Ciclo Olímpico | Hande Baladin & You

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*POV YOU*

Eu estava nervosa, tinha preparado tudo, tudo mesmo. Durante no nosso primeiro treino na arena, fui conversar com os administradores sobre o que eu queria fazer, a responsável pelo lugar era uma mulher lésbica, então eu me senti nas nuvens quando ela aceitou meu plano e disse que seria muito discreta, pois, segundo ela, sabia como o preconceito era prejudicial para as carreiras das atletas.

Estava subindo as escadas até um ponto alto de lá, era um mini camarote com visão para toda arena, onde quem estava lá embaixo não conseguiria nos ver. O local era usado por políticos e figuras importantes durante os jogos, mas não era o caso naquela noite. Tinha uma mesa, com uma toalha preta, lá estavam uma rosa vermelha e uma vela em um castiçal. Coloquei a caixa com o presente para Hande junto aos outros objetos, acendi a vela e deixei a luz apagada. O tempo parecia não passar, minhas mãos suavam e não parava de andar de um lado para o outro. Três batidas na porta, meu coração mudou o ritmo de sua batida e minha barriga gelou, meu corpo parecia brigar com ele mesmo por dentro.

- Ai meu deus! – Uma Hande totalmente assustada entrou no lugar.

- Hande... – Eu andei em sua direção, ela estava parada no mesmo lugar. – Hande, vem. – Estendi minha mão para ela, assim que colocou sua mão na minha, senti que ela estava tremendo. Abracei-a e pude sentir seu coração batendo bem rápido. – Meu coração também está assim.

Me afastei de seu corpo e fui até a mesa pegar a rosa e a caixinha preta, fitei a mulher que estava a minha frente e não conseguia mais tirar o sorriso do meu rosto. Eu estava certa de que oficializar de vez nosso relacionamento era o passo mais certo naquele momento, por tudo o que eu estava sentindo e sentia que o sentimento de Hande era recíproco. Voltei a ficar mais próxima de seu corpo, mas não muito colada, queria a olhar nos olhos dela naquele momento.

- Hande Baladin, eu planejei isso tão certo na minha cabeça e não queria que fosse em outro momento, senão, durante a nossa maior vitória nessa temporada, e eu tinha certeza que ela viria. – Sorri para ela. – Um pouco antes de entrarmos em quadra, eu queria te dizer uma coisa que eu já sinto há um tempo, mas não sabia como falar. – Parei e olhei dentro de seus olhos - Eu te amo. Eu sinto isso tão forte dentro de mim, que eu me segurei por muitas vezes para não falar isso para você do nada e me sentir uma completa idiota.

- *You*... – Ela tentou falar, mas eu a interrompi.

- Calma, deixa eu terminar, a gente nem tem tanto tempo. – Ela concordou com a cabeça e continuou em silêncio. – Eu quero oficializar o que eu sinto por você mesmo sendo piegas, então, Hande Baladin você aceita ser minha namorada? – Ofereci a rosa vermelha a ela.

- Sim, mil vezes sim. – A turca pegou a rosa de minha mão e me abraçou com força.

- Não acabou ainda... - Voltei meu olhar para baixo e ela me acompanhou. - Eu vou te dar algo para que você use e se lembre de mim, da gente. Não é um anel, porque eu sei que as pessoas te perguntariam se vissem sempre no seu dedo. Espero que goste – Lhe entreguei a caixinha preta.

Ao abrir, a turca deixou as lágrimas escaparem de seus olhos. Dentro da caixa, envolto em um pano aveludado azul escuro, estava um colar dourado, com um pingente simples com o número sete, seu número favorito, e um par de brincos de dourados recobertos de turquesa, Fayruz, como era chamada em seu país. Era a pedra do coração e da boa sorte.

- Eu amei! Amei, caramba, a pedra. Como você sabia dessa pedra? – Ela tentava entender o que estava acontecendo.

- Lá no começo, quando você me explicava sobre a cultura de seu país, você me explicou sobre a importância dessa pedra e qual era o significado dela para você. Origem, gratidão, boa sorte e fé. – Meu celular tocou, sabia que era Simge avisando que precisávamos descer. – A gente precisa descer, meu amor. Agora oficialmente, meu amor.

- Você não sabe o quanto é gostoso ouvir isso saindo de sua boca assim. – Ela me abraçou novamente e encheu meu rosto de beijos. – Eu te amo, te amo. – Ao ouvir ela dizer aquilo, minha alma quase deixou meu corpo, era uma sensação muito boa.

Juntei as coisas que tinha levado, passamos no vestiário para que a Hande pudesse guardar seus presentes. Fomos correndo até a quadra e demos de cara com Akbas, que estava com a mão na cintura, mas a expressão leve, aceleramos ainda mais nossos passos até chegar onde as meninas estavam.

- Chegamos, calma, calma! – A turca já chegou se desculpando.

- Difícil essas namoradas... – Saliha soltou sem censura, o que fez Hande olhar imediatamente para meu rosto, só consegui rir e puxei a ponteira pela mão e tampei sua boca com minha mão.

- Cala a boquinha, Bae! Cala a boquinha... – Soltei ela segundos depois e voltamos a gargalhar.

A cerimônia de entrega de medalhas foi linda, os três times estavam lá, mesmo algumas com o semblante decepcionado com as derrotas, o momento era de muita alegria. Eczacibasi, Conegliano e Vakifbank, os três maiores da Europa estavam reunidos ali. Esperávamos atrás do pódio colocado para que subíssemos, batíamos com as palmas da mão na estrutura para fazer bastante barulho. Boskovic foi até a parte da frente e se posicionou bem no meio, aguardando o presidente da CEV entregar a taça para nossa capitã.

- UM...DOIS...TRÊS... – Foi a contagem regressiva para que a taça fosse erguida e subíssemos ao lugar mais alto.

Música alta, muitos gritos e confete para todos os lados, a festa estava completa dessa vez. Eu estava emocionada pelo o que tinha sido essa primeira temporada na Turquia, passava um filme na minha cabeça desde o meu último jogo pelo Minas até essa noite, tudo. Mais um título, mais uma vez na seleção do campeonato e olhando ali para minha frente pude ver as coisas que eu mais amava naquele momento, Hande, Roberta e minhas amigas turcas vindo em minha direção com a taça do campeonato.

- É universo, parece que você atendeu mesmo meu pedido. – Disse sozinha olhando para cima.