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-Erica, seu pai perguntou se você está com a câmera dele.

  -Está sim, ainda está, vou devolver assim que passar as fotos para mim.

  Eu mal via a minha mãe ultimamente, ou ela e meu pai estavam fazendo exames ou eu estava sozinha no meu quarto depois das aulas ou um dos eventos que agora meu pai estava me inserindo.

  -Está tudo bem?

  -Está sim.

  No momento eu estava com o notebook, sentada, tentando lembrar o que ia escrever ali. Era tarde, Minho já havia se despedido para dormir.

 Voltamos ao relacionamento à distância, tentando ao máximo falar qualquer coisa trivial que acontecesse para que houvesse uma ilusãozinha que fosse, de que ele estava ali também, ou eu com ele, em qualquer momento do dia.

  -E o Minho, está bem?

  -Sim, ele perguntou de você e o nenê.

  -Ele é um rapaz incrível, estou feliz por vocês e sei que ele vai crescer bastante na Suiça.

  Ela já tinha me dito aquilo, em um momento de reflexão interna, como agora, meio distraída. Sei que ela estava odiando me ver assim, eu mesmo não sabia porque estava tendo uma reação tardia a tudo, não sou dependente de pessoas além dos meus pais, pois não viveria sem eles, mas Minho parecia uma escolha, uma escolha certa. Era como eu me sentia, não como se esse amor me escolhesse, mas eu escolhesse ele. 

  -Oi, está ouvindo? 

  -Hm, estou.

  -Eu disse que até o casamento vocês estariam cheios de coisas a fazer, vai ficar mais fácil quando vocês dividirem isso também.

  -Está dizendo que ele fará os meus afazeres, irá se encontrar com líderes e tudo mais?- falo em meu tom de brincadeira.

  -Não, mas ele irá acompanhar e você também fará isso com ele, se precisar, não quer dizer também que vocês viverão grudados, mas vocês dividirão uma vida.

  -Eu sei, mãe.

  -Você está preparada para isso?- ela pergunta, séria.

  -Não, mas vou fazer mesmo assim.

  Ela abre um sorriso e aperta uma das minhas bochechas.

  -Você cresceu tanto, não falo de idade, você está virando uma mulher.

  A voz dela embarga e os olhos enchem rápido de lágrimas.

  -Māe!

  -Desculpa, você sabe que eu estou sensível e você era a minha garotinha, que às vezes me irritava correndo e gritando por aí na frente de pessoas importantes em momentos que exigiam seriedade, agora estamos aqui, falando do seu noivo.

  -Meu noivo que está longe.

  -Sua primeira dor amorosa também.

  -Primeira não, mas não é uma dor, é só um incômodo.

  -Tudo bem, vamos dar um jeito e tentar arrumar um espaço livre para você dar uma passada na Suíça.

  -Por favor, um tempo mais longo.

  Ela suspira.

  -Seu pai vai falar sobre suas responsabilidades primeiro.

  -Exatamente, por isso ainda estou nas responsabilidades - balanço o notebook na sua frente- também preciso de um descanso.

Some fairytale - Lee Know Onde histórias criam vida. Descubra agora