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*POV YOU*

Estava estacionando minha moto na garagem de Hande, que tinha acabado de chegar, eram quase dez da noite. Não precisei mandar mensagem avisando que havia chegado, o barulho da moto já tinha dado o aviso. Desci da moto e encontrei ela já na porta, parecia estar um pouco cansada pelo dia que tinha passado com a família.

- Oi! – Ela abriu um sorriso ao me receber na porta. – Entra, vem. – Ela esticou a mão, me puxou para dentro e fechou a porta assim que passei.

- Ei, linda! – Ela parou na minha frente, parecia esperar um abraço. – Vem cá, já estava com saudade de você. – A abracei e fiquei sentindo o cheiro do cabelo dela.

- Eu sei que você está chateada. MAS EU NÃO CONVIDEI O AYTAÇ PARA IR LÁ, ELE TEM ESSA MANIA DE APARECER E SE PROMOVER, É MUITO CHATO... – Eu fiquei a olhando falar sem parar, então esperei ela parar.

- A gente pode ir para o sofá? – Ri e ela concordou com a cabeça. – Hande, eu não estou chateada pelo Aytaç. Sério.

- Então é pelo que? – Ela perguntou surpresa.

- Ontem eu vi que seus amigos e família estavam na festa, mas você não me apresentou ninguém. Eu sei que não temos nada oficial e que aqui relacionamentos como o nosso não são aceitos, mas sei lá. No Brasil a gente apresenta todo mundo também, pode ser coisa da minha cultura. Deixa pra lá...

- Não sabia que isso era importante para você, me desculpa. Nós não temos nada oficial, mas eu poderia ter te apresentado ao menos a minha mãe. Vou consertar isso na próxima oportunidade que tivermos, pode ser? – Ela me olhou tombando a cabeça levemente para o lado enquanto fazia um beicinho.

- Pode ser sim. – Concordei rindo e lhe dei um leve empurrão no ombro.

- As coisas aqui são diferentes do Brasil, nós não temos tanta liberdade sexual assim, fico com receio de expor demais, não por vergonha do que eu sinto por você, mas pela nossa carreira aqui. Infelizmente tenho que me preocupar com isso, pelo menos por enquanto. Você viu as repressões que a Ebrar sofre aqui até hoje.

- Eu não quero colocar o que a gente tem nas revistas e jornais, Hande. Só quero conhecer melhor você além do que a gente vive no clube, mas se você não quiser, eu vou entender.

- Eu quero te mostrar sim. E eu vou. Só preciso das oportunidades agora.

- Tá, estamos entendidas nisso. Agora quero falar sobre algo realmente sério. – Dei uma boa olhada para seu rosto que se mantinha concentrado em nossa conversa. – Você me chamou de meu amor... Foi no calor do momento?

- Ah não, pensei que tivesse esquecido isso. – Ela ruborizou ao ouvir o que tinha dito – Não falei no calor do momento não, mas saiu sem querer. Queria guardar isso para depois.

- Depois, quando? – Já tinha esquecido a chateação que estava antes de ir encontrar a turca.

- Ah, não sei. Quando a gente começar a namorar. Não quero parecer uma doida te chamando assim.

- Então você quer me namorar, Baladin? – A pergunta a fez gargalhar e eu só pude acompanhar.

- Não sei se posso fazer isso agora. – Ela olhou para baixo.

- Por que?

- Todo mundo está shippando você com a Saliha, né? Depois daquela foto... – Joguei minha cabeça para trás e fechei os olhos. – Você acha que eu não vi? Sorte sua que somos muito amigas.

- Eu não acredito nisso! Na verdade, acredito sim. São tantas teorias que as pessoas criam, você tem que ver.

- Alguém shippa a gente? Não nossa amizade, mas como casal? – Hande estava interessada mesmo nesse assunto.

- Sim. Tem uns edits nossos durante os jogos, nos olhando, nos abraçando. É legal e fofo, mas saiba que a maioria que nos shippam são brasileiros, então imagine quando for para lá na VNL, as pessoas vão enlouquecer vendo a gente.

- Você acha que a gente dá tão na cara assim? – Ela deitou em minhas pernas para continuarmos conversando.

- Não, eu não acho. Já que as pessoas me shippam com a Saliha, né? – Rimos do meu comentário.

