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*POV BALADIN*

- A gente pode sentar aqui, Roberta? – Perguntei já esperando uma resposta seca da brasileira.

- Claro, fiquem à vontade. – Ela respondeu de forma agradável. – Hande... – Ela voltou a chamar pelo nome, fiquei aliviada e até relaxei os ombros. – Me desculpa por hoje cedo. Não devia ter te tratado daquela maneira.

- Tudo bem, eu entendo. Não se preocupe com isso. – Disse de verdade, eu não queria problemas com ela, Roberta era uma pessoa tão agradável, tão amiga.

- Mas eu não retiro o que eu disse. Deixa ela em paz. – Ela respirou fundo, todas olhávamos pra ela de forma apreensiva. – Eu vou ser sincera com vocês, ela não vai abrir a boca para falar com vocês a não ser que seja algo relacionado ao time ou ao jogo. Ela não vai estar no mesmo lugar que vocês, mesmo chegando de surpresa. Ela vai continuar abraçando vocês durante o treino e o jogo, aproveitem esse momento para matar a saudade dela. Então vão com calma, só isso. Tudo aconteceu rápido demais, mas se posso ser sincera, vocês deveriam ter conversado e não terem agido daquela maneira.

- Eu sei, Betinha! Por favor, perdoa a gente. – Saliha disse chorando e esticando a mão para pegar a da levantadora.

- O problema não é diretamente comigo, Saliha. Não tem que me pedir perdão por nada. – Pegou a mão da mais nova do outro lado mesa. – "Winter is coming", se preparem para a temporada com a pessoa mais gelada que eu conheço. E preparem os braços para os treinos... O saque dela vai vir pesado. – Riu de seu próprio comentário.

Nós rimos dessa parte junto a ela, foi um momento de descontração no meio de tanta coisa. Continuamos conversando até Roberta se retirar para descansar um pouco. Como tinha terminado, resolvi sair também, mas não fui para a sala de descanso, fui em direção a quadra. Eu sabia que Roberta tinha pedido para não forçar a situação, mas não ia falar com ela, só ficaria ali observando.

Cheguei de mansinho pela porta para saber se ela não estava de frente para onde eu saíria, mas para minha sorte, ela estava de costas. Assim que a vi, dei um suspiro baixo, eu estava triste pelas coisas que fiz e pela maneira que a julguei. Ela não tinha me dado motivos para acreditar em outra coisa, nunca. Sempre foi atenciosa, carinhos, brincalhona e sem pedir nada em troca. Nunca havia exigido nada ou me questionado. Senti falta do seu abraço de manhã e do beijo no canto da boca, dela me chamando de linda. Só fazia um dia que eu não falava com ela, mas já sentia que faltava alguma coisa. Saí da minha montanha russa de lembranças quando percebi que ela havia virado para onde eu estava. Ela olhou para trás, mas nada fez. Não esboçou sentimento nenhum, era como se algo tivesse caído, mas nada aparecera em seu campo de visão. Eu era o nada, eu que passava pelo seu olhar como se tudo estivesse acontecendo, menos minha presença ali.

Vi ela jogar a bola pro alto e sacar, ouvi seu grito pelo esforço feito, mas não abafou o barulho de sua mão na bola. Foi um tapa forte e preciso, foi direto para a quadra, sem sair das linhas limites. Voltou a pegar outra bola, do mesmo jeito, jogou para o alto e mais um tapa forte, só que dessa vez em outro ponto da quadra. Fiquei ali por um tempo, já que ela não tinha se importado com minha presença ali, estava absorta em meus pensamentos até que senti uma mão em meu ombro e pulei de susto.

- Que merda, Simge! Quer me matar? – Falei baixo para não atrapalhar a central.

- Calma, não queria te assustar – Falou baixo assim como eu. – Eu sabia que estaria aqui...

- Ela me viu aqui, mas foi como se não tivesse nada além dessa parede. – Meu coração ficou tão apertado em falar aquilo. – Ela realmente não vai falar mais com a gente.

- Lógico que vai... Quer ver? – Saiu de trás de mim e foi em direção a central. – Ei, *You*! – Vi a baixinha se aproximar da mais alta que a olhou com uma expressão neutra. – A GENTE PRECISA CONVERSAR! VOCÊ TEM QUE FALAR COM A GENTE, PORQUE SE PRECI...

- Akoz... – Ela interrompeu a baixinha que ficou surpresa. – Nós vamos conversar somente o indispensável sobre nosso trabalho. Se quiser me xingar por eu não ter bloqueado, pode ficar à vontade. Eu vou fazer o mesmo, não tenha dúvidas. Vou te elogiar pelas defesas e vou até te carregar no colo se você fizer aquelas coisas impossíveis de líberos. Mas nada além disso, nos não vamos passar disso mais. Espero que o recado seja passado para suas outras amigas. – Se virou de costas e sacar.

- Nossa, você viu como ela é difícil? A Roberta tinha razão, credo. – Disse com cara de choro e eu só pude rir de seu comentário.

- O inverno chegou mais cedo na Turquia! – Falei dando as costas e saindo dali com a minha amiga.

Ciclo Olímpico | Hande Baladin & YouOnde histórias criam vida. Descubra agora