Ciclo Olímpico | Hande Baladin & You

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*POV YOU*

Estávamos na praia, o clima estava muito bom! Sol quente, céu azul e um pouquinho de vento para refrescar. O verão na Europa era insano de quente. Arrumei nossas coisas na areia, coloquei as cadeiras e o guarda sol, abri os coolers e tirei duas cervejas de lá, oferecendo uma a Hande.

- Obrigada! – Agradeceu sorrindo. – Só uma pergunta básica, você pretende entrar na água? Porque eu não trouxe biquíni.

Como era verão, Hande usava um short larguinho preto um pouco acima do joelho, um cropped também preto e uma camisa de botão florida aberta que ia até a altura do short. Eu usava um short azul assim como o de Hande, mas estava somente com uma camisa preta larga com as mangas cortadas.

- Bom, eu não sei como te dizer isso, mas você já nadou pelada? – Ela ficou me encarando com a boca aberta, sem saber o que dizer. – Calma, calma! Eu pedi a Simge para levar um biquíni seu essa semana. Está na minha mochila. – Falei rindo e ela levantou para pegar a roupa.

- Não vou nem perguntar como a Simge fez isso, tá! Vou ali trocar de roupa. – Disse e saiu para se trocar.

Ela voltou vestindo a mesma roupa, a única diferença era que no lugar do cropped usava a parte de cima do biquíni. Enquanto ela andava em minha direção, observei o corpo dela, não que eu não tivesse visto antes, mas dessa vez eu parei para olhar melhor. Ela tinha o corpo lindo, sem nenhuma tatuagem, mas muitos brincos na orelha. Ri dessa observação. Ela chegou, sentou do meu lado e começamos a conversar.

A gente conversou por cerca de uma hora, enquanto bebíamos cerveja e comíamos petiscos. Hande era uma pessoa agradável, conversava sobre tudo, contava piadas, explicou sobre sua superstição com o número sete. Contou as histórias durante os campeonatos mundiais, e como ficaram inconsoláveis com o quinto lugar nas olimpíadas.

- Hande, vamos para água? – A chamei e levantei para tirar a camisa e o short. Percebi que ela olhou meu corpo de maneira discreta, o que eu achava normal, já que tinha tantas tatuagens, ela devia achar estranho. Ela tirou sua roupa, e fomos em direção a água.

- Você não tem tatuagens? – Questionei.

- Não é muito minha praia, eu sou mais de usar acessórios. – Apontou para as orelhas. – Mas um dia, se ganharmos uma olimpíada, com certeza faria os anéis em algum dos meus braços.

- Sim, eu faria o mesmo! Na verdade, vou fazer. – Ri e mergulhei – Vamos um pouco mais para lá? – Apontei para o lado mais tranquilo da praia. A peguei pela mão e fomos andando. Não soltei a mão dela até que chegamos ao novo local.

- Hande, posso fazer uma pergunta pessoal? – Ela acenou – Você namora?

- Não, não namoro. – Riu – Não sei o que é namorar há um bom tempo. E você?

- Não não, meu último namoro terminou em 2020. – Falei e mergulhei novamente. Quando voltei, ela estava no mesmo lugar.

- Entendo. Eu conheço?

- Eu acho que não, o nome dela é Naiane. Ela é levantadora e jogou um tempo na Polônia, agora voltou para o Brasil.

- Eu namorei por pouco tempo um jogador de basquete, mas não deu certo. Era diferente, não sei bem como explicar – Riu um pouco sem graça.

- Entendo. Então a estrada para o coração da estrela Hande Baladin está livre agora? – Cheguei um pouco mais perto dela, frente a frente. A olhei nos olhos. Depois para sua boca e de volta para seus olhos.

- Ahn, é. Eu acho que sim. - Ela me olhou de volta, olhando também para minha boca – Por que?

- É uma informação valiosa, Baladin! – Quebrei o contato entre nossos olhares, mas cheguei ainda mais perto dela e abracei sua cintura. Ela me olhou sem entender nada. Eu a olhei com um sorriso maldoso e ela arregalou os olhos assim que entendeu.

- Não, não! Não faça isso. – Começou a gritar e bater nos meus ombros. Joguei Hande para trás e comecei a nadar para fugir. Olhei para trás e vi nadando atrás de mim feito louca.

Sai da água em direção à nossas coisas como se nada tivesse acontecendo. Ria sozinha enquanto olhava para trás e via Hande sair com cara de brava. Sentei na minha cadeira já com minha toalha enrolada na cintura quando ela chegou.