- Pode ser, mas sério, eu acho que dou na cara. Ontem minha mãe disse que mesmo estando com eles, eu ficava procurando por algo entre as pessoas. – Eu olhei para baixo encarando a expressão leve da turca. – Toda hora eu ficava te procurando, e só relaxava quando via você em algum lugar naquela festa.

- Eu fazia o mesmo, ficava te olhando lá de longe. – Fazia carinho em sua cabeça e em sua barriga – Em qualquer lugar em que nós duas estivermos, eu vou procurar você até encontrar esse olhar lindo.

Percebendo o clima romântico, Hande se levantou e sentou em minhas pernas, de frente para mim, ficou me olhando segurando meu rosto em suas mãos. Eu fiquei esperando para ver o que a mais nova queria fazer, então ela colocou sua cabeça na curva do meu pescoço, deu um beijinho leve e voltou a pousar sua cabeça no meu pescoço.

- Quer tomar um banho e dormir? Você parece um pouco cansada – Minha mão fazia movimentos lentos em sua cabeça, enquanto a outra passeava pela sua coxa.

- Eu quero ficar assim até me dar câimbra. – Ela falava feito uma criança mimada.

- A gente toma um banho e fica nessa posição lá no quarto então.

Levantei do sofá com a turca enrolada em meu corpo, levei-a até o banheiro e tiramos a roupa, entramos no box e tomamos um banho quente. Saí do banheiro primeiro enquanto Hande terminava de se secar, aproveitei para arrumar a cama, colocando um edredom grosso cinza e branco e colocando mais dois travesseiros além dos dois que já estavam no lugar. Liguei a televisão e procurava algo para assistir até Hande chegar no quarto.

- O que está vendo, amor? – Meu sorriso cresceu no meu rosto ao ouvir ela me chamando daquele jeito.

- Se você ficar me chamando assim, não vou sair nem dessa cama, consequentemente nem você vai poder sair, não vamos disputar a champions, nem outro campeonato, só vamos viver de amor e algumas barrinhas de ceral... – Ela se aconchegou ao meu lado da cama, deitando em meu peito.

- Nossa, isso tudo por causa de uma palavrinha? – Hande estava manhosa aquela noite, isso me deixava feliz, pois nossa relação não era só sexo ou os momentos em que estávamos treinando ou jogando.

- Eu tô falando sério, eu amo ouvir você me chamando assim. É meu ponto fraco atual. – Dei um beijo em sua testa e fiquei observando ela dar um sorriso fraco com os olhos quase fechando. – Pode dormir, linda. Eu vou ficar aqui um tempinho ainda.

- Jura? Eu tô com o corpo tão cansado. Se precisar de qualquer coisa, pode me chamar. – Selei nossos lábios e vi Hande começar a dormir, ainda repousada em meu peito.

Eu estava começando a ficar um pouco ansiosa pelo o que estava acontecendo, eu não estava só apaixonada por Baladin, aquilo estava se transformando em amor. Eu já tinha ela na minha rotina, nos víamos todos os dias, dormíamos juntas, conversávamos sobre tudo, ainda mais depois que superamos aquele desentendimento. Mas, dessa vez eu queria mais, queria apresentar ela como minha namorada aos meus amigos mais próximos e minha família, queria um churrasco só eu e ela cantando músicas estranhas e dançando de um jeito desengonçado. Queria um passo à frente.

Peguei meu celular e criei um grupo com as meninas, exceto Hande. Tinha um assunto que precisava resolver e só aquelas meninas poderiam me ajudar.

"*You* adicionou você ao grupo 'AJUDA: PEDIDO DE NAMORO' "

"O título do grupo é autoexplicativo" – Mandei no grupo antes que elas começassem a falar algo.

"Que tudo! Já quero ver a cara da Mãozinha – Roberta respondeu cheia de gracinha.

"FINALMENTE! PENSEI QUE IRIA ENROLAR A HANDE POR UM ANO" – Não esperava outra resposta de Simge.

"Ah que lindo, como podemos ajudar? " – Yasemin já se prontificou.

"Eu tô dentro pra qualquer coisa que precisar, brasileira" – Foi a vez de Elif responder à mensagem.

"Bae, nesse momento tão importante, eu me disponibilizo a fazer uma série de listas com tudo que vamos precisar " – Saliha como sempre muito empolgada.

Ciclo Olímpico | Hande Baladin & YouOnde histórias criam vida. Descubra agora