7- Amizade

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Estamos sentados frente a uma fogueira alta que o Dragão Branco acendeu com apenas um estalar de dedos.
A chama começou pequena, mas num azul brilhante que logo foi alaranjando e formando a fogueira quente e confortável que admiramos agora.

O Alec está inquieto ao meu lado. Mas isso é compreensível. Estamos em uma terra desconhecida, na casa de milhares de criaturas místicas que parecem extremamente suscetíveis ao estresse. Quer dizer, pelo menos o Dragão Branco parece, já que não vimos mais nenhum dragão.

X- Me diz, você é o Dragão Branco, mas não é um dragão. Eu não entendo, é só um nome legal? E como você sobrevoou a Terra e pôs tudo em chamas como diz a lenda? É uma metáfora? - Ele está há bastante tempo circulando pelo corpo magro e alto do elfo pálido, fazendo perguntar que eu também faço mentalmente.

DB- Como primeiro e como rei dos dragões, tenho habilidades além da sua compreensão.

- Como o poder de se transformar em um elfo? - Pergunto despretensiosamente.

DB- Isso.

X- Estamos em Drachen. O mundo subterrâneo dos dragões, mas até agora só vimos você e nem na forma de dragão foi. Onde estão os outros?

DB- Os outros, como você diz, não confiam em vocês. Sinto em dizer Salvadora, mas a entrada dos seus amigos assustou meus irmãos e eles preferem se manter em seus cantos. Quietos, sem toda essa tagarelice ao redor.

X- Eu compreendo. E aí? Me diz, como era a Antiga Era? - Ele não capta a indireta e continua conversando. Mas dessa vez até mesmo o Alec parece interessado na pergunta.

O Dragão Branco e seus olhos azuis me analisam e apenas afirmo, pedindo silenciosamente que ele fale.

DB- A Antiga Era, não tão antiga assim, era belíssima e os humanos eram avançados e inteligentes. Seu processo evolutivo surpreendeu até mesmo a mim. Mas com o tempo se perderam na ganância e na sede de poder. Destruíram as florestas, destruíram os animais e então começaram a destruir a si mesmos. Foi quando o Criador ordenou que eu desse um fim na baderna. Eu não estava certo, amava aquele povo, tentei remediar a situação e apresentei meu povo a eles. Mas diferente do que imaginava, eles tentaram nos destruir também e quase conseguiram. O Lorde das Trevas veio, me acorrentou e me usou, fez de caos um reino já arruinado. Até que aparecestes. - Dessa vez ele olha diretamente para mim e mesmo confusa, não desvio meu olhar. - Saphide. Com sua pele negra como carvão e seus olhos violetas cheios de uma magia que os humanos não deveriam conhecer. Ela me libertou, salvou todos nós e quando queimei todos, exceto as Colinas de Erzengel, a Salvadora descansou, dando toda sua magia para restaurar a Terra e começar uma nova espécie. Os elfos. E então, uma vez livre, decidi que nunca mais cometeria o mesmo erro. Criei Drachen sob o mundo dos mortos e escondi a mim e ao meu povo nesse canto de tanto encanto.

- É por isso que apenas quem nasce em Erzengel possui magia?

DB- Isso. Aquela terra é recheada de magia e levou 200 anos para se reerguer.

A- Xaun, você é de Erzengel. Não é? - Ele afirma.

X- Nasci em Lowenzanfeld, mas logo minha família se mudou para Sklavarena. Meu pai caiu no sistema de apostas e morreu. Minha mãe deu de tudo para criar eu e meu irmão e quando ela morreu, fui esperto e me juntei a uma gangue.

A- E seu irmão?

X- Seguiu os mesmos caminhos ridículos do pai. - Ele parece amargurado enquanto fala. - E vocês?

DB- Confesso que estou curioso sobre sua jornada até aqui, Salvadora. Não aparenta ter sido fácil.

Olho para o Alec, que sorri de leve para mim, me encorajando a falar. Me ajeito em suas pernas e encaro a fogueira, me afundando nas memórias.

A Lenda do Dragão BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora