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A central estava na enfermaria pois tinha machucado a mão socar a parede com força. Procurou a enfermeira para que pudesse fazer um curativo. A mão não estava tão machucada, mas haviam pequenos cortes, não tão profundos, mas que precisavam ser tratados. Pediu para que a enfermeira chamasse a amiga para levar sua mochila, seu celular estava lá dentro e precisava dele para poder passar o tempo até ser liberada.

Pouco tempo depois, a levantadora chegou na sala com a mochila em mãos.

- O que você fez? – Roberta questionou.

- Um soco na parede. Só isso. – Falou de forma tranquila. – Eu estava com raiva, Branquela. Eu estou.

- Como foi sua conversa com Saliha? – Perguntou enquanto sentava na cadeira ao lado da maca.

- Saliha e Elif! – Riu ironicamente. – Elas souberam, pela boca de Gunes, que eu traí a Nai com Bella e que tinha vindo para cá para tentar reatar nosso antigo amor. – A central brasileira respirou fundo. – Então elas me viram abraçando a Bella no quintal, passando a mão em seu rosto, então deduziram que eu estava com ela e usando a Hande para tapar esse buraco. – Seus olhos encheram de água e aquilo não passou despercebido por Roberta que estava triste pela amiga. – Eu tô cansada, Roberta. Eu tô cansada dessa história me perseguir até aqui. Eu fiz tudo pra deixar pra lá. Eu errei pra caralho, machuquei pessoas que não devia, mas eu tava bem agora. As meninas simplesmente acharam que eu seria uma filha da puta com a Hande. A mesma história, trazendo os mesmos transtornos. Eu desisto, sabia. Eu desisto.

- Ei, ei, ei! Calma! As coisas estão recentes ainda! As coisas vão se resolver, tá bem? – Roberta tentou acalmar a amiga.

- Vai ficar tudo bem. Você precisa voltar para o treino. Assim que eles me liberarem, eu vou pra lá. – Disse de maneira firme, queria passar confiança para amiga.

Roberta deixou a enfermaria para voltar ao treinamento na academia. Chegou ao local ainda atordoada com as informações que tinha recebido. Não queria transparecer que tinha ficado decepcionada com a atitude das colegas de time que considerava amigas. Sabia que aquilo tinha afetado a central e que não seria fácil contornar a situação, pois quando fechava seu coração, só um milagre a faria voltar atrás.

De volta a academia, Hande foi de encontro a ela, precisava saber como estava a central.

- Ei, Roberta! – Chamou a ponteira parando em frente a levantadora. – Ela está bem? O que aconteceu?

- Ela está bem, Baladin! Não se preocupe. – Ela disse num tom seco, não queria transparecer, não conseguiu evitar.

- Roberta... eu, eu... – Tentou falar novamente com a levantadora.

- Não, Baladin. Sério. Só deixa ela em paz. Ela teve os motivos dela, só precisava perguntar. – Aquele comportamento era atípico para Roberta que sempre foi pacífica, mas para defender sua amiga, sabia que tinha que atacar.

- Me desculpe. – Saiu da frente da levantadora e foi para o fundo da academia. Não sabia o que faria em relação a central brasileira.

A parte da manhã passou de maneira arrastada para Hande, ela ficava remoendo aquilo em sua mente e não conseguia entender em que momento tinha deixado a razão de lado para tomar uma atitude daquela. No final daquele corredor, *You* estava sendo liberada para o treino depois enfaixar a mão com bandagens. Voltou para o vestiário para deixar sua mochila e pegar seus equipamentos para treinar.

- Günaydııııııın! – A central brasileira disse em voz alta ao entrar na academia. Algumas das meninas foram ao seu encontro para saber o que tinha acontecido. Ela disse que havia dado um soco na parede ao errar o movimento enquanto treinava box em sua casa mais cedo. A história passou pelas companheiras, então se sentiu aliviada para voltar a treinar.

Não olhou para os lados, não conversou com ninguém, correu na esteira numa velocidade maior do que costumava correr e pegava pesos maiores do que vinha pegando recentemente. Ia itensificar seus treinos, ia aumentar o nível, ia focar duas vezes mais que antes. Preferia sentir dor física e cansar seu cérebro com treinos do que voltar a pensar no que estava acontecendo. Parou para descansar e viu que a levantadora turca se aproximava. Saiu do lugar com a garrafa de água na boca e deixou a levantadora sozinha. Evitaria ficar na presença de qualquer uma das meninas, a não ser que fosse um assunto estritamente profissional.

Ciclo Olímpico | Hande Baladin & YouOnde histórias criam vida. Descubra agora