33- Vida

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Observo o exército se preparando. Cada um assumindo seu flanco e treinando, conversando e se despedindo. Porque sabemos que para grande maioria, será o fim. Oito mil filhos, irmãos, pais e amigos poderão morrer hoje e todas essas vidas estarão em minhas mãos. 

Tomo cuidado ao trocar as faixas que mantêm meu ferimento coberto. Esta cicatrizando mais rápido que o esperado, a curandeira diz que minha magia é especial e que se não fosse por ela, eu teria morrido. 

Ainda sinto algumas pontadas nos estômago e correr é impossível. Provavelmente só serei um peso morto, mas estarei na linha de frente mesmo assim. Porque esse é meu destino. O Lorde não vai aparecer exceto se eu estiver lá. 

E– Eu sabia que não iria te convencer a ficar. — Ele diz assim que entra, me surpreendendo um pouco. 

— É melhor nem tentar. — Amarro a faixa e abaixo a blusa, pedindo sua ajuda ao colocar o equipamento. — Como está o Xaun? 

E– Deprimido em não poder lutar. Mas prometi a ele que assim que chegássemos em Lowenzanfeld eu faria uma perna nova para ele. 

— Fico feliz em ouvir isso. — Ponho o colete de couro e ele me ajuda a encaixar a armadura pesada de metal. 

Suas mãos são rápidas em fechar o peitoral e então ele parte para as pernas. Não consigo me abaixar e isso é bem humilhante. 

Ele se levanta assim que termina, esticando os braços. Sua armadura range com os movimentos. 

E– Eu tenho algo para você e também tenho uma pergunta. — Ele sai por um instante e volta com algo embalado num cobertor fino. 

Ele a ergue, mas antes que eu possa pegar, ele termina de falar. 

E– Essa foi a melhor espada que já fiz, a mais difícil e mais inteligente. Quero que ela seja perfeita para você, que abrace bem sua magia e que te dê liberdade para usar todas suas habilidades. — Ele tira o cobertor, revelando uma linda espada brilhante. 

Não tão grande, mas não tão pequena. Com o meio afundado que forma um caminho até o punhal, como lâminas elevadas que me permitirão estraçalhar qualquer demônio. 

Toco a espada, uma magia vibrante faz os pelos da minha nuca se arrepiarem e sinto a espada se conectar comigo, minhas tatuagens parecem se estender até ela, unindo-a a mim. 

A pego de uma vez, girando e me acostumando com seu peso. 

E– E assim como ela é perfeita para você, eu me esforço para ser também. Eu dou tudo de mim, Amaya. Eu quero te fazer feliz. Quero largar o exército e ter uma vida com você. Eu gosto de você, Amaya. 

Encaixo a espada na minha bainha. Me esforço para me manter olhando em seus olhos. 

— Eu gosto de você também, Egon. — Ele se anima por apenas alguns segundos, até sua expressão mudar. 

E– Mas não tanto quanto gosta dele. 

— Eu não quero o que você quer. Não acho que estamos na mesma página. — Apoio minhas mãos em seus ombros. — Você tem razão, você é perfeito para mim. Você é paz, calma e alegria. Mas eu não posso ser o mesmo para você. Eu sou totalmente o oposto de você. — Ele tenta retrucar. — Mas, eu não quero nada disso. Estou cansada de lutar e não posso me esforçar para fazer alguém além de mim, feliz. 

E– E o que vai fazer? Você não me respondeu da última vez. 

— Se nós sobrevivemos, se vencermos, vou correr atrás da minha felicidade. Era isso que o meu irmão queria para mim. 

E– Eu posso pelo menos ver isso acontecer? Você merece mais que qualquer um. — Me afasto dele. Saímos da tenda, todos já estão prontos para descer a montanha. 

A Lenda do Dragão BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora