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Finalmente. Foram anos, mas ele estava aqui, quer dizer, não exatamente aqui, no sul, comigo. Minho precisou voltar ao seu país, claro, era a sua casa, mas já estava voltando para cá, para mim.
Ele parecia até mais empolgado que eu, mas não é algo que eu jamais reclamaria, quero até pular para a parte quando já estamos morando juntos. Os dias na Suíça, mesmo que pouco, foram os melhores momentos e me deixaram mal acostumada, nem quando ele esteve aqui, ficamos tão íntimos. Hayun prometeu inclusive, não dizer o quão próximo realmente ficamos no hotel para os meus pais, já bastavam os jornais sobre o Minho, a qual o meu pai não gostou nenhum pouco, mas tinha entendido os motivos de Minho, o persuadi um pouco e senti que meus pais já estavam acostumados e até gostavam dele.
Meu pai já o conhecia antes até de mim, agora ele tinha que o ver com outros olhos. Acho que meus pais simplesmente amavam o que eu amava, pois isso também é parte de mim.
Queria ter alguém para conversar nesse momento de readaptação, mas Laura parecia estar sempre ocupada agora, o que não fazia sentido já que eu era parte de seu trabalho. Me sinto como uma criança fazendo birra e isso me dá uma idéia.
Primeiro vou atrás de mamãe e Asaf que estão brincando no jardim. Asaf está correndo atrás de uma bola, mas acaba se atrapalhando e caindo. Chego bem perto e o ajudo a levantar.
-Lica!- ele grita ao me ver, está falando bem mais agora, mas o meu nome ainda é difícil.
-Você vai ser jogador quando crescer?- o carrego no colo, uma coisa que estava me acostumando, assim como ficar sentindo seu cheirinho suave.
Ele balança a cabeça, negando.
-Māe, o que acha de irmos até o haras hoje? Meu irmãozinho vai gostar de estar perto de outras crianças.
Minha mãe me olha meio assustada, como se a ideia fosse absurda ou perigosa, como se eu fosse sozinha e não soubesse como cuidar do meu irmãozinho.
-Não sei, Erica, tem certeza que não quer ficar aqui conosco? eu peço para Felix assar um bolo de chocolate.
-É uma ótima ideia, mãe, mas eu realmente quero sair de casa hoje.
-Sinto muito, Erica, mas eu preciso ficar em casa hoje.
-Precisa? Tudo bem, então.
-Depois eu converso sobre isso com você.
-Está todo mundo aqui já, que horas que todos irão chegar?
Me viro e vejo meu pai, parece relaxado, sem o terno e com as mangas da camisa arregaçadas, mas ele também olha assustado para minha mãe, quando a olho de novo, ela faz uma cara estranha para ele. Eles estavam escondendo alguma coisa?
-Que horas o quem irá chegar?
-Ah, hm... Suho vai me trazer uma, uma..
-Uma câmera nova- diz mamãe, um pouco empolgada demais.
Tudo isso por uma câmera?
-Sim, eu pedi uma câmera, mas uma câmera filmadora, quero registrar tudo em vídeo dessa vez, talvez isso seja usado em um documentário ou série dramática de streaming.
-Ai, papai, você não é sempre um rei, você também é um artista. A câmera será vintage ou moderna?
-Hm.. quero as duas, o que acha?
Ele sorri de um jeito amável, fazia um tempo que não o via fotografar e era algo que eu sentia falta, aposto que ele também.
Ele vai até mamãe e dá um beijo em sua testa.
-Vocês vão ficar aqui, será que eu devo tirar o resto da tarde para ficar com vocês?
-Eu estava pensando em ir ao haras, mas posso ficar aqui com vocês.
-Que injusto, Erica, quando pedi você não quis- mamãe faz um beicinho, mas eu me sentia culpada de perder qualquer oportunidade em que todos nós estivéssemos juntos.
-Tudo bem, pode ir, você ficou fora por um tempo, aposto que as crianças estão sentindo saudades.
-Tem certeza?
-Tenho,- diz papai - e eu vou ficar um pouco com sua mãe, você não quer ficar de vela, não é?
-Argh, não.
Ele começa a beijar seu rosto e sua boca, mamãe tenta se esquivar, mas ele começa a fazer cócegas em sua barriga.
-Seungmin, pare- ela diz, mas não para de rir.
-Não posso evitar quando você está tão fofa- ele continua até ela parecer cansada.
-Ok, os dois estão muito fofos, então eu vou deixar vocês sozinhos, ver essas demonstrações de afeto me fazem sentir falta do meu próprio príncipe.
Meu pai para, mas não era isso que queria.
-Você está bem?
-Sim, claro, não vamos mais ficar longe por muito tempo e eu tenho que ir, quero andar a cavalo antes que escureça.
-Tome cuidado - minha mãe alerta.
-Sempre - digo já me virando para sair, ainda estava andando quando escuto novamente seu riso.

Some fairytale - Lee Know Onde histórias criam vida. Descubra agora