Página 2 - o diário da Rainha

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Não era tão tarde da noite quando vou até o quarto dos meus pais

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Não era tão tarde da noite quando vou até o quarto dos meus pais. Estava agitada e entediada, nesses momentos eu queria poder ter redes sociais como qualquer pessoa normal, não que não tivesse feito um perfil falso, mas acabei sendo descoberta e virado notícia em todos os portais, então agora tinha que olhar tudo de longe.
Não é exatamente no quarto que quero ficar, então abro a porta que dá para o estúdio do meu pai. Está escuro, como deve estar sempre, acendo apenas um abajur, algumas fotos estão secando em pequenos varais, observo algumas, a maioria é de minha mãe no jardim, eu mal percebo diariamente, mas pelas fotos dá pra notar o quanto meus pais estão sempre juntos, não importa a situação. Minha mãe poderia fazer outras coisas também, mas se empenhava em acompanhá-lo para liderar e tomar decisões, não como se um fosse mais importante que o outro, mas como se um encontrasse força e clareza no outro e mesmo não acreditando muito em relacionamentos, ainda esperava algo parecido, não apenas uma relação, uma parceria pro resto da vida.
Não tinha nenhuma foto ainda para revelar, então só fico sentada e coloco uma música baixinha no celular para tocar, só de estar ali me sinto em paz, o lugar por si só me lembrava a infância, quando meu pai tirava dezenas de fotos minhas e então me trazia até aqui para me mostrar todo o processo, eu sentia como se ele estivesse fazendo mágica e me sentia assim até hoje, preferia as fotos analógicas à digitais, assim teria algo palpável que guardava em álbuns de fotos.
Quando saio pego uma de suas câmeras, coloco na bolsa e volto para o quarto, deito na cama e fico ali um tempo olhando o lustre acima, penso em ir até a cozinha falar com o chef Felix ou tentar achar Laura ou Minho, qualquer um que pudesse conversar, mas não quero incomodar nenhum, todos devem estar em seus quartos.
Olho ao redor, fazia um tempo que não entrava no quarto dos meus pais e mesmo respeitando totalmente a privacidade deles vejo uma estante com vários álbuns que me chamam atenção. Puxo um deles, é preto e tem uma capa de couro, todas as fotos se parecem com as que estão no estúdio e além daqueles tem mais cinco parecidos, quando puxo um deles uma outra coisa que estava atrás cai perto do meu colo.
Se parece com uma agenda, tem a capa amarelada, mas poderia ter sido branco, pois parece estar ali há muito tempo. Limpo a poeira e abro, na contracapa tem uma assinatura, Syrine, 1971. Era uma agenda de minha mãe.
Passo o dedo pela elegante escrita, uma flor está amassada perto de seu nome, folheio e algumas coisas caem dali, fotos e cartas, parece extremamente pessoal, mas também excitante em meio ao tédio que estou sentindo. Folheio a primeira página.

"É meu aniversário de 17 anos e um dos presentes que minha mãe me deu foi este diário, talvez para compensar a raiva que estou sentindo e escrever o que estou pensando sem ter que me rebelar ou desonrá-los, coisa que jamais faria, mas a raiva não, a raiva continua aqui".

Então aquilo era mesmo um diário, o que era mais pessoal ainda, mas por que ela estava com tanta raiva? Senti como se estivesse lendo um livro bom que precisava saber do final e depois de ponderar, pego o diário e a câmera. Depois de arrumar os álbuns no lugar vou até o meu quarto, fecho a porta e me jogo na cama com o diário.

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