- Eu não acredito que você fez aquilo, sério! – Pegou sua toalha, secou seus cabelos e sentou em sua cadeira. – A próxima vez vou te arrastar para o fundo e te deixar lá. – Olhou sério para mim e depois começou a rir. – Eu tô falando sério.

- Então vai ter uma próxima vez? – Entreguei mais uma garrafa de cerveja e tomei um gole da minha. – Essa é a minha última, tenho que deixar você em segurança em casa, né?

- Eu espero que sim. – Riu e deu uma golada em sua cerveja. – Também espero que a gente possa sair mais vezes. Sério, eu adorei passar a tarde com você. – Riu de maneira delicada, o que me fez sorrir também.

Passamos mais um tempo conversando, ela me contou sobre a relação com a família, que sempre que podia ia visitar o sobrinho e algumas amigas que não jogavam com ela. Falou de sua amiga Zehra, que jogava na mesma equipe de Gabi e que apesar de tudo, gostava de ser uma pessoa mais reservada.

Não tinha como não se sentir bem na companhia dela, era uma pessoa tão amável, podia passar mais um dia inteiro com ela ali de novo, só conversando, bebendo e comendo alguma coisa. Era fácil gostar de Hande e entendi o motivo de todas as pessoas gostarem de ficar ao redor dela.

Já era fim de tarde e ficamos assistindo ao pôr do sol ali na praia, em silêncio, só admirando aquele momento, sentindo o vento passando por nós. Aproveitei que a luz estava linda e tirei uma foto de Hande sem que ela percebesse, ficou linda. Ela é linda. Voltei a olhar a paisagem, estava com o pensamento distante. Quando senti um vento um pouco mais gelado, o que me fez arrepiar. Olhei para Baladin, que também tinha sua pele arrepiada. Instintivamente passei a mão sobre seu braço, para amenizar a sensação. Ela olhou para mim e sorriu. Levantei e estendi a mão para ela.

- Vem, está na hora de ir, linda. – Ela pegou minha mão e levantou. – Está ficando frio já, né?

- Está sim! Mas acabei me distraindo com tudo isso. – Riu. Saímos da areia e fomos em direção ao carro. Guardamos as coisas no porta malas, dei a volta em direção a porta de Hande e abri a porta para ela entrar. Assim que ela se ajeitou no banco, fechei a porta e fui para o meu lugar. Liguei o carro, mas antes conectei meu celular ao bluetooth.

- Hora de conhecer algumas músicas brasileiras. – Disse rindo e ela concordou com a cabeça, também rindo. – Particularmente, eu gosto de pop rock, e eu sei que você prefere rap – Ri olhando para ela – Então como você disse, sem julgamentos.

A playlist começou a tocar com uma música do Charlie Brown Jr – Só Por Uma Noite, depois para Detonautas, Fresno, Capital Inicial e mais algumas outras. Foi um caminho tranquilo até a casa de Hande, fomos conversando da mesma forma, parecia que o assunto não tinha fim e ela parecia realmente feliz e tranquila.

Estacionei o carro em frente à casa dela e fui até sua porta para abrir. Ela saiu e lhe entreguei a mochila. Ela colocou a mochila nas costas e me seguiu até a porta do meu carro, parando de frente para mim.

- Ei, eu quero te agradecer pelo dia, *You*. Foi realmente bom conhecer você assim. Eu espero que a gente possa fazer isso mais vezes.

- Mas eu não vou te ensinar mais jeitos de passar pelo bloqueio, Baladin! Pode esquecer isso – Nós rimos e ela me deu um tapa no braço.

- Eu não acredito que está me falando isso! – Rimos. Nos olhamos e o sorriso largo deu espaço a um sorriso sem dentes.

- Então... – Cruzei os braços em frente aos seios – É melhor eu ir agora, você precisa descansar.

- De novo, muito obrigada, *You*. A gente pode ser falar depois? – Ela disse e acenei com a cabeça.

Dei um passo em direção a Hande, e abri os braços, ela diminuiu a distância entre nossos corpos, fechando nosso abraço. Parecia que o aquilo durava um pouco mais que o normal. Me distanciei primeiro, mas não muito. Fiquei olhando em seus olhos, aproximei nossos rostos e dei um beijo em sua bochecha. Um beijo carinhoso e um pouco demorado. Vi que ela tinha ruborizado. Passei a mão seu ombro e me virei para entrar no carro. Acenei para ela me despedindo e recebi seu aceno de volta. Esperei ela entrar em sua casa para arrancar com o carro.

- É Hande, assim vai ser bem difícil.