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*POV YOU*

- Eu vou falar o nome de quem vai ficar junto e vou entregando as chaves dos quartos. Meninas, não percam, por favor! – Fábio falava enquanto olhávamos uma para a cara da outra. – Roberta e Carolana. – Ele deu um passo à frente e entregou as chaves para as meninas.

Já estávamos em Saquarema, tive somente um dia para estar com meus pais no Rio mesmo, e no outro dia já me apresentei para a Comissão Técnica. Roberta ficou no meu apartamento no Rio, pois não daria tempo de ver sua família no Sul. Fomos juntas até o ponto de encontro para pegar a van com as outras meninas convocadas. A viagem de ida foi bem tranquila, nós conversámos e brincávamos um pouco, mas algumas de nós ainda estavam cansadas pelo final da temporada de clubes emendar na temporada de seleção.

- Rosamaria e *You* - Olhei para a ponteira e mostrei a língua. Fomos até o Fábio e pegamos nossas chaves.

- Pode xingar o Fábio por separar Rosaberta, não eu. – Já justifiquei quando vi Rosa fechando a cara para mim. Saí andando e a deixei para trás.

- Estou profundamente chateada, mas você voltou a ser uma boa companhia. – Olhei para trás e ela piscou para mim.

Abri o quarto e entramos, deixei que Rosa escolhesse sua cama primeiro. Como teríamos treino somente na parte da tarde, já que tínhamos que pegar os uniformes e acessórios e também o check up com a comissão médica. Fui tomar banho, coloquei uma roupa mais leve e chinelos e avisei a minha companheira de quarto que ela já poderia ir. Fiquei mexendo em meu celular esperando a loira terminar de se arrumar para irmos buscar nossas coisas. Quando ela saiu, avisei a Roberta que já estávamos indo, então fomos em direção ao almoxarifado. Pegamos nossos conjuntos de jogo e treino, trocamos de roupa e esperaríamos ser chamadas para a consulta médica, então, voltamos ao quarto.

- E seu pé, Rosa? – Sabia que era uma questão delicada para ela, que vinha se recuperando de uma lesão no tornozelo.

- Tá melhor que antes, mas ainda dói. – Ela falou com um pouco de tristeza na voz.

- Mas vai melhorar. Quero ver você voando e dando tapa no peito. – Fiz ela rir com meu comentário.

Ficamos conversando sobre sua passagem na Liga Italiana, ela explicava o quanto estava amando ficar lá e como era bom ter colegas de equipe que a ajudavam tanto depois da lesão. Eu sentia falta de conversar com Rosa, ela era uma amiga leal e uma pessoa muito especial, entendia o amor que Roberta sentia por ela.

- Nossa vez, bora lá! – Chamei a ponteira depois de receber a mensagem do setor médico.

Era uma consulta de rotina inicialmente, saber dos hábitos, checagem do coração, problemas durante a temporada de clubes e tratamentos em caso de alguma lesão. Foi um papo rápido com o médico e logo fui liberada. Me encontrei com Carolana e Roberta que fofocavam com Rosamaria e Macris.

- Mas já estão assim? – Cheguei na rodinha delas que me olharam e continuavam rindo. – Se o assunto for sobre mim, não quero saber.

- Volta aqui, garota! – Ouvi minha companheira de posição me chamar.

Eu sabia que já começariam as fofocas sobre a temporada de clubes, o alvo principal, vida amorosa das jogadoras. Roberta era muito discreta, mas como boa taurina, colocava uma lenha na fogueira para outras queimarem. Fui em direção a quadra e encontrei a ponteira Bergmann no caminho. Fomos conversando e ela falava quanto estava empolgada por jogar a aquela VNL.

Com todas as meninas em quadra, Zé Roberto aproveitou para dar alguns recados, explicar qual seria a proposta que tínhamos para esse campeonato e depois instruiu principalmente suas levantadoras de como queria que levassem o jogo. Começamos o alongamento com o preparador físico e depois o aquecimento com dancinhas, como gostávamos.

O primeiro treino foi tranquilo, sem muita pressão, já que estávamos sentindo um pouco o fim de temporada de clubes. Ainda mais para Roberta e eu que tivemos pouquíssimo tempo para nos apresentar, quase sem descanso. Novamente fui tomar banho, mas antes mandei mensagem para Hande, o dia era corrido, mas mesmo assim sentia saudades da turca. Quando voltei, vi que ela ainda não tinha respondido, talvez pelo fuso horário de seis horas de diferença e seus compromissos com sua seleção também.

- Olha o grupo da fofoca chegando direto na sua casa! – Rosamaria anunciou, logo atrás vinham Carolana, Macris, Daroit e Roberta. – Só faltou dona Gabriela, mas depois a gente atualiza ela.

Priscila deitou ao meu lado, com aquele sorrisão já no rosto, dei um beijo em sua cabeça e ela ficou toda boba, Roberta deitou entre minhas pernas e as outras meninas se ajeitaram na cama de Rosa. A fofoca começou a rolar solta, eu só ouvia as meninas falarem e ria com os comentários delas e das imitações que Macris fazia.

- Então, *You*, fala pra gente aqui, quem é o motivo de você ficar olhando esse telefone toda hora? – Olhei para a cara de Rosa, que me fitou de volta com cara de desafio.

- Ela é sévia e joga com a camisa quinze. – Vi o rosto da ponteira ficar vermelho e ela ameaçar jogar uma almofada em mim, mas Priscila começou a gritar, já que ela estava na minha frente, isso impediu que a outra me agredisse.

- Nossa, mas essa fofoca chegou na Turquia? – Carolana, como sempre debochada, deu uma cutucada na nossa camisa sete. – Já perguntei a essa bicha muda, mas ela não fala. Tá me dando ódio gratuito. – Deu um empurrão de leve em Roberta.

Antes que pudesse responder, meu celular tocou, todas olharam para tela, mas fui mais rápida e grudei o aparelho em meu peito. Me desvencilhei das meninas que estavam amontoadas na minha cama e saí para atender o celular. Antes de atravessar a porta, ouvi Rosa falar que eu teria que responder elas uma hora ou outra.

- Linda, que saudades. Estava dormindo? – Era Hande ao telefone. Ouvir a voz dela ao telefone me dava um misto de alívio e saudades.

- Meu amor, também estou com saudades. Acabei cochilando. – Como era de se esperar, teríamos que ajustar nossos horários para conversarmos um pouco durante o dia. Conversamos um pouco sobre como foi nosso dia de treino, o que faríamos nas horas vagas quando nos encontrássemos durante o campeonato. Não queria demorar no telefone com a turca para não atrapalhar seu sono, ainda mais pela voz de sono que apresentava. Me despedi dizendo que a amava e desejei boa sorte.

Quando voltei ao quarto, as meninas ainda estavam lá, olhando para meu rosto, esperando uma resposta.

- Cara, vocês são chatas. Vão dormir, fofoqueiras. – Voltei para minha posição na cama com as meninas e continuei ouvindo as últimas atualizações de fofocas do mundo do vôlei.

Ciclo Olímpico | Hande Baladin & YouOnde histórias criam vida. Descubra agora