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Demorei, mas voltei depois de problemas pessoais.
Minho de long hair cura tudo
Votem e comentem 💗

-O rei deseja falar com a senhorita.
  Aquela frase era repetida pelo menos vinte vezes ao dia.
  Com um suspiro eu deixo o sapatinho no lugar e acompanho Laura.
  -Está tudo bem?- ela pergunta.
  -Estou nervosa, iremos falar com algumas pessoas sobre o investimento no Centro de ajuda.
  -Também estou nervosa, tem que dar tudo certo e ah, Felix também está torcendo por isso.
  -Felix?
  -Sim, ele me disse que tem um irmão mais velho que tem o espectro autista e que, um lugar assim, quando eram crianças e levavam uma vida mais simples, faria toda a diferença.
  -Eu não fazia ideia- digo, me sentindo emocionada em como realmente poderia fazer alguma diferença para alguém.
  -Eu também não sabia, quando contei sobre o que já havia me contado ele pareceu emocionado, depois vi que era pessoal. Ele parece bem apegado ao irmão.
  -Isso me motivou ainda mais, obrigada por me contar.


Respiro fundo antes de entrar na sala, esperando um monte de homens engravatados, mas vejo apenas um, meu pai.
  -Está pronta?
  -Estou, mas a reunião não será aqui?
  -Não, será no prédio de um dos meus amigos embaixadores da Unicef.
  -Unicef?
  Imagino o nível de importância das pessoas que estariam presentes.
  -Sim, ele é bem discreto em relação a isso, mas é um empresário muito influente e seu projeto envolve crianças, não é? Nada melhor que falar com quem já financia instituições infantis.
Atravesso a sala e lhe dou um abraço, fazia um tempo que não fazia isso, mas o tanto que ele estava me ajudando com isso era algo extremamente importante que eu não sabia como expressar.
  -Obrigada, pai
  -De nada, filha, estou orgulhoso de você, mas agora temos que ir.

  O prédio era enorme e eu estava tensa, mas para a minha surpresa, haviam duas mulheres.
  Isso não ajudou no nervosismo já que eu era o centro das atenções, literalmente e todos me olhavam como se esperassem que eu cometesse algum deslize ou gafe. Me sentia apresentando uma tese da faculdade, mas estava preparada, então mesmo tremendo de medo eu fui até a frente, recebendo um sorriso de papai.
A sala ficou parcialmente escura para eu apresentar o que havia trabalhado até aquele dia.
  -Bom, senhoras e senhores presentes- aquilo era antiquado, eu devia ter treinado mais o que diria, mas estava nervosa e provavelmente não lembraria de nada - o projeto busca abrir o espaço do campo usado para golfe e como haras pela família real, mas que também é usado com equoterapia e clube, para além disso, com algo mais acessível a todos que precisam.
  Vejo meu pai movendo os lábios em um "explique" e eu percebo que simplesmente joguei a informação principal, diretamente. Era bom ter meu pai ali, mas imaginei como seria se Minho estivesse ali.
  -Então, o campo continuaria a funcionar como clube, mas o haras seria usado para crianças autistas ou com deficiência físicas e mentais como tratamento ou terapia, como já acontece, mas agora eu quero que seja acessível, como disse, o mais acessível possível.
  -Com licença,- um dos engravatados levantou a mão, parecia novo até para estar ali, talvez fosse por nepotismo, mas eu também era fruto de nepotismo de alguma forma- você quer que isso seja acessível, mas o quão exatamente você quer que seja.
  -Bom, eu preferia terminar antes de abrir às perguntas, mas a sua é muito importante, eu preferia que nenhuma delas tivesse que pagar, que isso fosse uma parceria com os hospitais especializados, mas eles também são pagos.
  Escuto risinhos e tento manter a postura, eu sabia que aquilo poderia acontecer.
-Agora se me permitem, eu irei mostrar o espaço para vocês.
  Sinto que ele queria perguntar mais alguma coisa, mas o corto.
  Passo as imagens que havia feito, do espaço, dos cavalos e das pessoas que frequentavam.
  -Eu só peço que invistam nisso, a saúde mental é importante para essas crianças, imagine o quão solitário pode ser para uma criança diferente das outras, quero que elas tenham autoestima, que façam amigos, que se identifiquem, que entrem em contato com a natureza e quero isso com o máximo que conseguir.
  "Também conversei com algumas pessoas que prometeram apadrinhar algumas crianças, então isso também faz parte do projeto".
  -Então esse projeto é privado e nada tem a ver com a família real?- perguntou uma das mulheres.
  -Bem, é um projeto meu e de quem mais colaborar, então sim, pode-se dizer que é privado.
  -E você quer que a maioria ou todas as crianças sejam apadrinhados, imagino.
  -Num primeiro momento eu quero que invistam no espaço para que tudo seja preparado especificamente para atender todas as necessidades possíveis.
  -Basicamente, você quer uma ONG?
  -Era o que queria, mas enquanto houver dinheiro por parte das famílias investido, não será uma ONG, mas as parcelas serão mínimas, e eu estou buscando, juntamente com o meu pai, os melhores profissionais, acho que o dinheiro investido será revertido na manutenção do lugar e o que os senhores estiverem dispostos a colaborarem será para a contratação dos profissionais, quem sabe até podemos expandir isso.
  Passei mais algumas fotos até chegar em uma que estava pensando se colocaria ou não, o orfanato que Minho havia me levado, há poucos dias atrás eu havia ido até lá novamente, Minho pediu para que eu visitasse eles de vez em quando e eu acabei indo porque realmente queria e porque aquilo também era parte de Minho, logo eu também queria fazer parte, então estava cuidando das doações e fazendo mais amizade com as crianças.
  -E esse lugar, essa escola fica lá também?
  -Ah, não, isso é um orfanato e não fica aqui.
  Me perco em pensamentos olhando a foto do lugar e percebo que todos me olham em expectativa.
  -Então, mais alguma pergunta?
  -Por ora, não - diz um senhor, parecia o mais velho ali, seu cabelo já era grisalho.
  -Sim, vamos decidir sobre isso e entraremos em contato.
  -Alguma chance de financiamento?- pergunta meu pai.
  -Sim, Vossa Majestade, nós só precisamos decidir qual a melhor empresa para tal, mas aposto que Eric com certeza vai querer apoiar, não é mesmo, Eric?
  -Sim, fazia um tempo eu estava procurando instituições para crianças com deficiência, isso não é necessariamente uma instituição, mas gostei da ideia da princesa, dá pra ver a quem ela puxou.
  Solto um suspiro aliviado, o pior tinha passado e eu tinha uma certeza.
  -Princesa Erica, vamos pedir para que tenha paciência nesse primeiro momento, até as obras e mudanças que quer fazer pode ser que semanas ou até meses se passem.
  -Sem problemas, já estou feliz de ter o apoio de vocês.
  -O meu terá - disse uma das mulheres.
-Obrigada a todos pela atenção e pelo tempo.
  As luzes se acendem de novo me pegando de surpresa.
O homem que parecia mais velho se levanta seguido dos outros.
  -Vamos entrar em contato, espero que não tenha nenhum compromisso fora do país nos próximos dias, vamos resolver isso o mais rápido possível.
  Infelizmente não, não ia sair do país até à Suíça quando houvesse tempo.
  -Não, senhor, obrigada novamente.
  Todos saíram um a um, até restar apenas eu e meu pai.
  -Que tal um McDonald's?- ele pergunta.
  -Você leu minha mente, pai.

Some fairytale - Lee Know Onde histórias criam vida. Descubra agora