 

DB– Você gosta muito desse tipo de penteado, não é? Seu cabelo é cheio deles. — Ele aponta. 

— É típico na minha região. 

DB– São bonitas. Você é... bonita. — Ele franze o cenho, parecendo arrependido assim que fala. 

— Obrigada, você também é. Esse rosto pálido que parece que nunca viu um sol, — Ele ri de leve. — as orelhas um pouco mais longas do que a de qualquer outro elfo, os olhos azuis como as chamas e os cabelos. Uau, são perfeitos, tão sedosos e macios. 

DB– Obrigado. — Ele olha ao redor, parecendo reticente. — O Andeias disse que trocar elogios faz uma pessoa se afeiçoar por você. — O observo por alguns segundo até uma risada alta explodir da minha garganta. 

— Oh, eu me sinto afeiçoada. — Me apoio nos joelhos ainda rindo, e minha risada aumenta quando vejo suas bochechas se avermelharem. 

Um vento consideravelmente mais forte me faz tropeçar nos meus próprios pés, mas antes que eu caia de cara na areia, sinto um par de mãos me segurarem pela cintura. 

Antes que eu possa me constranger pela situação, com minhas costas coladas no peitoral do elfo pálido, a areia começa a ficar mais grossa, tornando nossa visão ainda mais difícil. 

— Você pode me soltar agora. — Falo um pouco mais alto, para que ele ouça por sobre a tempestade. 

Sua mão ainda se mantém em minha cintura, me puxando para um pouco mais perto dele. Até que ele me solta, mas antes que se afaste, pego em sua mão e procuro o Alec e o Xaun com o olhar. 

— Ursão, segure firme a mão do seu cachorro e venha aqui. — Grito e ando até ele o mais rápido que posso antes que a areia deixe tudo escuro.